Os futebolistas internacionais alemães de origem turca Mesut Ozil e Ilkay Gundogan foram hoje acusados de terem sido "manipulados" pelo presidente turco, Recep Erdogan, ao terem posado com ele para fotos usadas na sua campanha eleitoral.
"O futebol e a Federação Alemã de Futebol (DFB) defendem valores que não são totalmente tidos em conta por Erdogan", criticou o presidente do organismo, Reinhard Grindel, na sua conta no Twitter.
O dirigente foi claro no incómodo: "É por isso que não é bom para os nossos jogadores internacionais deixar-se ser manipulados para a sua campanha (...) Ao fazer isso, os nossos atletas certamente não ajudam ao trabalho de integração da DFB".
Num encontro no domingo com o governante turco, os dois futebolistas ofereceram-lhe camisolas autografadas das respetivas equipas, a do Arsenal, de Ozil, e a do Manchester City, de Gundogan, sendo que as imagens desse momento foram usadas nas redes sociais como parte da campanha eleitoral.
O presidente Erdogan convocou eleições legislativas e presidenciais antecipadas para 24 de junho, num escrutínio fundamental para poder reforçar os poderes do chefe de Estado adotadas na revisão constitucional de 2017.
As reações adversas foram transversais aos partidos políticos alemães, com intervenções mais ou menos cáusticas em relação aos dois futebolistas filhos de emigrantes turcos, mas nascidos na Alemanha.
“Porque é que Gundogan joga pela equipa nacional alemã se ele reconhece Erdogan como seu presidente?”, questionou uma deputada do partido AFD, da extrema direita, Beatrix Von Storch.
O seu colega e ex-líder dos Verdes, Cem Özdemir, também de origem turca, foi algo mais indulgente: “O presidente de um futebolista alemão chama-se Frank-Walter Steinmeier, a chanceler alemã Angela Merkel e o seu parlamento é o Bundestag, cuja sede é em Berlim e não em Ancara”.
Em vez do “apoio eleitoral mal visto”, o político espera que os jogadores “se concentrem no futebol e se lembrem de expressões estado de direito e democracia”.
Ambos os atletas devem fazer parte da seleção de Joachim Low para o Mundial2018 da Rússia.
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