Começou sob alta tensão fora dos relvados e terminou com fair-play nas quatro linhas, onde tudo se decide: assim foi o Irão-Estados Unidos da América, jogo da 3.ª e última jornada do Grupo B do Mundial2022.

O jogo esteve envolto em polémica, devido a tensão política entre os dois países. A Federação Iraniana de Futebol apresentou uma queixa na FIFA contra a federação de futebol dos Estados Unidos, acusando-os de terem suprimido o símbolo de Alá da bandeira do Irão.

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A bandeira da República Islâmica do Irão é composta pelas cores verde, branco e vermelho e no centro tem uma forma estilizada da palavra Alá, que foi retirada da bandeira numa publicação no Instagram da página da federação norte-americana.

Já na conferência de imprensa de antevisão do jogo, um jornalista do Irão insurgiu-se contra o capitão Tiller Adams, acusando-o de não pronunciar de forma correta o nome do Irão. O médio foi ainda questionado pelo mesmo jornalista sobre os problemas raciais no seu país e acabou por dar uma excelente resposta, pedindo desculpas, primeiro pela forma como pronunciou a palavra Irão, e agradecendo a correção.

No relvado, os EUA venceram por 1-0, golo de Pulisic, e vão defrontar os Países Baixos nos oitavos de final da prova. O Irão acabou por ser eliminado, ao somar duas derrotas e uma vitória na fase de grupos.

Assim que o jogo terminou, os jogadores do Irão caíram de rastos no relvado, frustrados com a eliminação, e foram confortados pelos futebolistas norte-americanos. Alguns chegaram mesmo a chorar e receberam o apoio dos adversários. O lateral Antonee Robinson (joga no Fulham, de Marco Silva) confortou Ramin Rezaian, que chorava no relvado pela eliminação.

Os dois selecionadores, Carlos Queiroz (Irão) e Gregg Berhalter (EUA) encontraram-se antes do encontro e pediram desculpas por tudo o ruído à volta do jogo e desejaram sorte um ao outro, de acordo com a assessoria de imprensa do Irão.

De recordar que Irão e EUA não têm relações diplomáticas desde 1980, poucos meses depois do incidente dos reféns na embaixada norte-americana em Teerão, em novembro de 1979: ainda assim, no Mundial de 1998, em França, registaram-se cenas de confraternização entre jogadores dos dois países.

Atualmente, o Irão é palco de um amplo movimento de protesto desencadeado em 16 de setembro com a morte de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, que morreu depois de ter sido detida pela polícia da moral.

No Qatar, a seleção orientada por Carlos Queiroz (deixou a Seleção esta quarta-feira) protagonizou algumas polémicas, nomeadamente no primeiro jogo, antes do qual os futebolistas iranianos não cantaram o hino, como uma forma de apoio às vítimas das manifestações contra o governo daquele país.

O Irão, que foi goleado pela Inglaterra por 6-2 e se impôs ao País de Gales por 2-0, terminou o grupo B na terceira posição, apenas à frente dos galeses.

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