A Iniciativa Liberal condenou hoje as “declarações inaceitáveis” do Presidente da República sobre a realização do Mundial de Futebol por colocar os direitos humanos “na gaveta”, anunciando o voto contra a deslocação de Marcelo Rebelo de Sousa ao Qatar.
Em declarações à agência Lusa, o líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, disse haver, “em primeira instância, uma questão de princípio”, recordando que recentemente o partido votou contra a viagem de Marcelo Rebelo de Sousa a Angola por entender que o Presidente da República “não pode fazer viagens de Estado em representação de Portugal a países onde os regimes não respeitam os direitos humanos”.
“Esta é a nossa posição de princípio e por isso iremos votar contra quando se colocar essa questão desta viagem do Presidente da República ao Qatar”, adiantou.
Neste caso, segundo Rodrigo Saraiva, juntam-se as “declarações inaceitáveis do senhor Presidente da República, colocando os direitos humanos para segundo plano ou na gaveta, como se fosse possível fazer uma pausa nos direitos humanos”.
Para o dirigente liberal, “o Presidente da República, que se autodenomina o Presidente dos afetos, tem vindo a ter algumas declarações em que demonstra enorme insensibilidade social e insensibilidade humana”.
“Não é possível ter declarações destas desrespeitando aquilo que são os valores e os direitos e a dignidade humana”, condenou.
Na opinião de Rodrigo Saraiva, “nem a primeira figura do Estado, nem a segunda figura do Estado, nem qualquer representante do Governo deveriam ir ao Qatar neste momento”.
Na quinta-feira, em declarações na zona de entrevistas rápidas depois de um jogo particular da seleção nacional, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que “o Qatar não respeita os direitos humanos”, mas vai assistir ao Portugal-Gana, a 24 de novembro.
“O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal..., mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Hoje, depois de várias críticas a estas declarações, o Presidente da República reiterou a sua defesa pelos direitos humanos e afirmou que voltará a falar sobre o assunto no Qatar se o parlamento autorizar a sua deslocação ao país, onde decorre o Mundial de futebol.
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