A Casa de Portugal de Campinas foi pequena para tantas emoções, mas foi com um travo agridoce, que, entre muita cerveja e algum vinho, os emigrantes portugueses debandaram após o empate 2-2 no jogo de futebol Estados Unidos-Portugal.
Depois de ter inaugurado o marcador logo aos cinco minutos, a seleção lusa permitiu que os norte-americanos virassem o resultado a seu favor, valendo o golo "fora de horas" do suplente Varela para estabelecer o 2-2 final e manter "ligada à máquina" a continuidade no Mundial2014.
"Como sempre, na nossa história, estamos sempre a depender de terceiros. Mas pode ainda haver uma surpresa. Neste Mundial tem havido muitas surpresas, pode ser que os Estados Unidos ganhem", lembrou Cláudio Elias, de 45 anos, emigrado há dois Brasil, antecipando o jogo da terceira e última jornada do Grupo G.
Depois do empate de domingo, na escaldante Arena Amazónia, em Manaus, Portugal está dependente de um resultado favorável no jogo entre os alemães e os norte-americanos, mesmo que vença o Gana no último encontro da primeira fase, na próxima quinta-feira, em Brasília.
"Na segunda parte vi uma seleção muito fraca, com pouca criatividade. Aquele meio-campo estava um bocado perdido e a nossa defesa foi um desastre completo. Podíamos ter sofrido mais dois ou três golos dos Estados Unidos", analisou Cláudio Elias, um dos mais de 100 adeptos portugueses que assistiram ao jogo na Casa de Portugal.
Campinas, município do estado de São Paulo escolhido para quartel-general da seleção portuguesa durante o torneio, fez "jogging" durante a manhã no parque da cidade - denominado Parque Portugal -, passeou à tarde no "shopping" e à noite sentou-se em frente ao televisor para assistir ao jogo de uma das "suas" seleções.
A Nigéria, também está instalada na cidade, que tem uma área urbana com pouco mais de um milhão de habitantes, mas nenhuma seleção pode competir em popularidade com a equipa que tem Cristiano Ronaldo, ainda que a estreia tenha resultado numa dececionante goleada sofrida perante a Alemanha, por 4-0.
"A seleção portuguesa já nos habituou a ser instável. Estou preocupado, porque há baixas significativas. Com a falta de Fábio Coentrão, a lateral esquerda está em perigo, pois não há nenhum substituto como mesmo nível", lamentou antes do início do jogo Vítor Fonseca, de 66 anos, 34 dos quais passados no Brasil.
Para o engenheiro mecânico pode-se "esperar sempre tudo de Cristiano Ronaldo", mas apenas se o melhor futebolista mundial de 2013 "estiver a cem por cento" e se tiver a "colaboração preciosa dos companheiros", o que não aconteceu frente à Alemanha, num jogo em que Portugal atuou de forma "muito nervosa".
As inquietações de Vítor Fonseca desvaneceram-se em apenas cinco minutos, o tempo que Nani demorou para colocar a equipa das “quinas” em vantagem, e a confiança entre os adeptos portugueses foi crescendo até ao intervalo, apesar de os Estados Unidos nunca terem deixado de se mostrar ameaçadores.
"Essa primeira parte foi excelente. O nosso desempenho, comparado com a partida anterior, foi excecional. Não tivemos as infelicidades que tivemos no jogo anterior. A equipa está de parabéns", assinalou Albano Rodrigues, de 58 anos.
Natural de Ovar, mas no Brasil há mais de 40 anos, o "adepto incondicional da seleção nacional" adivinhava um golo de Cristiano Ronaldo durante a segunda parte: "O golo ainda não apareceu, mas vai aparecer. É um grande craque, um expoente do futebol mundial".
O segundo período não só não trouxe o golo de Cristiano Ronaldo, como, para espanto generalizado, trouxe os dois dos Estados Unidos, marcados por Jermaine Jones, aos 64 minutos, e por Clint Dempsey, aos 81, que levou mesmo alguns a enrolarem as bandeiras, antes de Varela devolver uma réstia de esperança, aos 90+5.
"Eu detesto ter razão. Aquela fraqueza no lado esquerdo foi a grande responsável, pois os dois golos deles foram construídos por lá. Agora vou ver o jogo a Brasília na esperança que a Alemanha goleie os Estados Unidos, porque caso contrário estamos ‘fritos'", notou Vítor Fonseca.
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