"Têm jogadores de grande qualidade em todas as posições, com experiência europeia, rotina, maturidade e balanço competitivo, os quais, individualmente, por si só, podem ganhar os jogos", disse Carlos Queiroz, lembrando que só no ataque contam com vários jogadores que "são grandes estrelas nas equipas europeias onde jogam".
O seleccionador nacional, que se encontra na África do Sul, considera que "é muito cedo" para avaliar a Costa do Marfim, porque "só lá mais para a frente se saberá quem pode jogar ou não, quem está em forma", até porque o leque de opções "é limitado", mas destaca o facto de os jogadores marfinenses "não aquecerem o 'banco' das equipas onde actuam".
Dá um exemplo, ao referir que "a Costa do Marfim com Drogba é uma coisa, sem Drogba é outra", e discorda de algumas apreciações feitas em Portugal durante a CAN, que apontam a organização defensiva como o ponto fraco dos marfinenses, visão essa que considera "um pouco curta".
"Há sempre quem faça apreciações rápidas, lineares e superficiais e concordo que é mais fácil analisar e criticar uma equipa por onde ela parte", observou Queiroz, o qual, desafiado a ser mais específico em relação aos pontos fracos da Costa do Marfim, preferiu não fazê-lo.
Diz respeitar a opinião dos outros, mas reserva para si o que pensa sobre esse tema, recorrendo a uma imagem para justificar a superficialidade da ideia de que a Costa do Marfim é vulnerável defensivamente: "Se o avião parte de lado, a gente pode criticar a asa, mas, se calhar, temos de analisar a construção do avião e saber por que é que a asa partiu".
Além disso, Queiroz lembra que a CAN é uma competição "muito especial, que se joga num período complicado, em Janeiro, no meio das competições na Europa, com uma série de condicionantes que limitam, como a transição brusca, o ambiente climatérico, as viagens, os índices motivacionais dos jogadores", entre outros.
Para Queiroz a combinação do que a Costa do Marfim fez antes e durante a CAN é que permite uma avaliação concreta, mas destaca o seguinte aspecto: "É uma grande selecção, com jogadores com a qualidade técnica e as potencialidades físicas que se conhecem, às quais associam a experiência e maturidade adquiridas nos melhores campeonatos e equipas da Europa".
A eliminação da selecção africana frente à Argélia, nos quartos-de-final, não foi uma decepção para o seleccionador nacional: "O Egipto também era um sério candidato a estar no Mundial e foi eliminado pela Argélia", recordou.
Concretamente, sobre a eliminação dos marfinenses perante os argelinos nos quartos-de-final da CAN, Queiroz não lhe atribui significado especial, uma vez que "qualquer das equipas podia ter ganho" e considerou que a Costa do Marfim confirmou "tudo o que já se tinha observado e registado na fase de qualificação para o Mundial".
Numa análise mais geral à CAN, o seleccionador nacional escusa-se a comentar a prestação desportiva de Angola, mas tece elogios à organização da prova: "Temos de analisar todas as coisas no contexto próprio, e, para um país que saiu de uma guerra há sete anos, conseguir organizar uma CAN, a qual, comparando com edições anteriores, foi de longe a melhor a que assisti, é algo que merece parabéns".
Em relação ao motivo da sua presença na África do Sul, para onde viajou a partir de Angola, Queiroz justifica-a com questões técnicas, logísticas e humanas.
"Queremos ter a melhor preparação, as melhores pessoas a trabalhar connosco e as melhores estruturas, porque a este nível a selecção portuguesa tem de ser campeã do mundo", observa.
O facto de ter vivido dois anos na África do Sul, onde desempenhou o cargo de seleccionador daquele país, facilita esse trabalho a Carlos Queiroz: "Vou colocar ao serviço da selecção portuguesa as melhores condições e a melhor preparação possível, para que, na hora certa, os jogadores possam render aquilo que desejamos".
O seleccionador nacional não quis confirmar uma notícia que dava conta de que tinha assegurado a colaboração de vários técnicos sul-africanos com a selecção nacional antes e durante o Mundial, mas prometeu anunciar publicamente "o plano de preparação, quando este estiver definitivamente estruturado".
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