Quando Inglaterra e Itália derem o pontapé de saída dos jogos do Mundial 2014 sedeados na Arena Amazónia, o recinto de Manaus estará seguramente lotado com cerca de 42 mil espectadores. Ansiosos por um dos jogos mais promissores da primeira fase, poucos serão os adeptos a lembrar-se de que naquele mesmo estádio faleceram quatro trabalhadores das obras de construção e que fazem da Arena Amazónia o mais trágico recinto da Copa.
Raimundo Costa, Marcleudo Ferreira, José Nascimento e o português António José Pita Martins foram as quatro vítimas mortais registadas no espaço de um ano de obras em Manaus. Num palco por onde irá passar também a seleção de Portugal, no dia 22 de junho, frente à congénere dos Estados Unidos, em jogo da segunda jornada do grupo G, a polémica andou de mãos dadas com o ritmo da obra.
De facto, não só a Arena Amazónia ficou pronta apenas um ano depois do previsto, como também registou uma derrapagem de cerca de 105 milhões de reais, ou seja, aproximadamente 32 milhões de euros (ME). O estádio custou 605 milhões de reais (185 ME) em vez dos 500 milhões (153 ME) inicialmente previstos.
A trágica história na base deste recinto começou há quase um ano, a 28 de março de 2013, com o falecimento de Raimundo Costa. O pedreiro brasileiro, de 49 anos, foi encontrado morto por trabalhadores do turno da noite, tendo alegadamente caído de uma altura de quatro metros enquanto caminhava sobre uma viga.
Já no final de 2013, a 14 de dezembro, houve duas mortes a lamentar no mesmo dia. Primeiro, foi o jovem Marcleudo Ferreira, de 22 anos, que sofreu uma queda de 35 metros de altura no turno da madrugada, quando trabalhava na instalação de refletores no estádio. Algumas horas depois, foi a vez de José Nascimento ser encontrado morto na obra. O operário integrado nos serviços de limpeza e terraplanagem foi vítima de um ataque cardíaco durante o trabalho.
Por fim, a Arena Amazónia registou a sua quarta morte a 7 de fevereiro de 2014, com o português António José Pita Martins a morrer na sequência da queda de uma peça de metal na sua cabeça. O trabalhador da empresa Martifer, de 55 anos, estava envolvido na colocação de estruturas metálicas na fachada e cobertura do estádio e recebeu ainda assistência médica no local, mas não viria a resistir aos tratamentos no hospital João Lúcio, em Manaus.
Apesar destes incidentes, a obra não chegou a ser interrompida, com o Comité Organizador e a FIFA a terem mesmo pressionado as construtoras - da Arena Amazónia e de outros estádios - para uma maior rapidez nos trabalhos. Inaugurada no passado dia 9, a Arena Amazónia está pronta para o Mundial 2014, esperando agora por uma nova história. Com menos sangue e mais futebol…
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