Até onde vai o amor de pai? Ninguém sabe. Não há nada que o possa medir. E Silvano Estacio deu-lhe mais uma nova dimensão, ao andar mais de 12 horas a pé para que o filho pudesse ir ao Mundial de futebol de sub-17 que decorre no Brasil até 17 de novembro.

A prova arrancou no passado, sábado, 26 de outubro, mas só agora se soube desta história fantástica. Silvano Estacio precisava de assinar a autorização para que o seu filho, Silvano Estacio Júnior, pudesse sair do Equador. Para tal, Silvano Estacio teria de se deslocar desde Ambato até Quito, a Casa das Seleções do Equador, para que o seu filho pudesse cumprir um sonho de criança. Só que o pai do jogador não conseguiu viagem nem de avião nem de autocarro, devido a crise social no país.

Então, arranjou uma solução: uma moto emprestada para fazer os 140 km entre Ambato e Quito. Mas ao fim de 45 km a moto avariou-se. Silvano Estacio teve de fazer o restante percurso a pé, demorando 12 horas até chegar ao seu destino, de acordo com relatos que nos chegam dos media equatorianos. De autocarro, a viagem, demoraria três horas. A pé, ia demorar mais. Acabou por ser mais longa porque o pai do atleta teve de caminhar fora das estradas, cortadas pelos indígenas, devido aos problemas sociais no país.

Silvano Estacio com o seu filho, Silvano Estacio Jr.
Silvano Estacio com o seu filho, Silvano Estacio Jr.

Silvano, de 37 anos, também ele futebolista (atualmente joga nos Chacarita de Pelileo, da segunda divisão, depois de brilhar no Emelec), teve de subornar algumas pessoas que cortam as estradas para poder avançar nos primeiros quilómetros. Mas na localidade de Latacunga apanhou uma manifestação, não conseguiu seguir viagem. Contou ao site 'extra.com' que os manifestantes atiraram-lhe pedras e paus, pelo que teve de fugir e refugiar-se em Saquisilí. Ali pernoitou para seguir viagem no dia seguinte, a partir das 05 da manhã.

À chegada à Quito, começou por contar a sua aventura que o próprio foi partilhando no Instagram e no Youtube enquanto caminhava.

"Primeiro quero dar graças a Deus por estar aqui, depois de uma grande caminhada. Fi-lo pela felicidade do meu filho, o que ele mais gosta nesta vida é jogar futebol. Estou muito feliz por ter conseguido", disse, antes de explicar o que o levou a fazer uma caminhada de 12 horas para assinar a autorização para que o seu filho menor pudesse deixar o país.

"Não vi outra opção. Havia indígenas na estrada e não deixavam passar as pessoas, então saí às cinco da manhã, tive de passar por terrenos de cultivo e ir pela montanha, onde não havia perigo. O meu pai teria feito o mesmo por mim mil vezes", garantiu aos meios de comunicação sociais do Equador, já em Quito.

"Quis dar o mesmo exemplo ao meu filho, sobretudo porque era um sonho para ele. Cada passo que dava, era sempre a pensar no meu filho. Esperamos que ele saiba aproveitar este sacrifício e que isto seja contagioso para os rapazes da seleção e que dêem alegrias ao nosso país. Qualquer pai faria o mesmo pelo seu filho, saber que está às portas de um Mundial e que poderia ficar de fora", justificou.

Silvano Estacio Jr. é médio e foi incluído na lista final de 21 jogadores do técnico Xavier Rodriguez.

O filho de Silvano Estacio entrou no primeiro jogo do Equador frente a Austrália e não podia estar mais feliz. "Estes sete minutos foram os mais importantes da minha vida", comentou.

O pai acabou por voltar a Ambato, com ajuda da Federação Equatoriana de Futebol, mas sem as 12 horas a caminhar.

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