Argentina e Brasil defrontam-se esta quarta-feira em Buenos Aires, em jogo da 14ª jornada da fase sul-americana de apuramento para o Campeonato do Mundo de 2026. Contudo, este não é apenas mais um jogo para as duas equipas, mas uma oportunidade para levar a melhor sobre o grande rival continental.

Histórico

Esta será a 110ª edição do denominado 'Superclássico', título atribuído aos embates entre argentinos e brasileiros; nesta altura, no computo geral, os 'canarinhos' levam vantagem, com 43 vitórias contra 40 dos atuais campeões do mundo, sobrando ainda 26 empates.

A supremacia brasileira mantém-se, mas pela margem mínima, se olharmos a todos os jogos relativos a fases de qualificação para Campeonatos do Mundo. Aí, o 'escrete' soma 4 vitórias, contra 3 da Argentina, em dez embates.

Mas se tivermos em conta os desafios disputados em casa da 'Alviceleste', aí o cenário muda completamente. Com efeito, os argentinos somam 15 triunfos contra 10 do Brasil em 37 jogos disputados em solo argentino.

A última vitória do Brasil em casa do rival ocorreu em 2018, numa partida de carácter particular (amigável não é de certeza); aí, um golo solitário de Miranda, já nos descontos, deu à seleção comandada por Tite a vitória sobre a Argentina de Scaloni.

Se quisermos encontrar uma vitória brasileira na Argentina em jogos oficiais, temos de recuar até à fase de qualificação para o Mundial de 2010. A 6 de setembro de 2009, em Rosário, o Brasil de Dunga bateu a Argentina de Maradona por 1-3, graças aos golos de Luisão e Luís Fabiano, por duas vezes.

Momento atual

Argentina e Brasil entram para este jogo em momentos de forma semelhantes, mas com perspetivas diferentes. Nos últimos dez jogos de qualificação, a equipa das 'pampas' leva seis vitórias, um empate e três derrotas. Os comandados de Scaloni ocupam atualmente o primeiro lugar da fase de apuramento, precisando apenas de um ponto para alcançar a qualificação.

Já o Brasil soma quatro triunfos, quatro derrotas e dois empates. O 'escrete' está atualmente no terceiro lugar da fase de qualificação com 21 pontos, menos sete que os argentinos.

Para além da vertente motivacional, uma vitória na Argentina praticamente assegura o apuramento para o Mundial 2026, isto apesar de faltarem mais quatro jogos. Contudo, um novo desaire com o grande rival, pode permitir a equipas como o Uruguai, Paraguai ou Colômbia, ultrapassarem os canarinhos.

Origens da rivalidade

A rivalidade entre argentinos e brasileiros é mundialmente conhecida, e chega a ultrapassar o espetro do desporto. Contudo, esta terá iniciado ainda antes do surgimento de Argentina e Brasil como nações independentes.

De acordo com Francisco Doratioto, professor do Departamento de História da Universidade de Brasília, a rivalidade deriva das políticas económicas e mercantilistas impostas por Portugal e Espanha nas respetivas colónias.

"No período colonial, o expansionismo territorial português colocou em confronto diplomático e militar com a Espanha, especialmente no Rio da Prata", explica.

Todavia, essa tensa relação mantém-se mesmo depois das duas colónias se terem tornado independentes.

"Com certeza essa rivalidade se repercute no Brasil durante o período do Primeiro Reinado, no qual Dom Pedro I manteve a lógica imperialista portuguesa sobre os territórios do Rio da Prata. O governo brasileiro constrói políticas ao longo dos séculos 19 e 20 para contenção da influência argentina no Cone Sul", acrescenta Francisco Doratioto.

No que ao futebol diz respeito, os dois países têm opiniões diferentes acerca da data do primeiro jogo entre Argentina e Brasil. A Associação de Futebol Argentino considera que o embate inaugural deu-se em 1908, com vitória argentina no Rio de Janeiro por 2-3.

Contudo, este jogo não é reconhecido, nem pela Confederação Brasileira de Futebol, nem pela própria FIFA, que apontam ao dia 21 de julho de 1914 como a data do primeiro jogo oficial da seleção brasileira.