Continua o cerco a Luis Rubiales. O dirigente está a ser fortemente pressionado para se demitir do cargo de presidente da Federação Espanhola de Futebol, na sequência dos acontecimentos na final do Mundial feminino, em que agarrou e beijou na boca a capitã da Espanha, Jenni Hermoso, na cerimónia de entrega das medalhas, após a Espanha ter batido a Inglaterra na final.
O caso ganhou contornos mundiais, passou a ser discutido em todo o lado e em Espanha virou mesmo assunto de Estado. Nada que abala a confiança de Rubiales em continuar na federação.
Perante o escândalo, a FIFA entrou em cena e suspendeu o presidente da Federação Espanhola de Futebol por 90 dias. Uma suspensão que poderá ser alargada a... pena máxima. Citando fontes do processo disciplinar junto do organismo que rege o futebol mundial, o diário britânico 'Daily Mail' escreve que a FIFA está a estudar aplicar o castigo máximo a Luis Rubiales, suspendendo-o por 15 anos, o máximo permitido pelos seus estatutos.
O agora suspenso presidente da RFEF continua entre a espada e a parede e poderá ter de enfrentar sanções também na justiça civil. É que o Ministério Público de Espanha abriu, na segunda-feira, uma investigação a Luis Rubiales, e convidou a jogadora Jenni Hermoso, que diz ter sido beijada pelo dirigente sem consentimento, a apresentar queixa.
Segundo a Fiscalía, estão abertas “diligências de investigação” e fica aberta a possibilidade de denúncia, por parte de Hermoso, por agressão sexual, dado que o beijo na boca, quando entregavam as medalhas pela conquista do campeonato do Mundo feminino na Austrália, “não foi consentido”.
Em concreto, a jogadora foi “informada dos seus direitos como vítima de um alegado delito” e terá agora 15 dias para contactar o MP, estando já aberto uma diligência “pré-processual”, explicaram fontes próximas do processo à agência noticiosa EFE, e ainda não o processo judicial.
“O ato sexual sofrido pela jogadora e levado a cabo por Rubiales não foi consentido”, pode ler-se no despacho, assinado por Marta Durántez, que assinala ainda a “importante repercussão pública a nível interno e internacional”.
A suspensão por 90 dias aplicada a Rubiales por parte da FIFA foi um dos dominós de consequências em torno do acontecimento de 20 de agosto, quando, no final do jogo que sagrou a seleção feminina espanhola campeã do mundo de futebol, em Sydney, na altura da entrega dos prémios, Luis Rubiales beijou na boca Jenni Hermoso, enquanto festejavam.
Seguiram-se inúmeras críticas ao sucedido, tendo a jogadora afirmado que não tinha consentido o beijo, depois de numa primeira versão ter dito que tudo tinha acontecido num momento de maior euforia.
Depois de vários dias com muitas críticas por diversos setores da sociedade, a RFEF realizou, na sexta-feira, uma Assembleia Geral Extraordinária, na qual era esperado o pedido de demissão de Rubiales, que não o fez.
Seguiu-se um novo pico de contestação e extremar das posições, com as jogadoras da seleção a anunciarem não estarem disponíveis para voltar a representar Espanha, enquanto os atuais dirigentes da RFEF se mantiverem nos cargos.
No sábado, a FIFA anunciou a suspensão de Rubiales do cargo por 90 dias, 11 membros da equipa técnica do selecionador, Jorge Vila, apresentaram a demissão, o técnico condenou o "comportamento impróprio" do presidente da RFEF, e o Governo espanhol anunciou uma denúncia ao Tribunal Administrativo do Desporto (TAD).
“Se o TAD iniciar o processo, eu, enquanto presidente do Conselho Superior do Desporto (CSD), tenho o direito de convocar o comité executivo do CSD para pedir a suspensão de Rubiales”, explicou o também secretário de Estado para o Desporto, Victor Francos, durante uma conferência de imprensa em Tarragona.
Victor Francos apelou a que o TAD se reúna “de forma extraordinária” o mais cedo possível. Caso o tribunal considere que as infrações são “muito graves”, então o CSD convocará o seu comité executivo para dar início à suspensão de Rubiales.
Ainda na segunda-feira, a comissão de presidentes das federações de futebol das comunidades autónomas de Espanha exigiu que Luis Rubiales se demita da presidência da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) de “forma imediata”.
A Comissão de Presidentes de Federações Autónomas e Territoriais da RFEF pediu ainda ao presidente interino, Pedro Rocha, que se demarque da mais recente comunicação da federação à UEFA e à FIFA, que suspendeu Rubiales do cargo por 90 dias, circunstância que ditou a nomeação de um presidente interino.
O grupo de dirigentes federativos reiterou ainda o “apoio unânime” a Pedro Rocha para iniciar uma nova era na RFEF, onde “o diálogo e a reconciliação com todas as instituições do futebol sejam a linha a seguir”, tendo em vista a candidatura ao campeonato do mundo de 2030, que a Federação Portuguesa de Futebol também integra.
Os presidentes das federações regionais exigem ainda “uma profunda restruturação orgânica nos cargos estratégicos da RFEF” e comprometem-se com “as políticas de igualdade para o desenvolvimento do futebol feminino”.
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