Os organizadores gostariam de ter usado o Mundial de Clubes como demonstração da prontidão para o Mundial do próximo ano no Catar, realçando a reluzente infraestrutura e a receção aos fãs estrangeiros.
Em vez disso, os adeptos estrangeiros foram banidos e todos os olhos estiveram em cima das medidas contra a COVID-19, depois de grandes surtos na Liga dos Campeões Asiática e nas recentes partidas de qualificação para o Open da Austrália, realizados no golfo pérsico.
Apesar das medidas terem sido elogiadas pela FIFA, Thomas Muller, estrela do Bayern de Munique, testou positivo para o vírus e pelo menos dois membros da delegação do Al-Ahly ficaram de fora devido à COVID-19.
O Bayern seguiu em frente e bateu o Tigres, do México, por 1-0 na final sem Muller. Os dois jogadores do Al-Ahly que violaram a sua bolha quando se dirigiram às bancadas para cumprimentar a lenda egípcia Mohamed Aboutrika foram banidos do jogo do terceiro lugar e multados.
Os novos casos de COVID-19 no país cresceram 18 por cento nos oito dias do torneio quando comparado com o mesmo período na semana anterior, com as autoridades de saúde a avisarem para a possibilidade de uma segunda onda.
Um novo confinamento está no horizonte, revelaram fontes médicas à Agence France-Presse (AFP).
Contudo, as autoridades confiantes afirmaram, antes do torneio, que os rigorosos requisitos de testagem usados numa recente final de uma taça doméstica, semelhantes aos que ocorreram no Mundial de Clubes, mostraram que o risco do vírus se espalhar num destes eventos podia ser contido.
Medidas em ação para o Mundial?
No dia anterior à competição começar, o Catar anunciou um reforço das restrições incluindo uma redução da capacidade dos estádios para 20 por cento.
Contudo, uma vez que o Mundial tinha garantido jogos com os estádios a 30 por cento da capacidade antes das novas regras, foi permitido que mantivesse maiores plateias, disse fonte oficial à AFP.
"Segurança a 100 por cento nunca existe, mas podemos fazer o possível para ficar muito próximo disso", disse Gianni Infantino, presidente da FIFA, em Doha, durante o torneio.
Pela primeira vez, também abordou a possibilidade de as medidas contra a COVID-19 estarem em vigor no Mundial de 2022, mas insistiu que os estádios estarão cheios.
O Mundial de Clubes jogou-se com uma onda de frio a atingir Doha, com as temperaturas a descerem abaixo dos 20 graus, enquanto se disputavam as partidas.
No próximo ano, o Mundial será realizado em novembro e dezembro, quando as condições estarão, provavelmente, igualmente amenas.
Os dois novos estádios usados para o Mundial de Clubes - Estádio da Cidade da Educação e o Estádio Ahmad bin Ali - mereceram aplausos de jogadores e dirigentes.
Até ao momento, o Catar inaugurou três novos estádios e uma requalificação, com quatro ainda por abrir, provavelmente no final do ano. Todos têm ar condicionado de última geração.
Também foi revelado um pouco antes do torneio que bebidas alcoólicas estariam disponíveis nos recintos, ainda que apenas nas zonas VIP, enquanto se aguarda uma decisão sobre o acesso dos portadores de bilhetes às bebidas.
Contudo, não houve repetição das 'fan zones' embriagadas, que se provaram populares no Mundial de Clubes de 2019, uma vez que todos os eventos para lá dos jogos foram cancelados para impedir a propagação da COVID-19.
Progresso 'limitado' nos direitos humanos
Enquanto o grande contingente dos fãs do Al-Ahly que chamam ao Catar de casa, fez com que os estádios parecessem mais de 30 por cento cheios, houve pouco mais em Doha que sugerisse que um grande torneio estava a acontecer.
O número limitado de adeptos que compareceram aos jogos também significou que aspetos importantes da infraestrutura do Mundial de 2022 não passaram por grandes testes.
O envolvimento do Bayern, tanto no torneio, como em campos de treinos anteriores no Catar, atraiu o escrutínio de grupos de adeptos e de ativistas dos direitos humanos. O Bayern tem um acordo com a Qatar Airways para o patrocínio das camisolas.
Em fevereiro de 2020, ativistas da Fair Square escreveram ao diretor do Bayern, Karl-Heinz Rummenigge, pedindo que o clube tomasse uma posição sobre as questões dos direitos dos trabalhadores.
O clube tinha declarado previamente num relatório anual que "desde que o Bayern Munique se tornou um parceiro da Qatar" existiram "desenvolvimentos positivos nos direitos humanos e dos trabalhadores".
A Fair Square considerou que, apesar de alguns processos, incluindo promessas de reformas apoiadas pela Organização Internacional do Trabalho, "o progresso é limitado e não foi ainda eficaz na implementação".
As autoridades do Catar enfatizam que a Amnistia Internacional credita ao país reformas laborais significativas.
Elas incluem um novo salário mínimo com início este mês e a eliminação de requisitos de aprovação da gerência para o staff que mude de empresa.
Alguns trabalhadores migrantes ainda reclamam de salários não pagos e de taxas de recrutamento ilegais.
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