Carlos Cordeiro já não é presidente da Federação de Futebol dos Estados Unidos da América. O luso-americano apresentou a demissão do cargo, depois de ter feito declarações infelizes no tribunal, na 'guerra' que opõe as jogadoras da seleção feminina que exigem salários iguais aos da equipa masculina.
Num documento apresentado em tribunal, a federação norte-americana defendeu a diferença salarial entre homens e mulheres com o facto de as jogadoras serem "menos dotadas tecnicamente" e "terem menos responsabilidades" que os jogadores. Uma posição considerada "cruel" e "inaceitável" por Megan Rapinoe, capitã da Seleção feminina de futebol dos EUA.
Carlos Cordeiro pediu desculpas pela posição assumida mas de nada lhe serviu. O luso-americano diz assumir "toda a responsabilidade" pelos relatórios apresentados em tribunal, apesar, de segundo ele, não ter tido a oportunidade de os rever antes de os advogados da US Soccer apresentá-los tribunal.
"A linguagem e os argumentos apresentados nos documentos enviados ao tribunal causaram grande indignação, especialmente à nossa equipa feminina que merece melhor. Ter-me-ia oposto a tal linguagem que não reflete a minha admiração pela nossa seleção feminina nem os valores desta organização", argumentou.
Carlos Cordeiro diz ter sido "um orgulho e um privilégio servir a US Soccer", ele que assumiu o cargo em fevereiro de 2018.
O sindicato que representa a seleção masculina de futebol dos Estados Unidos disse que a equipa feminina, campeã mundial em título, devia ganhar “pelo menos o triplo” do que os homens.
As declarações, em comunicado, dizem respeito às negociações coletivas, em cada equipa, sobre o contrato de pagamento por representarem o país no futebol, com o acordo masculino a expirar em 2018 e o feminino, em vigor desde 2017, válido até 2021.
“O acordo 2017-2021 das mulheres é pior do que o 2011-2018 dos homens. A federação continua a discriminar contra a equipa feminina em pagamentos e condições de trabalho. (...) Acreditamos que as mulheres deviam receber significativamente mais do que o acordo que expirou para os homens. Pelo menos o triplo”, pode ler-se na nota.
O comunicado surge a meses do início do julgamento do processo movido pela equipa feminina contra a federação, que arranca em 05 de maio em Los Angeles, por discriminação com base no género.
A porta-voz Molly Levinson divulgou um comunicado atribuído a Megan Rapinoe, a principal ‘estrela’ das campeãs mundiais, em que esta diz que a “grande esperança é que 2020 seja o ano de pagamento igualitário”, agradecendo o apoio da formação masculina e a “solidariedade de milhões de adeptos e patrocinadores em todo o mundo contra a discriminação da federação”.
O sindicato acusou ainda a federação de vender “uma falsa narrativa” sobre a própria renegociação de contrato, depois de um período, expirado em 2018, em que os masculinos falharam o apuramento para o Mundial2018, um ano antes do quarto título mundial para as femininas, conquistado em França.
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