O antigo jogador do Sporting Miguel Garcia recordou a final da Taça UEFA de 2005 de futebol como “o jogo que mais prazer deu jogar”, razão pela qual a derrota com o CSKA de Moscovo “custou tanto”.
“Nunca entrei para um jogo tão feliz e motivado”, lembrou Miguel Garcia, em declarações à agência Lusa, cujo golo ao AZ Alkmaar, nos últimos segundos do prolongamento, na segunda mão da meia-final, colocou os leões na final da Taça UEFA que se disputou em Lisboa, há precisamente dez anos, a 18 de maio de 2005.
Solicitado a explicar o que correu mal, Miguel Garcia deu o seu ponto de vista: “O Sporting jogava muito bem nessa altura, com um futebol atacante, e mesmo a ganhar por 1-0 quisemos continuar a ir para a frente para marcar o segundo”.
“Acontece que sofremos o empate já na segunda parte, quisemos responder atacando cada vez mais e acabámos por sofrer o segundo e terceiro golos em contra-ataque. A partir daí, as coisas complicaram-se, eles tinham uma equipa forte, quer defensiva quer ofensivamente”, explicou.
Miguel Garcia admitiu uma “quebra anímica” na segunda parte, sobretudo depois de uma primeira em que o jogo “correu tão bem ao Sporting que os jogadores estavam confiantes de que iam ganhar e que só faltava saber onde iriam festejar”.
“Sofremos o 1-1 num lance de bola parada que mudou completamente o jogo. Pensámos que não podíamos empatar e ir para prolongamento, fomos à procura do segundo e acabámos por ser nós a sofrer num lance de contra-ataque”, lembrou Miguel Garcia, para quem a equipa “entrou um bocado em desespero” toda balanceada para a frente e acabou por sofrer o terceiro.
O atual jogador dos indianos do Sporting de Goa tem bem presente a derrota dos leões com o Benfica para o campeonato três dias antes da final da Taça UEFA.
“Bastava-nos o empate na Luz e ganhar o último jogo ao Nacional em casa para sermos campeões, mas sofremos o golo já perto do fim. Mas na final da Taça UEFA nenhum jogador do Sporting pensou nesse jogo, estávamos concentrados em ganhar ao CSKA, tínhamos o apoio dos adeptos”, recordou.
O impacto destas duas derrotas acabou por ser repercutir na derradeira jornada do campeonato, quando o Sporting perdeu em casa com o Nacional por 4-2 e hipotecou o segundo lugar para o FC Porto.
“Depois de perder duas competições tão importantes no espaço de três, quatro dias, estávamos sem cabeça para o último jogo com o Nacional. Foi uma derrota natural”, admitiu.
A despeito do Sporting nada ganhar em 2004/05, Miguel Garcia faz um balanço positivo ao considerar que lutar pelo título até à última jornada e alcançar a final da Taça UEFA “tem de ser considerada uma boa época para qualquer equipa portuguesa”.
“Mesmo depois da derrota na final da Taça UEFA os adeptos ficaram a aplaudir a equipa. Enchiam Alvalade e saiam de lá felizes porque o Sporting jogava um futebol espetacular”, referiu Miguel Garcia, elogiando o trabalho de José Peseiro que “pôs a equipa a jogar um futebol ofensivo e de qualidade”.
Quanto ao golo frente ao AZ Alkmaar, na Holanda, na segunda mão das meias-finais da Taça UEFA, que colocou o Sporting na final, Miguel Garcia – um defesa “que não está habituado a marcar golos” - considera-o “o momento mais alto da carreira”, sobretudo por ter ocorrido “nos últimos segundos do prolongamento quando já ninguém acreditava”.
“Foram emoções a que não estava habituado, momentos arrepiantes que gostaria de repetir (risos)”, recordou Miguel Garcia, “maravilhado” com a experiência que está a viver na Índia ao serviço do Sporting de Goa, a “melhor da sua vida não só pelo futebol, mas também pela cultura e pelas pessoas”.
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