"Quando se diz que o Sporting tem obrigação de eliminar o Everton, não se tem noção sobre as ‘armas’ e a relação entre o orçamento e a performance desportiva de cada um", alegou o dirigente, lembrando que o Everton "nem sequer é um dos clubes de topo de Inglaterra".
O responsável pela Academia de Alcochete participou terça-feira na Assembleia Geral da Associação de Clubes Europeus (ECA), juntamente com o presidente do Sporting, José Eduardo Bettencourt, na qual foram debatidos vários temas importantes para o futuro próximo dos clubes europeus que participam nas competições da UEFA.
Uma delas tem a ver com uma proposta da UEFA no sentido de condicionar o acesso dos clubes às provas europeias em função de terem ou não uma situação financeira equilibrada, o que levou a ECA a encomendar um estudo que apresentou na assembleia, sugerindo um pacote de medidas que conduzam a esse objectivo.
"A versão da UEFA é mais dura, enquanto a ECA preconiza um conjunto de metas a alcançar inseridas num calendário, que inclui alguns factores de amortização da ‘pancada’, para se atingir o objectivo pretendido, sem passar do oitenta para o oito", esclareceu Pedro Mil-Homens, acrescentando que a ECA "aceitou o princípio" subjacente à proposta da UEFA, mas salvaguardando "a necessidade de uma negociação entre as duas entidades".
Segundo Mil-Homens, a ECA vai propor "um conjunto de medidas, em função de diferentes critérios, uns mais largos, outros mais apertados", no sentido de os clubes poderem "inverter a sua situação económica no prazo de três épocas desportivas", sugerindo ainda a criação de um "comité de monitorização" que vá analisando a "saúde financeira das contas dos clubes que quiserem licenciar-se nas provas europeias".
O ano de referência para o início desta monitorização "será 2012", cabendo a este comité a "análise do ano corrente e do anterior", de forma a avaliar se a "evolução está no sentido pretendido ou não".
Mesmo nas maiores ligas da Europa (Espanha, Inglaterra, Itália, França e Alemanha), o chamado ‘big five’, constatam-se "situações de enorme desequilíbrio entre as receitas e as despesas", designadamente nos clubes que foram comprados por "terceiros, investidores, que transferiram para esses clubes também os custos da própria aquisição".
É com base no estudo - no qual se avaliou a real situação financeira de dezenas de clubes europeus, entre os quais dois portugueses, e projectou qual seria o impacto imediato da proposta da UEFA nas suas contas - que aquela "propõe regras e um limite para a injecção de capital por mecenas que não têm preocupações com o equilíbrio das contas".
"Foi com base nesse diagnóstico e na projecção do que iria acontecer se fossem aplicadas de imediato essas regras, que se propuseram medidas de transição para que os clubes se possam adaptar", observou Pedro Mil-Homens, lembrando que uma delas tem a ver "com a limitação da compra de clubes por mecenas".
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