O Sporting perdeu por 2-0 com o Atlético Madrid, em jogo da primeira-mão dos quartos-de-final da Liga Europa. A formação de Jorge Jesus foi penalizada pelos muitos erros defensivos que cometeu, principalmente por Coates, mas também pelo desacerto na finalização. Bas Dost e Coentrão viram amarelo e falham o segundo jogo.
Se o futebol fosse bola para a frente e fé em Deus, todos seriam jogadores de futebol. No futebol moderno, onde nenhum detalhe é descurado, são os pequenos pormenores que distinguem as boas equipas das grandes equipas. E isso é mais visível nas grandes competições da UEFA, principalmente a partir dos oitavos-de-final, onde já só restam os gigantes.
E foi nos detalhes, ou, se quisermos chamar-lhes, erros individuais, que residiu toda a história do jogo: um Sporting nada personalizado, estranhamente muito nervoso em situações em que nem eram os jogadores 'colchoneros' a provocar o erro. A juntar-se isso, a falta de pontaria na finalização, onde as oportunidades criadas não foram concretizadas.
No bonito e moderno Wanda Metropolitano, a equipa de Jorge Jesus contava com o apoio de quase quatro mil adeptos para contrariar a história e a estatística: tentar a primeira vitória em solo espanhol para as provas da UEFA e ser uma das poucas equipas a vencer o Atlético Madrid desde que este mudou-se para a nova casa. No Wanda Metropolitano, só Chelsea, para a Champions, e Sevilha, para a Taça do Rei, tinham ganho à equipa de Simeone (16 vitórias, oito delas consecutivas, quatro empates).
Jesus não reservou qualquer surpresa de maior, como já tinha deixado no ar na conferência de imprensa. William, recuperado (ou talvez não), voltou ao onze, por troca com Acuña que ficou no banco. No lado 'colchonero', Simeone já podia contar com o capitão Juan Fran, e ainda Griezmann e Diego Costa, que não jogaram no fim-de-semana e mais uma vitória de 1-0, agora frente ao Deportivo da Corunha.
O primeiro tempo foi uma sucessão de erros centrais na defesa e desperdício no ataque. E nesse aspeto, Coates destacou-se dos demais. Logo aos 24 segundos errou um passe que Diego Costa aproveitou para isolar Koke para o 1-0, naquele que foi o golo 500 do Atlético nas provas da UEFA. Aos três foi Godín a ganhar nas alturas, mas Patrício negou-lhe o golo. A estratégia de defesa subida por parte do Sporting era muito bem explorada pelos homens de Simeone: pressão rápida sobre o portador da bola, recuperação e lançamentos rápidos para Diego Costa ganhar nas costas da defesa leonina. A estratégia funcionava até porque o Sporting ia dando uma 'mãozinha'.
Aos poucos os 'leões' foram-se soltando no jogo, ganhando confiança e subindo no terreno, tanto pelas alas como pelos corredores e criando desequilíbrios. William, Gelson, Piccini e Bryan Ruiz eram dos melhores. Bas Dost teve duas oportunidades, após centros de Gelson e Piccini. Mas a melhor oportunidade de golo foi desperdiçada por Gelson Martins que, isolado perante Oblak, permitiu a defesa do guarda-redes esloveno, aos 24 minutos.
E quando todos já esperavam o intervalo, Griezmann aproveitou uma falha de Mathieu para se isolar e bater Patrício, fazendo o 2-0. Pouco tempo depois, Jesus perdia William, que se ressentiu de lesão e foi substituído por Acuña.
Esperava-se um 'leão' com outra raça, outra garra no segundo tempo, mas, estranhamente, Coates continuava cometer erros atrás de erros, sem qualquer explicação: aos 49 minutos falhou a interceção de uma bola fácil, isolando Diego Costa, mas Patrício percebeu as intenções do avançado e negou-lhe o golo; aos 51, novo erro perante Diego Cosga, e novamente Patrício a salvar o Sporting.
O golo que podia relançar o Sporting na discussão do resultado esteve na cabeça de Coentrão aos 52 minutos, mas o lateral, que por esta altura jogava a extremo para não se expor muito (já tinha amarelo), desviou por cima, quando tinha tudo para marcar.
Com o 2-0, o Atlético passou a fazer o jogo que mais gosta: recuou mais ainda no terreno, saindo em contra-ataque quase sempre com três jogadores no máximo, sem arriscar muito. Das (muitas) vezes que a defensiva leonina falhava, lá estava Patrício a resolver os problemas. Na derradeira (e melhor oportunidade), Montero atirou por cima na recarga a uma defesa incompleta de Oblak.
o 2-0 é um resultado que o Sporting pode inverter no segundo jogo, mas terá de ser pragmático no ataque e não cometer tantos erros na defesa. Coentrão (muito assobiado pelos adeptos da casa, por ter jogado no rival Real Madrid) e Bas Dost viram amarelo e não jogam na segunda-mão.
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