Três remates à baliza em 93 minutos, dois golos, um ponto. A eficácia evitou que o Benfica saísse da Escócia com nova derrota, num terreno onde apenas venceu por uma vez, em seis jogos. Os 'encarnados' tiveram bons 20 minutos na parte final do jogo, suficiente para não perderem frente ao Rangers mas, em caso de igualdade no grupo D da Liga Europa, perdem com os escoceses no confronto direto (3-3 na Luz e 2-2 no Ibrox Stadium).

As muitas ausências (Weigl, Taarabt e Darwin Nuñez, todos a recuperar após testarem positivo para a COVID-19, Otamendi, a cumprir castigo, André Almeida, Todibo, Pedrinho e Nuno Tavares, lesionados)  justificam muita coisa mas não tudo.  Nos primeiros 70 minutos o Benfica foi uma sombra de si mesmo.

Depois de um arranque de época promissor, o Benfica caiu nos derradeiros encontros: apenas venceu um dos seus últimos cinco jogos (1-0 frente ao Paredes, do Campeonato de Portugal, para a Taça): 2-2 e 3-3 com Rangers, 0-3 com Boavista e 2-3 com SC Braga.

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Ao intervalo, esperava-se que Jorge Jesus fosse mexer na equipa, dadas as fragilidades demonstradas, mas o técnico deu um voto de confiança ao onze escolhido, depois de 45 minutos pobres a nível ofensivo. O Benfica tinha mais bola, tinha feito três remates mas nenhum à baliza.

Por outro lado via o adversário explorar as debilidades da equipa esta época, onde a defesa se tem dado mal. Os adversários já perceberam que o Benfica é permeável nas laterais da sua defesa e que os centrais são lentos, quando colocados perante oponentes mais rápidos. E foi pelas laterais, nas costas de Grimaldo, que surgiu o golo de Arfield, o único do primeiro tempo.

Os amarelos mostrados a Gabriel e Chiquinho retiraram-lhes agressividade na disputa dos lances, o que ajudou o Rangers a sair para o ataque com alguma facilidade. A equipa conseguia ligar o jogo de forma fácil, embora não tivesse a calma necessária no último terço. Foram uns bons 70 minutos do Rangers que somava quatro remates à baliza até então, contra zero do adversário.

As mexidas de Jesus surtiram efeito, no sentido em que empurraram a equipa mais para a frente. Gonçalo Ramos foi juntar-se à Seferovic, Pizzi entrou para o meio-campo e Diogo Gonçalves para extremo, primeiro, e depois para lateral, quando Gilberto saiu. Os bons 20 minutos resultaram em dois golos nos três remates à baliza, já depois de o Rangers ter falhado o 3-1, num tiro de Morelos que Helton Leite desviou para a barra.

Valeu a eficácia para o Benfica manter a inventividade na Liga Europa e evitar o quinto desaire em solo escocês (dois empates, uma vitória e quatro derrotas). Já o Rangers continua sem perder em casa com equipas portugueses (10 jogos, sete vitórias e três empates) e mantém também a invencibilidade esta época. A equipa de Steven Gerrard leva 18 vitórias e quatro empates nos 22 jogos já realizados. As duas equipas somam oito pontos cada e estão a uma vitória de garantir a passagem à próxima fase.

Liga Europa: Rangers-Benfica  2020/21
A festa dos jogadores do Benfica após o 2-2 créditos: @EPA/Andrew Milligan / POOL

Os dois golos encaixados revelam uma tendência preocupante do Benfica nas provas da UEFA: este foi o oitavo jogo consecutivo a sofrer dois golos ou mais nas competições europeias (0-2 com Frankfurt, 1-3 com Zenit, 1-3 com Lyon, 2-2 com Leipzig, 1-2 com Shakhtar Donetsk, 1-2 com PAOK Salónica, 4-2 com Lech Poznan e agora este 2-2 com Rangers). Um dado que Jesus terá de ter em conta.

Momento-chave: Barra evita o 3-1 e mantém Benfica no jogo

Aos 80 minutos, Morelos entrou pela esquerda, deixou Grimaldo para trás com grande facilidade e disparou de pé esquerdo. Helton Leite só teve tempo de desviar a bola para a barra, para depois esta ser afastada pela defesa encarnada. Um possível 3-1, a dez minutos do final, 'mataria' o jogo.

Polémica: Rangers pede penalti

Aos 63 minutos o Rangers ficou a pedir grande penalidade. Roofe centrou na esquerda, a bola desviou na mão de Vertonghen, mas o árbitro mandou seguir. Sem VAR (não há vídeo-árbitro nesta fase da Liga Europa), não havia formas de uma possível revisão da jogada.

Os Melhores: Roofe encheu o campo, Pizzi trouxe outra alma

Roofe foi dos melhores em campo. Além do golaço que marcou ao fazer o 2-0, somou um par de ações ofensivas de qualidade, quer no transporte quer na posse, mas também esteve bem a defender, com várias recuperações de bola.

Pizzi entrou e deu outra dinâmica ofensiva ao Benfica. É dele o golo do empate, além de ter somado quatro passes ofensivos no pouco tempo que esteve em campo. Mexeu com a equipa, tal como Gonçalo Ramos, importante no 1-2.

Os Piores: Chiquinho deslocado, Everton e Waldschmidt perdidos

Jorge Jesus optou por Chiquinho para fazer dupla de médios com Gabriel mas o português não teve uma noite boa. O amarelo condicionou a sua atuação e foi várias vezes batido pelos médios do Rangers.

Everton e Waldschmidt estiveram perdidos no tempo em que estiveram em campo, sem qualquer ação ofensiva de realce. O alemão falhava no drible e em dar apoios aos médios, o extremo brasileiro não acrescentou nada ao jogo do Benfica.

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