Rodrigo Battaglia, médio de raiz, começou a partida contra o Viktoria Plzen no flanco direito da defesa 'leonina'. Com Piccini e Ristovski no banco, o argentino era adaptado a lateral pela segunda vez consecutiva, apenas três dias depois do triunfo do Sporting em Chaves. A experiência não correu da melhor forma, com o jogador a evidenciar algumas debilidades nessa posição, sobretudo na primeira parte.
Jorge Jesus acabaria por desviá-lo para o meio após a entrada do italiano ao minuto 67 (praticamente logo a seguir ao 2-0 dos checos), o que coincidiu com uma fase mais intensa do Sporting no jogo. Da cabeça de Battaglia veio também o golo que qualificou a equipa de Alvalade para os quartos de final da Liga Europa, já no último lance da primeira parte do prolongamento, depois de um sem número de oportunidades desperdiçadas, onde se inclui um penálti falhado por Bas Dost. Posto isto, a pergunta impõe-se: era necessário tanto sofrimento?
Do balde de água fria à redenção em 115 minutos
A vitória por 2-0 em Alvalade deixava a equipa de Jorge Jesus relativamente confortável para o encontro na Doosan Arena. O regresso de um Bas Dost com fome de golos trazia ainda mais confiança, mas o técnico dos 'leões' preferiu rebater qualquer favoritismo: "Vamos jogar como se estivesse 0-0 e não para defender a vantagem da primeira mão.”
Certo é que o Sporting entrou apático, com dificuldades em estabilizar o seu jogo, e logo ao minuto seis o Plzen chegou à vantagem num lance em tudo semelhante ao que Jorge Jesus havia previsto na véspera: jogo direto e áereo. Do canto curto à esquerda, saiu um cruzamento de Jan Kovarik para o segundo poste, onde estava o capitão Marek Bakos, a ganhar a Fábio Coentrão e a cabecear para o fundo da baliza. Fácil.
O adversário estava agora a um golo de empatar a eliminatória, mas nem assim o conjunto 'leonino' espevitou. Face às dificuldades inerentes ao mau estado do relvado, os 'leões' até iam tendo mais tempo de bola, mas falhavam redondamente na tentativa de encontrar linhas de passe para Bas Dost. Exceção feita a Gelson Martins e Bruno Fernandes. Foi precisamente o médio português que ao minuto 40 cruzou para Bas Dost, por sua vez a amortecer para Bryan Ruiz, com o costarriquenho, na marca de penálti, a rematar forte mas ao lado do poste esquerdo. Foi, de resto, a melhor oportunidade do Sporting em 45 minutos.
A segunda metade começou com um 'raspanete' de Bruno Fernandes a Battaglia após um mau passe do argentino - alguma leviandade na marcação a Kopic. E prosseguiu com mais um falhanço incrível de Marcos Acuña, primeiro a acertar no poste após defesa de Hruska, e, em nova recarga, a atirar por cima. Pouco depois foi a vez de Bryan Ruiz repetir a dose. Só que, a partir daí, os 'leões' voltaram a retrair-se e o Plzen não estava tão adormecido quanto queria fazer parecer.
Aos 64', um corte incompleto de Mathieu deixou a bola nos pés de Bakos, que cruzou para o desvio perigoso de Havel. Apenas um minuto depois, os mesmos intervenientes, mas em ordem invertida, acabariam por empatar a eliminatória: Havel entrou na área pela direita e cruzou atrasado para o remate de Bakos, o segundo jogador a bisar frente ao Sporting na presente temporada, depois de Pardo, do Olympiakos.
Jorge Jesus não perdeu tempo e tirou Petrovic - exibição para esquecer - por troca com Piccini, devolvendo Battaglia ao meio. A entrada de Montero ajudou igualmente a que houvesse mais iniciativa e mobilidade, e já em cima do minuto 90, o colombiano lançou Bas Dost, que caiu na área após ser travado em falta por Reznik. Não havia melhor forma de arrumar com a questão. Só que o holandês atirou pessimamente para a defesa de Hruska (Bruno Fernandes rematou por cima na recarga), o que significava que a equipa 'leonina' ia ter mais meia hora de jogo pela frente. E só se pode culpar a si própria.
Foi preciso esperar até ao final da primeira parte do prolongamento para alguém pôr fim ao (desnecessário) sofrimento. Rodrigo Battaglia ganhou de cabeça na sequência de um canto de Bruno Fernandes e fixou o 2-1 que os visitantes preservaram até ao apito final - ficavam a faltar dois golos aos checos. E Jorge Jesus, treinador "conhecido no Mundo pelas meias-finais e finais da Liga Europa" que disputou, garantia nova presença nos 'quartos' da competição, agora no comando do Sporting. Só falta conhecer o próximo adversário.
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