O 2-0 é bom mas o 3-0 teria sido ótimo. Assim resumiu Jesus a vitória do Sporting sobre o Viktoria Plzen, em jogo da primeira-mão dos oitavos-de-final da Liga Europa. Sem Bas Dost, coube a Montero a tarefa de 'matador', apontando os dois golos que deixam a eliminatória bem encaminhada. Alvalade esteve a meio gás (só 26090 espetadores) mas quem lá esteve deve ter gostado do que viu. Na segunda-mão o Sporting não poderá contar com William Carvalho e Coates, dois dos seis jogadores que estavam em risco de suspensão e que viram amarelo.
O jogo: O 'avioncito' sobrevoou a baliza nos momentos certos
A chave da vitória do Sporting frente ao Viktoria Plzen esteve no meio-campo mas também nos momentos em que apareceu Montero. Porque até o 'Avioncito' [alcunha de Fredy Montero] 'sobrevoar' zonas perto do golo, o Sporting tinha andado a 'apalpar' terreno para descobrir a melhor forma de derrotar os checos. É verdade que antes do primeiro golo do colombiano, Gelson tinha desperdiçado uma grande oportunidade, a passe de Acuña; o próprio Acuña tinha colocado uma bola a beijar a barra, na transformação de um livre e Bryan Ruiz tinha visto o guarda-redes negar-lhe um golo com uma defesa com os pés.
Foi quando aparece Fredy Montero que o Sporting se tornou mais perigoso no ataque. Muito também graças aos movimentos de Bruno Fernandes, ora no meio, ora caindo nas alas, ora aparecendo em zonas de finalização, criando desequilíbrio. O colombiano 'mostrou a cara' num cabeceamento por cima; aos 37 ficou a pedir penálti e aos 40 serviu Bruno Fernandes em 'bandeja de ouro' na área, mas o médio disparou às malhas laterais.
E este era um jogo que pedia Montero. O Sporting demorou muito tempo a perceber isso, com cruzamentos para a área para alguém com 1,76 metros lutar com duas 'torres' (Hubník com 1,90 metros e Hejda com 1,89 metros). E Jesus sabia-o.
"Não é muito rápido, quando sai para ligar o jogo não tem muita velocidade e agilidade em termos de posse. Agora, na área é frio, sabe finalizar. Se joga como segundo avançado está longe da área, perto da área como hoje é mais fácil finalizar", disse o técnico após o jogo.
E tinha razão: um pontapé acrobático de Fábio Coentrão aos 45 encontrou Montero sozinho na pequena área, perdido entre os centrais. Tão só que teve tempo de receber e escolher para que lado de Hruska rematar.
Sofrer um golo no último minuto da primeira parte altera por completo o discurso que o treinador tem preparado para o intervalo. Mas sofrer outro golo logo a seguir ao descanso é muito pior ainda. E foi o que aconteceu aos checos. Ainda Pavel Vrba estava a tentar perceber como dar a volta ao texto e já Montero bisava no encontro, aos 48 minutos, depois de Bruno Fernandes e Acuña terem roubado o esférico a meio-campo, na saída de bola dos médios checos. Frieza do colombiano que conduziu e rematou de pé esquerdo, mesmo tendo Bruno Fernandes ao lado.
Depois foi só ferir os mais utilizados e cansados (Acuña, Bryan Ruiz e Coentrão sairam) e tentar o terceiro golo que 'matasse a eliminatória. Só não surgiu porque o guarda-redes Hruska não deixou: parou os remates de Bryan Ruiz aos 65, Bruno Fernandes aos 69 e Mathieu aos 90, em três situações de golo eminente.
O 2-0 é bom, como referiu Jesus, o 3-0 teria sido ótimo na segunda-mão onde o Sporting não poderá contar com William Carvalho e Coates, dois dos seis jogadores que estavam em risco de suspensão e que viram amarelo. Mas atenção aos checos: lideram a sua liga com grande vantagem e têm nas alas a sua principal arma.
Momento-chave: Todas os momentos são bons para se marcar, mas aos 45...
Quando já todos se preparavam para o descanso, eis que Montero aproveita um centro de Coentrão para receber e fazer o 1-0, aos 45 minutos. A resistência checa caía e com ela, qualquer tentativa de reação a seguir. O discurso ao intervalo teria de ser outro.
Os melhores: Montero e Bruno Fernandes brilharam
Montero foi a figura do jogo: não só pelos dois golos, mas pela clarividência demonstrada a construir jogo fora da área. Mostrou ser um 'rato de área' com muita cabeça-fria, como deixou vincado nos dois golos.
Só faltou o golo a Bruno Fernandes: correu, fintou, passou, rematou por várias vezes. Pelo meio, pelos corredores, foi um dos principais desequilibradores, tal como Acuña.
Os piores: futebol do Sporting merecia mais que meia casa
Apenas 26090 espetadores estiveram em Alvalade. Os oito pontos para o primeiro colocado na Liga e o facto de o Viktoria Plzen não ser um nome forte na Europa parecem ser as justificações para tão poucos adeptos, num estádio onde o Sporting vinha registando 40 mil ou mais em quase todos os jogos.
Reações:
Jesus: "A equipa tem de ter uma ideia de jogo diferente na Liga Europa"
Jesus irritado com ações de William Carvalho e Coates que deram amarelo
Fábio Coentrão: "Gostava de ficar no Sporting até ao final da minha carreira"
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