O Benfica está nos 16 avos de final da Liga Europa. Com toda a naturalidade. As 'águias' cumpriram a missão de vencer o Lech Poznan para garantirem desde já um lugar na próxima fase da prova e fizeram-no com a tranquilidade de quem sabe que é bem superior ao adversário, jogando o suficiente para somarem a segunda vitória mais folgada da tempoda, sem sequer precisarem de acelerar e sufocar o conjunto polaco.
E as notas positivas para o conjunto encarnado não se ficam pela goleada. Houve o regresso de Darwin (à equipa e aos golos), debelada a infeção com COVID-19, houve espaço para Otamendi recuperar confiança depois de algumas atuações menos conseguidas, houve o primeiro golo de Vertonghen de 'águia ao peito' e houve até um golo de Weigl para dar moral ao médio alemão (também ele recuperado da COVID-19). Foi, pois, uma noite boa para Jorge Jesus e seus pupilos.
O Jogo: Uma vitória tão clara quanto natural
O Benfica dominou o encontro do primeiro ao último instante. E só mesmo nesse último instante do jogo, já com o resultado em 4-0 e o árbitro prestes a apitar pela última vez, o Lech conseguiu ficar perto do golo. A equipa polaca até teve alguns momentos em que mostrou boa capacidade de troca de bola, mas não muito mais que isso. Pouco para fazer frente a um adversário como a equipa de Jorge Jesus, construída não para andar por esta Liga Europa, mas sim na Liga dos Campeões.
Ciente da superioridade que tinha sobre o adversário, o Benfica nunca acelerou muito o ritmo do seu encontro desde o pontapé de saída, sabendo que mais tarde ou mais cedo o golo acabaria por aparecer. Talvez por isso, as ocasiões de golo tardaram a chegar (a primeira só surgiu à passagem do minuto 21). Mas, apesar de os lances de real perigo escassearem, foi com naturalidade que o primeiro golo acabou por surgir, dada a supremacia evidenciada em campo pelas 'águias'.
Foi na sequência do primeiro pontapé de canto conquistado pelo Benfica que Verthongen saltou mais alto para, com uma bonita cabeça, marcar pela primeira vez pelo seu novo clube e abrir caminho à vitória. A vantagem 'encarnada' não mudou o cariz do jogo e a turma da casa seguiu no mesmo ritmo, sem forçar, até ao intervalo.
No segundo tempo a entrada do Benfica até foi mais acutilante, com Pizzi a desperdiçar duas boas ocasiões, mas o segundo golo só surgiu com uma falha da defesa contrária, quando o guarda-redes do Lech colocou a bola nos pés de Gabriel e este tocou para Pizzi, que serviu Darwin Nuñez para o golo no regresso à equipa. O terceiro golo chegou logo depois, com Pizzi (que também já tinha feito a assistência para Verthongen) a mudar de papel e a ser, desta feita, ele mesmo a colocar a bola no fundo das redes.
Com a vitória no bolso, Jesus aproveitou para fazer descansar alguns jogadores (entre eles precisamente os autores do segundo e terceiro golos), mas outro homem vindo do banco, Weigl, ainda teve tempo para fazer o quarto golo e confirmar a goleada. Uma goleada para a qual nem foi preciso suar muito...
O Momento: Regressado Darwin volta aos golos
Darwin Nuñez não engana. É craque. Neste regresso à equipa, depois de recuperado da COVID-19, mostrou ainda na primeira parte alguns pormenores de classe. E é matador. Tem uma eficácia letal quando surge na cara do guarda-redes e voltou a mostrá-lo com mais um golo ao Lech Poznan (o quarto, depois do hat-trick da primeira volta, na Polónia), ao não perdoar depois de isolado por Pizzi.
Foi o quinto golo do avançado uruguaio nesta Liga Europa, um golo que acabou de vez com as ténues esperanças que o Lech ainda tinha de levar algo desta sua visita ao Estádio da Luz.
O Melhor: Um capitão que assiste e marca
Tal como Darwin, Pizzi também chegou aos cinco golos nesta edição da Liga Europa. O capitão do Benfica foi preponderante no triunfo da sua equipa e dos seus pés, nos cerca de 60 minutos que esteve em campo antes de ser retirado por Jorge Jesus para descansar (domingo o Benfica tem novo jogo, em casa, frente ao Paços de Ferreira, para a I Liga) esteve nos três primeiros golos das 'águias'.
Foi ele que bateu na perfeição o pontapé de canto ao qual Vertonghen correspondeu com a cabeçada certeira para o 1-0 e foi ele que deu o toque precioso que isolou Darwin para o 2-0. Depois, no minuto seguinte, mostrou classe ao marcar ele mesmo o 3-0. Não se podia pedir muito mais...
O Pior: Um Lech Poznan demasiado fraco para poder ser uma ameaça
Se no encontro da primeira volta o Lech até fez o Benfica sofrer, marcando primeiro e chegando depois ao 2-2 antes de acabar por perder por 4-2, desta feita o conjunto polaco voltou a sofrer quatro golos das 'águias', mas não marcou nenhum e mostrou-se demasiado frágil quer a defender, quer em termos de criatividade ofensiva.
Ao longo dos 90 minutos, o Lech só conseguiu desferir um remate na direção da baliza de Vlachodimos que o grego segurou sem qualquer problema e só praticamente no último lance do jogo, quando o resultado já estava em 4-0, esteve perto de marcar, num remate que desviou num defesa do Benfica e quase sobrevoava o guarda-redes das 'águias'. Pouco, muito pouco.
Estatísticas e curiosidades
- O Benfica somou o 25.º jogo (26.º se contarmos com pré-eliminatórias) sem perder em casa na Liga Europa, estendendo assim o recorde que já lhe pertence.
- Jan Vertonghen estreou-se a marcar pelo Benfica ao fim de 13 jogos. O último golo do experiente central belga datava do início de março, quando marcou na eliminação do Tottenham (que então representava) na Taça de Inglaterra ante o Norwich.
- Apesar dos 16 golos em cinco jogos nesta fase de grupos (média de 3,2 golos por jogo), o Benfica tem apenas o terceiro melhor ataque da prova: Arsenal e Bayer Leverkusen já levam 17 golos.
As reações
Jesus: "Esta já não é a Liga Europa de há uns anos. A partir dos 'oitavos' vai ser uma Champions"
Dariusz Zuraw, treinador do Lech Poznan: "O Benfica é uma equipa de Champions"
Pizzi: "Foi uma noite muito boa para todos"
Darwin: "Estava ansioso por poder jogar com os meus companheiros"
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