O resultado é magro mas é sempre uma vitória. Nuns quartos de final de uma Liga Europa onde os pormenores costumam fazer a diferença, o Benfica superiorizou-se ao Marselha em todos os capítulo do jogo para construir uma vantagem que lhe permite encarar o jogo no Vélodrome com outra cara.
Na noite de quinta-feira na Luz, Sven Göran Eriksson recebeu finalmente a merecida homenagem. O sueco, antigo treinador dos encarnados, luta contra um cancro.
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O Jogo: exibição q.b. e resultado que deixa tudo em aberto
Diz o ditado português de que 'Mais vale um pássaro na mão do que dois a voar'. Ora o Benfica teve os dois a comer na sua mão, mas deixou um fugir para atenuar a crise do Marselha e alimentar a crença dos franceses em seguir para as meias-finais da Liga Europa.
Na noite de homenagem a Sven Göran Eriksson, a equipa de Roger Schmidt fez o suficiente para construir um resultado que lhe permitisse encarar o jogo no Vélodrome com outro estado de espírito, mas a vantagem mínima vai agora obrigar a outros sacrifícios perante uma equipa que aposta tudo na segunda prova mais importante da UEFA.
O resultado peca escasso, numa exibição que chegou a parecer sólida, até tremer quando Aubameyang deu esperanças aos franceses aos 67 minutos.
Roger Schmidt surpreendeu ao não mexer na equipa que perdeu com o Sporting no sábado em Alvalade para a I Liga. Na primeira parte a equipa carregou os seus ataques pela direita, com João Neves a baixar para construir e Florentino Luís mais subido. Rafa, David Neres e Alexander Bah dinamitavam a direita, embora sem conseguir criar lances de verdadeiro perigo.
O Marselha foi muito curto a nível ofensivo. É uma equipa com índices de confiança muito baixos, como se viu em perdas de bola em combinações simples entre os jogadores. Ao intervalo, ainda não tinha enquadrado um remate na baliza de Trubin.
Ao contrário do Benfica, que se tinha adiantado por Rafa aos 16 minutos, em mais uma jogada pela direita, e que tinha visto Tengstedt perder tempo quando ia fazer o 2-0.
No segundo tempo o Benfica continuou a construir pela direita, agora com Di Maria em vez de David Neres. O argentino trocou com o brasileiro e foi crucial no encontro. Quando o Marselha tentou subir mais, atacar com mais homens, deixou espaços atrás, muito bem explorados pelo Benfica como gosta.
Di Maria disparou dali em condução quase de uma área a outra, antes de finalizar após combinar com David Neres, aos 52 minutos. Podia ter repetido a dose, cinco minutos depois, mas Tengstedt não teve a visão de jogo do brasileiro e desperdiçou a situação de superioridade numérica.
O golo de Aubameyang aos 67 reduziu as hipóteses do Benfica, mas a vantagem ainda é encarnada. Na próxima quinta-feira será precisa mais eficácia e mais estaleca europeia para fazer frente ao inferno do Vélodrome. 2-0 era sempre melhor mas o Benfica continua a ter tudo nas mãos para estar nas meias-finais da Liga Europa.
E o adversário até pode ser o carrasco do Sporting nos oitavos de final. A Atalanta surpreendeu e venceu o Liverpool em Anfield por 3-0 e tem tudo para seguir em frente. O vencedor do duelo entre italianos e ingleses mede forças com quem sair da eliminatória entre Marselha e Benfica.
Momento do jogo: Um pássaro a fugir nas mãos de Auba
Com o Benfica a controlar a partida e o Marselha sem mostrar soluções, um passe vertical de Ounahi (um desperdício tê-lo no banco) após perda de bola de Florentino Luís encontrou Aubameyang. António Silva falhou o corte, o gabonês correu para a área e reduziu. Os franceses cresceram, passaram a acreditar, o Benfica teve de segurar a vantagem magra.
Os Melhores: A noite de Sven Göran Eriksson
Antes do jogo iniciar, já se sabia que Sven Göran Eriksson seria homenageado no relvado do estádio da Luz. O sueco, a lutar contra um cancro, esteve na tribuna VIP da Luz, onde distribuiu sorrisos ao lado de figuras da história encarnada. Treinador dos ‘encarnados’ em duas ocasiões, de 1982/83 a 1983/84 e de 1989/90 a 1991/92, Sven-Göran Eriksson, agora com 76 anos, regressou a Lisboa para fazer parte de um jogo especial, que reeditou a eliminatória das meias-finais da Taça dos Campeões Europeus de 1989/90 – o Benfica chegaria à final, que perdeu frente ao AC Milan (1-0).
A acompanhar o sueco no relvado, estiveram Valdo, António Bastos Lopes, Carlos Pereira, Álvaro Magalhães, Alberto Bastos Lopes, Kenedy, Paulo Madeira, José Manuel Delgado, Pedro Valido, Dias Graça, Shéu, Rui Águas, João Alves, Paulo Padinha, Vítor Paneira, António Veloso, José Carlos, William, Filipovic, César Brito, Manniche, Diamantino, Humberto Coelho, Carlos Manuel, Toni, aplaudidos um a um pelos adeptos benfiquistas.
Em noite 'não': Gauleses com aversão à baliza e uns assobios estranhos
O Marselha sentiu muitas dificuldades para criar perigo junto da baliza do Benfica. Apesar de algumas tentativas, só acertou na baliza de Trubin no segundo tempo. Até acabou com mais remates (12 contra 10) e menos um à baliza (três contra dois) mas mostrou pouco. Faltam-lhe soluções do meio-campo para a frente, jogadores capazes de acompanhar Aubameyang e Hamit Harit, os únicos que remaram contra a maré.
Um pouco estranho foi o comportamento de alguns adeptos do Benfica no final do jogo, com assobios para a equipa e para Schmidt pelo magro resultado. Muito provavelmente, como até Di Maria reconheceu, podem ser ainda resultado da derrota no dérbi com o Sporting no último fim de semana. Mas assobiar a equipa depois de uma vitória em casa nos quartos de final de uma Liga Europa... não deixa de ser estranho.
Reações: Schmidt estranhou assobios, golo dá esperanças a Jean-Louis Gasset
Schmidt estranha assobios, Di María relaciona-os à derrota em Alvalade
"Se ganhas um jogo nos quartos de final da Liga Europa e no final há este tipo de situações, é normal que fiques um pouco surpreendido porque realmente não consegues compreender. Mas faz parte do Benfica"
Jean-Louis Gasset: "Os últimos minutos e o golo dão-nos muitas esperanças para a segunda mão"
"Os últimos minutos e o golo dão-nos muitas esperanças para a segunda mão. É óbvio que controlamos muito menos os nossos jogos fora do que em casa. "
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