O Sporting disse, esta quinta-feira, adeus à Liga Europa, a última competição onde poderia ainda dar um ar da sua graça e, de certa forma, 'salvar' uma época - agora em definitivo - para esquecer. Foi um adeus doloroso, debaixo de muita chuva, numa noite muito fria em Istambul. Por outras palavras, foi um resumo perfeito do que tem sido a temporada dos 'leões'.

A formação 'verde e branca' teve o apuramento para os oitavos de final nas mãos mas, por culpa própria, viu-o escapar por entre os dedos, fruto de um golo já no período de descontos da segunda parte, que levou o encontro para prolongamento, e outro já perto do fim do tempo extra. Dois autênticos 'baldes de água' fria, condizentes com a chuva ininterrupta, que se fez sentir durante todo o encontro.

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O Sporting entrou em campo com uma vantagem relativamente confortável, depois de um triunfo por 3-1 na primeira mão - que até podia ter sido mais dilatado - naquela que terá sido uma das suas melhores exibições da época, surpreendendo até o mais otimista dos adeptos.

Mas, em Istanbul, na segunda mão, voltou a mostrar a sua pior cara: demasiadas falhas, erros infantis e muita ingenuidade.

Primeiro minuto, primeira desatenção, primeiro aviso...

O Basaksehir deixou o primeiro aviso logo na primeira jogada. Maximiano acabou por segurar, mas estava dado o mote para o que iria ser uma noite muito complicada para o Sporting. Pouco depois, Aleksic voltou a ameaçar a baliza de Max, mas à medida que os minutos iam passando o conjunto de Silas até conseguiu sacudir a pressão inicial dos homens da casa.

Entre os 15 e os 25 minutos, o Sporting viveu uma boa fase, com Acuña em destaque, sempre muito ativo pelo seu flanco. Foi dos pés do argentino que surgiram os principais lances de perigo 'verde e branco' na primeira parte, o primeiro num remate de pé direito aos 17 minutos, para defesa apertada de Gunok, guarda-redes da casa.

Final de primeira parte fatal

Mas a turma da casa voltou a crescer e, depois de Demba Ba ficar muito perto de marcar, valendo Max na baliza do Sporting, os anfitriões acabariam mesmo por marcar, graças a uma falha coletiva da defesa do Sporting na sequência de um canto. Max ainda defendeu - de forma meio atabalhoada - um primeiro remate de Ba, mas na recarga o experiente Skrtel foi mais rápido do que todos os defesas do Sporting e atirou para o fundo das redes. Um conjunto de erros imperdoável a este nível.

O Sporting até reagiu bem e - uma vez mais - Acuña ficou muito perto de marcar, depois de mostrar toda a sua qualidade técnica ao ajeitar para um remate cruzado, de pé esquerdo mas - uma vez mais - Gunok negou-lhe o golo.

Os erros e as infantilidades defensivas, porém, continuaram. Vietto fez uma falta desnecessária já perto da área, ainda que descaída para a direita. Aleksic decidiu rematar direto, mesmo de ângulo difícil, e surpreendeu o jovem Max, que ficou mal na fotografia e, pregado ao solo, se limitou a ver a bola entrar junto ao ângulo superior da sua baliza. O Basaksehir saía para o intervalo em vantagem no jogo e, pela primeira vez, na frente a eliminatória.

Plata entra e o Sporting cresce

O Sporting ameaçou reduzir logo a abrir o segundo tempo, por Vietto, mas foi a equipa da casa que voltou a criar mais perigo - Max brilhou, redimindo-se do(s) erro(s) no(s) golo(s) ao negar por duas vezes o golo a Demba Ba - e só quando Silas fez entrar Gonzalo Plata para o lugar de Bolasie - esta noite aposta do técnico para o 'onze' inicial - a turma leonina cresceu verdadeiramente. Ao ponto de chegar ao golo que a recolocou na frente da eliminatória.

Acuña cruzou de forma perfeita da esquerda e Vietto surgiu de rompante a cabecear certeiro para o 1-2.

Apuramento na mão, bola no ferro e apuramento perdido

Os homens da casa acusaram o golo e o Sporting, de novo em vantagem na eliminatória, viveu então a sua melhor fase na partida. De tal forma que se chegou a pensar que o apuramento já não iria fugir, com os 'leões' a parecerem mais perto de fazer o 2-2 do que de sofrer o 3-1.

Mas esse 2-2 esbarrou na trave da baliza do Basaksehir. Doumbia, que tinha sido já lançado por Silas para dar mais consistência ao meio-campo, desviou de forma oportuna após uma grande jogada de Plata, só que a bola devolvida pelos ferros.

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Se nesse lance o Sporting se pode queixar da falta de sorte, noutros que se seguiram só se pode queixar de si próprio por não ter chegado a um segundo golo que selaria a passagem aos oitavos de final. Os homens da casa concediam, nessa altura, muitos espaços, mas os jogadores leoninos não souberam nem aproveitar para voltar a marcar, nem ter a maturidade para segurar o esférico nos minutos finais.

E pagaram caro por isso. Por incrível que pareça, o Sporting foi apanhado em contra-pé, com a equipa balanceada para a frente em cima do minuto 90 e em vantagem na eliminatória. Battaglia evitou o pior com um corte fantástico, para canto, só que desse canto viria um enorme balde de água fria, com o 3-1 para o Basaksehir, num grande lance individual de Višća, que levou a decisão da eliminatória para prolongamento.

Mais um erro, mais um balde de água fria à beira do fim e...adeus Europa

O prolongamento decorreu com poucas ou nenhumas oportunidades de golo junto das duas balizas. E o Sporting até parecia melhor fisicamente do que a formação turca. Só que, claro, voltaria a ser traído por mais um erro 'infantil'.

Faltavam três minutos para o final do tempo extra e uma bola perdida saltitava na grane área leonina depois de um corte incompleto. Vietto avançou para a captar mas, desatento, não viu que Júnior Caiçara ia chegar primeiro e acabou por acertar no brasileiro. Mais um balde de água fria para os 'leões', com o árbitro a assinalar uma grande penalidade...numa altura em que já todos pensavam nos penáltis, mas não necessariamente daquela forma.

Na marcação do castigo máximo, Višća não perdoou, rematou fortíssimo para o fundo das redes, bisou na partida, colocou o Basaksehir nos oitavos de final e ditou um fim bem doloroso à campanha europeia de 2019/20 do Sporting.

Momento-Chave: Višća leva decisão para o prolongamento

O Sporting parecia perto de carimbar o passaporte para a próxima ronda. O quarto-árbitro já tinha mostrado a placa dos descontos e os 'leões' até estavam por cima no jogo. Mas não souberam segurar a bola e permitiram que o adversário voltasse a sonhara. Aos 90+1, Višća, descaído para a esquerda, tirou um adversário do caminho e rematou cruzado para o terceiro golo turco, que igualou a eliminatória.

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Com dois golos verdadeiramente decisivos em fases críticas do jogo, Edin Višća foi o grande responsável pelo apuramento do Basaksehir. Mostrou classe no 3-1 que levou o jogo para prolongamento e serenidade na conversão do penálti que fechou as contas.

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Ainda na turma turca, Aleksic foi sempre perigoso nas bolas paradas e o veterano lateral-esquerdo Gael Clichy mostrou possuir ainda algumas das qualidades que lhe permitiram brilhar no Arsenal e no Manchester City.

Do lado do Sporting, destacaram-se dois argentinos. Acuña terá sido, provavelmente, o melhor dos 'leões'. Foi dele a assistência (brilhante) para o golo de Vietto e foram dele alguns dos remates mais perigosos da equipa leonina. Battaglia voltou a mostrar estar a regressar ao seu melhor, depois da longa lesão que o afastou dos relvados, mostrando fulgor físico quer a defender - na retina fica a fantástica recuperação e o fantástico corte que deu o canto de onde nasceria o 3-1 - quer a atacar - como foi evidente numa iniciativa individual já perto do fim, em que contudo poderia ter mostrado melhor discernimento.

Os piores: Max e Vietto alternaram o bom com o (muito) mau

O Sporting ficou pelo caminho na Liga Europa e, num jogo em que sofreu todos os golos na sequência de lances de bola parada, ninguém fica isento de culpas. Mas dois nomes acabam por ficar ligados de forma mais direta a alguns desses golos sofridos. Curisamente, dois jogadores que - exceção feita a esses (decisivos) lances, até tiveram momentos de grande brilhantismo.

O jovem guarda-redes Luís Maximiano podia ter feito mais no primeiro e (sobretudo) no segundo golo do Basaksehir. Depois, na segunda parte, brilhou com duas grandes defesas consecutivas a remates à queima roupa de Demba Ba, com o resultado em 2-0. Já o argentino Luciano Vietto marcou o único golo dos 'leões', ficou perto de marcar mais algumas vezes, mas foram dele as faltas - desnecessárias e ingénuas - que estiveram na origem do livre de onde nasceu o 2-0 e do penálti de onde nasceu o 4-1 final.

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