Leipzig faz parte da história do futebol germânico uma vez que foi nesta cidade que a 28 de janeiro de 1900 86 clubes alemães fundaram a Federação Alemã de Futebol, para três anos depois surgir o primeiro campeão da Bundesliga: o Vfb Leipzig. No entanto, o extinto Vfb Leipzig não tem qualquer ligação ao RB Leipzig, pois o próximo adversário do FC Porto na Liga dos Campeões foi fundado apenas em 2009 num processo conduzido por Dietrich Mateschitz, proprietário da Red Bull, que adquiriu os direitos desportivos do SSV Markranstadt, um clube da quinta divisão alemã dos arredores de Leipzig.
Depois de adquirir os direitos desportivos do SSV Markranstadt, Dietrich Mateschitz precisou de contornar várias regras do futebol germânico para fundar em 2009 o RB Leipzig, a começar desde logo pelo próprio nome do clube. Ao contrário do que se possa pensar, a sigla 'RB' foi registada como RasenBallsport e não como Red Bull, apesar da existência dos touros da marca de bebidas energéticas no emblema do clube. E a razão é simples: na Alemanha é proibido a existência de clubes com nomes de empresas e que sejam controlados totalmente pelas mesmas embora isso seja eventualmente possível caso uma empresa esteja 20 anos a apoiar diretamente um clube como nos casos do Bayer Leverkusen ou do Wolfsburgo.
Apesar de algumas dificuldades iniciais, a ascenção do RB Leipzig até ao principal escalão do futebol alemão foi meteórica e com alguma polémica à mistura. Logo na época de estreia na 5ª divisão alemã, o RB Leipzig sagrou-se campeão e garantiu o apuramento para o quarto escalão, onde terminaria no quarto lugar na sua época de estreia. Em 2011/2012, o RB Leipzig terminava a quarta divisão em terceiro lugar e só na temporada seguinte sagrar-se-ia campeão da categoria de forma a garantir a passagem à terceira divisão alemã, onde ficaria durante três temporadas antes de alcançar a Bundesliga. Na época de estreia no principal escalão alemão, o RB Leipzig foi a grande sensação da Bundesliga com um inédito segundo lugar e consequente apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões depois de um percurso de nove temporadas e quase 200 milhões de euros gastos em jovens jogadores.
Mas este crescimento artifical de um clube que não tinha qualquer tradição no futebol germânico levou o RB Leipzig a ser apelidado pelos adeptos de outros emblemas como o 'clube mais odiado na Alemanha' devido ao modelo de negócio e de gestão implementado pela multinacional Red Bull. E uma das principais críticas apontadas ao vice-campeão alemão vai para o facto do emblema ter contornado as regras do futebol alemão para conseguir a legitimação da Red Bull no clube. Na Alemanha é permitido que um clube passe ao estatuto de empresa caso os sócios do clube mantenham o voto maioritário (mínimo de 51%), o problema no caso do RB Leipzig é que os votantes são todos funcionários da Red Bull e apesar de haver a possibilidade para novos sócios, a taxa de entrada é altíssima e sujeita a ser rejeitada. Perante este 'elitismo' corporativo, o clube tem sido muito criticado por emblemas da Bundesliga e até houve uma situação em que Borussia Dortmund rejeitou a possibilidade do seu símbolo aparecer nos cachecóis dos jogos com o RB Leipzig.
Independentemente das polémicas, a verdade é que o RB Leipzig conseguiu apresentar resultados com o modelo de gestão da Red Bull de Dietrich Mateschitz. A multinacional já investiu quase 200 milhões de euros no clube da Bundesliga, mas fê-lo seguindo uma política de contratações muito específica e que se afigura como o modelo a seguir no futuro com a contratação de jogadores com idades até aos 24 anos numa clara aposta no crescimento dos jogadores. A aposta em jogadores jovens tem dado resultados concretos com as ascensão de jogadores como Poulson ou Naby Keita no panorama do futebol europeu. A média de idades do atual plantel do RB Leipzig situa-se ligeiramente acima dos 24 anos e conta apenas com dois jogadores acima dos 30 anos.
*Artigo publicado originalmente no dia 16 de outubro
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