O deputado e líder cessante do PAN André Silva considerou hoje que o Governo e a câmara do Porto estavam conscientes dos riscos ao receberem a final da Liga dos Campeões, lamentando o "forrobodó" dos adeptos ingleses.
“O Governo não pode cercear o acesso à cultura e ao divertimento dos locais, dos residentes, e depois, por uma questão de uma negociata, que não passa disso, ter a Liga dos Campeões no nosso país, permitir o forrobodó que nós vimos nos últimos dias”, afirmou o porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza.
Em entrevista à Lusa, que será divulgada na íntegra na quinta-feira, a propósito da saída da liderança do partido e da vida política, oficializada no congresso do PAN do próximo sábado e domingo, André Silva considerou qe "há uma incoerência total, para além de que sanitariamente" foi "um erro".
“O Governo falhou, evidentemente, mas falhou por questões económico-financeiras, porque a final da Liga dos Campeões é um negócio e o risco sanitário e as eventuais infeções e os focos que possam aí vir, do meu ponto de vista, eram conscientes por parte do Governo”, criticou, justificando que “são tão conscientes que o Governo não permite que os adeptos portugueses assistam, em muito menor número, em muito maior escala, a espetáculos desportivos no seu próprio país”.
Mas o porta-voz do PAN sublinhou também que esta questão “não é só responsabilidade do Governo, é responsabilidade também de Rui Moreira [presidente da Câmara Municipal do Porto], que em dois dias mudou de posição”.
"Porque disse que jamais aquilo que se passou em Lisboa, entenda-se os festejos do Sporting, que foi outro erro evidentemente, nunca se passaria na cidade que é gerida por ele, e claro que se passou igual”, criticou.
Apontando que “há aqui dois pesos e duas medidas”, André Silva defendeu que “não se entende, é que não se entende mesmo” que os adeptos portugueses não possam assistir a eventos desportivos, até porque na sua ótica já demonstraram responsabilidade e que sabem “cumprir as normas sanitárias que impedem o acesso ao desporto e à cultura”, mas que sejam permitidos os comportamentos dos adeptos ingleses no fim de semana ou “no fim de semana passado uma corrida de touros na Azambuja”.
E considerou que “não faz sentido absolutamente nenhum” que “os aficionados da tauromaquia como os adeptos de futebol, de uma Liga dos Campeões", que "têm comportamentos mais quentes, eventualmente mais divergentes com aquilo que são as normas sanitárias” sejam “discriminados positivamente, enquanto que as pessoas, a sociedade em geral, está privada de aceder a espetáculos desportivos e culturais”.
André Silva afirmou ainda que “mais do que pedir a cabeça de um ministro, e hoje é fácil de pedir a cabeça de Eduardo Cabrita”, o “Governo está neste momento a pagar em termos de impopularidade e de censura social esta absoluta incoerência”.
Milhares de adeptos ingleses rumaram entre quinta-feira e sábado ao Porto para assistir à final da mais importante competição de clubes de futebol, no Estádio do Dragão, numa afluência que causou uma forte presença em locais como a Ribeira, onde se registaram desacatos, para além de não terem sido cumpridas regras decorrentes da pandemia, como o uso de máscara ou o distanciamento social.
No sábado, após o final do jogo que o Chelsea venceu por 1-0 ao Manchester City, dois adeptos ingleses foram detidos pela PSP após terem agredido agentes policiais.
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