Mostrar a Joachim Löw o seu erro ao descartá-los repentinamente da seleção alemã. Esse é o desafio e a motivação de Müller, Boateng e Hummels, ávidos de superar a humilhação levando o Bayern de Munique ao lugar mais alto na Europa.

Se precisavam de uma motivação extra na quarta-feira contra o Liverpool pelo jogo da segunda-mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões (0-0 na 1.ª mão), eles já ganharam uma: o técnico alemão descartou definitivamente da seleção Thomas Müller, de 29 anos, Jérôme Boateng, de 30 anos, e Mats Hummels, também de 30, três campeões do mundo no Mundial do Brasil em 2014.

A decisão caiu como uma bomba em Munique. Karl-Heinz Rummenigge, presidente do clube, criticou a forma com que Löw fez o anúncio: apareceu sem avisar numa manhã no centro de treino dos b'avaros, entre duas partidas cruciais da Bundesliga e a uma semana do duelo contra o Liverpool, para informar aos jogadores que a sua decisão era firme e definitiva.

'Motivação suplementar'

"Estou seguro de que Thomas, Mats e Jérôme não vão perder a concentração por causa desta decisão", disse Rummenigge: "Acho, pelo contrário, que é uma semana em que nossos jogadores vão mostrar todas as suas qualidades".

Pelo menos desta vez, a imprensa e os especialistas estão mais de acordo com o impulsivo 'Kalle'.

"Poderá ser uma motivação suplementar que no final acabe por ajudar os bávaros", avalia o ex-jogador Dieter Hamann, comentador da Sky-Alemanha: "Ainda podem ganhar tudo: se eliminarem o Liverpool já vai se falar num triplete".

O técnico do Bayern de Munique, Niko Kovac, conta com uma reação de orgulho do seu trio: "São jogadores formidáveis, com uma mentalidade formidável: quando a pressão é muito forte, são capazes das suas melhores atuações".

O técnico croata colocou-os como titulares no sábado no jogo do Bayern contra o Wolfsburg, a quem derrotou por 6-0, resultado que permitiu à equipa alemã chegar à liderança da tabela. Os três tiveram ótima atuação.

'Cimentar a unidade'

Na equipa da Baviera os jovens deram apoio aos veteranos. Inclusive Kimmich e Goretzka, que encarnam agora o futuro da 'Mannschaft' e não hesitaram em criticar publicamente a escolha de Joachim Löw.

"A decisão do treinador (...) poderá servir para cimentar a unidade do Bayern na reta final da temporada", estima o portal desportivo Ran.de: "Pode ser que a decisão (...) liberte as energias em vez de paralisá-las".

A primeira reação de Müller, num vídeo nas redes sociais um dia depois do anúncio, ia nessa direção: "Os que me conhecem sabem que sou um lutador, vou olhar para a frente. Temos uma fase muito quente com o Bayern em que lutaremos pelos três títulos. E por isso digo-vos que o jogo ainda não acabou".

A mensagem era dirigida aos seus apoiantes e, indiretamente, a Löw. Mas também pode ter chegado ao Liverpool.