Mais de 110.000 pessoas apresentaram-se no Stade de France para ver a final da Liga dos Campeões de futebol, reconheceu hoje o ministro do Interior, Gérald Darmanin, em comissão do Senado de França.

O número estimado supera em 35.000 a lotação prevista para o jogo de sábado entre Real Madrid e Liverpool em Saint-Denis, arredores de Paris, e esteve na base de vários incidentes que atrasaram o início da partida e levaram à intervenção da polícia.

"É evidente que as coisas podiam ter sido melhor organizadas. A festa do desporto ficou estragada e lamentamos muito sinceramente os excessos por vezes inaceitáveis que aconteceram", reconheceu Darmanin, muito criticado em França depois das declarações que proferiu sobre o número de bilhetes falsos à entrada do estádio.

"É o evento que mobilizou mais polícias e 'gendarmes' desde que sou ministro do Interior", explicou o ministro, rejeitando críticas quanto ao número de efetivos presentes: "Claramente, havia efetivos de polícia suficientes."

Darmanin acrescentou que "vários bilhetes foram duplicados centenas de vezes", citando um caso de um bilhete duplicado 744 vezes.

Nesse quadro, foram 110.000 os que se apresentaram às portas do Stade de France, mais 35.000 mil que o previsto, os quais tinham bilhetes falsificados ou nem sequer tinham bilhete.

Gérald Darmanin e a ministra francesa dos Desportos, Amélie Oudéa-Castéra, responsabilizam desde sábado os adeptos britânicos, que consideram em grande parte responsáveis pelos incidentes, ao fazerem uma "fraude maciça, industrial e organizada com os bilhetes falsos".

Essa posição tem sido alvo de críticas de vários setores, tanto em Inglaterra como em França.

Segundo as autoridade francesas, acabou por se verificar um grande afunilamento, incidentes e a intervenção policial.

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Darmanin pediu "sinceras desculpas" aos adeptos do Liverpool, pelos "grandes prejuízos, nomeadamente com as crianças", causados por gás lacrimogéneo utilizado de "modo desproporcionado". Garantiu também que "serão aplicadas sanções".

Os "cidadãos britânicos e espanhóis poderão apresentar queixa nos seus países a partir de segunda-feira" e poderão também recorrer à Inspeção Geral da Polícia Nacional francesa (IGPN), que controla a atividade de todos os corpos de polícia em França.

"Vi, pessoalmente, duas situações em que manifestamente a ordem pública e a utilização do gás lacrimogéneo foram contrárias às regras", disse, comentando os incidentes filmados e difundidos através das redes sociais.

Darmanin anunciou ainda ter pedido ao delegado interministerial para os Jogos Olímpicos, Michel Cadot, para que sejam encaradas "regras diferentes" da dispersão com recurso a gás lacrimogéneo em caso de "acontecimentos desportivos excecionais", já que esses meios "não são adequados".