O Manchester City impôs-se em Alvalade com um triunfo por 5-0, em partida a contar para a 1.ª mão dos oitavos de final da Champions. Bernardo Silva bisou, Sterling, Foden e Mahrez marcaram os restantes tentos da equipa orientada por Pep Guardiola.

Da alegria de há 10 anos atrás, quando o Sporting venceu o City com um golo de Xandão, ao sofrimento atroz numa noite em que nada correu bem ao campeão português perante 48109 espectadores no estádio José Alvalade. Enfrentar o City, nesta altura, destacadíssimo na liderança da Premier League, seria sempre uma tarefa ingrata. Uma constelação de estrelas, mas que realmente funciona enquanto equipa e que é o conjunto na Europa em melhor forma neste momento.

Frente a emblemas de terras de sua majestade, o leão sempre sorriu mais do que chorou, mas o desfecho, pré-anunciado, de uma eliminatória que sorteou o adversário à segunda volta (depois de um lapso da UEFA), estava escrito nas estrelas. Mas não se pensaria que no final - só se jogou a primeira parte da eliminatória - se assemelhasse a um tragédia grega.

O contexto não era o ideal para o Leão, que vinha de um encontro muito dividido frente ao FC Porto para o campeonato. No fim de semana, o City até se deu ao luxo de descansar algumas das suas estrelas como Cancelo, De Bruyne ou Rodri. Walker, Grealish, Gabriel Jesus eram ausências certas. O Sporting apresentava-se na máxima força, com os regressos de Pedro Gonçalves e Porro. Matheus Reis juntava-se ao trio defensivo e Esgaio era a aposta para a ala esquerda.

O Jogo

O Sporting começou por querer pegar na batuta, mas rapidamente foi abafado pela pressão dos citizens. Uma espécie de Tiki Taka 2.0, com muita circulação, dinâmica, num 4-3-3 sem referências ofensivas, com Foden a ser o homem que aparece mais na zona central para finalizar. De um lado e do outro Mahrez e Sterling a destruírem linhas.

Cabia ao Sporting encurtar espaços, lidar com a pressão do City na primeira fase de construção, mas nada disso aconteceu. Não houve antídoto para derrubar as virtudes da equipa de Guardiola. O golo dos citizens chegou madrugador, logo ao minuto 7´, num lance desenhado com regra e esquadro, que começou no português Bernardo Silva. Foden rematou, Adán defendeu, o belga De Bruyne recuperou a bola e depois ofereceu para a finalização de Mahrez. O golo ainda foi ao VAR, mas acabou por ser validado.

Não é fácil para qualquer equipa defrontar esta equipa do City, e o Sporting lidava pela primeira vez com uma equipa deste calibre na era Amorim. Com uma construção inicial através dos centrais, Aymeric e Rúben Dias, a partir daí o carrocel começa a engrenar, sempre com as melhores soluções para desequilibrar e aproveitar o erros do adversário.

Com Stones a estar perto do golo, depois de um mau alívio da equipa leonina, o leão tentou soltar-se. Pedro Porro, numa boa jogada tentou o bonito, numa grande finta sobre Cancelo, mas o cruzamento acabou por não originar nenhuma jogada de perigo. Mas era o City que controlava a patida e essa capacidade de reter a bola abria brechas na defensiva contrária e o 2-0 chegou com naturalidade. Pontapé de canto de Mahrez, Rodri amorteceu para a bomba de Bernardo Silva, com a bola ainda a embater na barra, antes de entrar na baliza.

Dois tiros no porta-aviões de Amorim, no entanto com a equipa da casa a não se deixar amedrontar e a tentar desenhar jogadas. Mas faltava objetividade no momento de finalizar. O espanhol Sarabia, um dos mais habituados a estas andanças de Champions, era o mais esclarecido com bola, na forma como tomava decisões e tentava quase sempre decidir de primeira. Ao minuto 30, o Sporting tentou pela primeira vez assustar Éderson...Remate por cima de Esgaio depois de uma solicitação de Paulinho, mas o lance acabou por ser anulado.

Se ao Sporting faltou capacidade de decisão, ao City sobrava...O 3-0 chegou em mais um lance ofensivo de construção exímia. Cruzamento de Mahrez, Matheus Reis não conseguiu limpar a jogada e Foden, sem contemplações fez o 3-0. O pesadelo ainda haveria de se adensar antes do intervalo, com Bernardo Silva a bisar na partida. Lançamento de Cancelo para Sterling, com o internacional inglês a esperar pelo momento certo para oferecer o golo ao luso.

O segundo tempo começou com a mesma toada com o City no controlo das operações, e com o Sporting a tentar sempre que podia chegar-se à frente, mas sempre com muitas dificuldades. Depois do VAR anular um golo a Bernardo Silva, Amorim reforçou o miolo com a entrada de Ugarte.

Seguiu-se um dos momentos da noite, com um pontapé de 'FIFA' de Sterling, um golaço do inglês como que uma flecha a ferir o coração de todos os sportinguistas.

O leão continuava sem causar perigo mas sem virar a cara à luta, o City sempre letal cada vez que se aproximava da baliza. O público, esse, a não deixar de agitar os cachecóis apesar da dor do resultado. 5-0 foi o resultado a favor dos citizens.