O F.C. Porto regressa esta terça-feira a Gelsenkirchen para defrontar o Schalke 04 na fase de grupos da Liga dos Campeões num palco onde há 14 anos conquistou a prova máxima da UEFA com um triunfo por 3-0 sobre o A.S. Monaco.
A 26 de maio de 2004, o F.C. Porto comandado por José Mourinho inscreveu em Gelsenkirchen uma das páginas mais douradas do futebol português com um triunfo concludente sobre o A.S. Monaco na final da Liga dos Campeões por 3-0. Os 'dragões' tornaram-se na altura na primeira equipa em 27 anos a vencer a Taça UEFA e a Liga dos Campeões em dois anos consecutivos, igualando o registo do Liverpool que entre 1976 e 1977 conquistou os dois troféus máximos da UEFA.
Em Gelsenkirchen, os 'dragões' selaram mais uma campanha europeia com 'chave de ouro' com os golos de Carlos Alberto, Deco e Dmitri Alenitchev.
A poucos dias do regresso do F.C. Porto a Gelsenkirchen recordamos esse percurso inesquecível da equipa comandada por José Mourinho até à final da Liga dos Campeões de 2003/2004 realizada na Arena AufSchalke, palco do próximo jogo dos 'dragões' de Sérgio Conceição.
Com a conquista da Supertaça de Portugal no início de agosto de 2003 frente à União de Leiria, por 1-0, o F.C. Porto entrava da melhor forma numa nova época depois de ter vencido o campeonato nacional, Taça de Portugal e Taça UEFA. No entanto a temporada 2003/2004 ao nível europeu não começou da melhor forma para o F.C. Porto com uma derrota por 1-0 na final da Supertaça Europeia com o A.C. Milan disputada, curiosamente, no Estádio Louis II, no Mónaco. Um golo de Andriy Shevchenko aos 10' minutos garantiu o triunfo para a equipa de Carlo Ancelotti frente a uma equipa que acabaria por conquistar nessa época a Liga dos Campeões.
No arranque da fase de grupos da 'Champions', a formação comandada por José Mourinho defrontou Real Madrid, Olympique de Marseille e FK Partizan. O primeiro jogo disputou-se em Belgrado e apesar do golo inaugural de Costinha, aos 22 anos, os sérvios conseguiram garantir o empate antes do intervalo com um golo de Andrija Delibašic. Seguiu-se depois a receção ao Real Madrid no Estádio das Antas e tal como no jogo em Belgrado, Costinha abriu o marcador para os azuis e brancos. No entanto, o Real Madrid com um Luís Figo inspirado deu a volta ao marcador antes do intervalo com golos de Helguera e Santiago Solari. Já no segundo tempo, Zinédine Zidane fixou o resultado final em 3-1 aos 67' minutos.
Com apenas um ponto em duas jornadas, os dois próximos jogos do F.C. Porto frente ao Marselha assumiam uma importância capital para as aspirações dos 'dragões' em seguir em frente na competição. Na visita ao 'mítico' Vélodrome, o F.C. Porto não acusou pressão e tornou-se no primeiro clube português a vencer o Marselha em casa com um triunfo por 3-2. Os franceses até começaram melhor a partida com um golo de Didier Drogba, mas dois golos em menos de cinco minutos permitiram ao F.C. Porto passar para a frente do marcador antes do intervalo por intermédio de Maniche e Derlei. No segundo tempo Dmitri Alenichev fez o 3-1 aos 81' minutos e já nem o golo de Steve Marlet aos 84' minutos ameaçou um triunfo histórico da equipa de José Mourinho. Uma semana depois, um golo de Dmitri Alenichev em pleno Estádio das Antas garantiu um importante triunfo tangencial ao F.C. Porto que assim ganhava vantagem no confronto direto com um dos principais adversários a passar à fase seguinte. Na receção ao Partizan Belgrado, Benni McCarthy bisou para o triunfo do F.C. Porto por 2-1 e no último jogo da fase de grupos um empate em pleno Santiago Bernabéu a 1-1 selou o apuramento para os oitavos de final.
Nos oitavos de final, o sorteio ditou o embate entre F.C. Porto e Manchester United naquele que seria também o primeiro confronto entre José Mourinho e sir Alex Ferguson. Anos antes da histórica rivalidade dos dois técnicos na Premier League, o F.C. Porto estreou o Estádio do Dragão nas competições europeias com uma vitória por 2-1 sobre os 'red devils'. Benni McCarthy esteve 'endiabrado' nessa noite e com dois golos soberbos garantiu a vantagem tangencial antes da deslocação a Old Trafford.
Em Manchester, Paul Scholes abriu o marcador e colocou os 'red devils' em vantagem na eliminatória. O médio inglês haveria de marcar um segundo golo, mas a equipa de arbitragem anulou esse lance por alegado fora-de-jogo. Com poucos minutos para jogar, e com o Manchester United em vantagem na eliminatória, o F.C. Porto conseguiu impedir o apuramento dos 'red devils' para os quartos-de-final pela oitava época consecutiva com um autêntico 'golpe de teatro' num recinto que se intitula 'Teatro dos Sonhos'. Na conversão de um livre, Benni McCarthy obrigou Tim Howard a uma defesa incompleta que Costinha soube aproveitar para colocar o F.C. Porto nos quartos-de-final.
Depois de eliminar o campeão inglês na Liga dos Campeões, o F.C. Porto defrontou os campeões franceses do Lyon nos quartos-de-final da prova. No jogo da primeira mão no Estádio do Dragão, Deco abriu as hostilidades no final da primeira parte com o 1-0 aos 44' minutos. No segundo tempo, Ricardo Carvalho fez o 2-0 aos 71' minutos e garantiu uma vantagem de dois golos para a deslocação a França.
No Stade de Gerland, Maniche abriu o marcador logo aos 6' minutos de jogo, mas antes do intervalo Péguy Luyindula empatou o jogo. No arranque da segunda parte, Maniche bisou na partida aos 47' minutos e praticamente sentenciou a eliminatória apesar do golo tardio de Élber aos 90' minutos a fixar o empate a 2-2. O F.C. Porto estava novamente nas meias-finais da Liga dos Campeões onde ia defrontar os espanhóis do Deportivo La Coruña.
A formação galega alcançou as meias-finais da Liga dos Campeões com um triunfo histórico sobre o A.C. Milan por 4-0 no jogo da segunda mão. Os campeões europeus em título venceram o Deportivo da Corunha no jogo da primeira mão por 4-1 e nada fazia prever a goleada no Riazor dos galegos, que assim marcaram encontro com o F.C. Porto.
No jogo da primeira mão no Estádio do Dragão, o nulo no marcador imperou até ao apito final. O resultado de 0-0 beneficiava o Deportivo da Corunha para o jogo na segunda mão no Riazor apesar de não poder contar com Jorge Andrade, o defesa mais utilizado pelos galegos e que foi expulso no Dragão. Apesar de entrar em desvantagem no reduto do Deportivo da Corunha, o F.C. Porto não se intimidou e mostrou ser uma equipa terrivelmente eficaz nos jogos fora de casa. Mourinho lançou Derlei a titular e designou a Costinha a tarefa de fazer marcação cerrada a Juan Carlos Valerón, o jogador mais criativo do Deportivo da Corunha.
A estratégia de José Mourinho revelou-se eficaz com Juan Carlos Valerón a não conseguir assumir o papel determinante que apresentou na goleada diante do A.C. Milan por 4-0. Num jogo sem grandes oportunidades de golo, Deco foi um maestro na estratégia do F.C. Porto e assinou uma grande exibição ao ganhar na área adversária a grande penalidade que seria convertida por Derlei. O avançado brasileiro tinha regressado de uma grave lesão mas não tremeu na cara de Coupet e atirou para o 1-0 colocando o F.C. Porto na final da Liga dos Campeões em Gelsenkirchen.
Na final da Liga dos Campeões em Gelsenkirchen, o F.C. Porto voltou a fazer história 16 anos depois da célebre conquista em Viena, e num jogo em que a superioridade dos portugueses foi evidente o A.S. Monaco de Didier Deschamps foi derrotado por 3-0. A formação monegasca até começou melhor a partida com uma situação de perigo logo aos 2' minutos, mas uma excelente defesa de Vítor Baía negou o golo a Fernando Morientes.
Os primeiros quinze minutos foram muito táticos com ambas equipas a não querer perder a posse de bola. A equipa de Didier Deschamps ia revelando algum ascendente sobre o F.C. Porto, mas a lesão de Giuly aos 24' minutos acabou por ser um rude golpe no A.S. Monaco. O internacional croata Dado Prso entrou para o lugar de Giuly, mas antes do intervalo Carlos Alberto aproveitou um mau alívio da defesa do Mónaco para abrir o marcador aos 39' minutos e colocar o F.C. Porto em vantagem.
A vencer ao intervalo por 1-0, o F.C. Porto entrou na etapa complementar motivado com a vantagem sobre o A.S. Monaco apesar das reviravoltas demonstradas pela equipa de Deschamps nessa época frente a Real Madrid e Chelsea. Fernando Morientes esteve perto de igualar a partida aos 62' minutos quando se preparava para enfrentar sozinho Vítor Baía, mas o lance acabou por ser anulado pelo fiscal de linha por fora de jogo. Didier Deschamps sabia que era necessário marcar um golo rapidamente e apostou na entrada de Edouard Cisse para o lugar de Shabani Nonda.
Sempre com o jogo controlado e ainda por cima com uma vantagem de um golo, o F.C. Porto de José Mourinho não sentiu grandes dificuldades em travar o A.S. Monaco com um bloco defensivo sólido constituído pela dupla de centrais Ricardo Carvalho-Jorge Costa. E se na defesa, os portistas revelavam consistência, no ataque a eficácia do F.C. Porto voltou a revelar-se mortífera com o 2-0 a nascer de um lance de contra-ataque aos 71' minutos com Deco a finalizar com classe a jogada. Com o golo de Deco, o F.C. Porto praticamente sentenciou a partida ali. O A.S. Monaco ainda tentou reduzir para relançar a incerteza no marcador, mas quatro minutos depois Alenitchev fechou as contas com o 3-0 e garantiu o troféu para o F.C. Porto.
Na terça-feira, o F.C. Porto regressa a Gelsenkirchen para defrontar o Schalke 04 num estádio onde a sua história europeia conheceu um dos mais brilhantes capítulos.
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