O Barcelona deu um passo de gigante rumo a final da Liga dos Campeões, ao vencer o Bayern Munique por 3-0, em jogo da primeira-mão das meias-finais da Champions. Valeu aos catalães a genialidade de Messi, autor de dois golos e uma assistência. O segundo golo do argentino é uma obra que devia figurar nas melhores coleções de arte contemporânea.
No jogo 200 do Barcelona na Liga dos Campeões, os "culés" receberam o regresso do "bom filho" Pep Guardiola. Num Camp Nou lotado, assistiu-se a um dos melhores jogos desta edição da Liga dos Campeões, principalmente a primeira parte. Em campo, duas equipas de culturas iguais, de muita posse de bola, o "tiki taka" versus "tiki taka".
Os primeiros 45 minutos foram dos melhores que já se viu, onde apenas faltou o "sal" do futebol: os golos. As oportunidades surgiram em ambas as balizas, embora em maior número na de Manuel Neuer, um gigante entre os postes, que evitou por mais que uma vez o golo dos culés. Foi assim aos 13 quando Suárez apareceu-lhe pela frente, isolado. Voltou a fazer o mesmo frente a Dani Alves, aos 40. Pelo meio, Lewandowski teve uma soberana oportunidade mas deu mal na bola e concluiu mal uma jogada de Mueller.
Guardiola, treinador que respira futebol por todos os poros e que tem sempre algo na "manga", sabia que tinha de fazer algo para travar o futebol ofensivo do Barcelona, retirando bola aos catalães. Sem os extremos Ribéry e Robben, o técnico catalão entrou em campo num 4-1-4-1, povoando o meio-campo. A estratégia foi dando resultados a espaços, já que o Bayern conseguiu estancar o futebol do Barcelona e ter algum ascendente no meio-campo. A posse de bola ao intervalo, 50 por cento para cada lado, espelhava isso mesmo.
Mas quando se apanha um Messi ou Iniesta em dia inspirado, não há defesa ou meio-campo capaz de travar tanta criatividade. O argentino ia dando muito trabalho aos defesas bávaros, com arrancadas e fintas estonteantes, tal como Iniesta, o outro homem que ia enchendo o meio-campo.
Estranhamente, a primeira parte acabou a zeros, muito por culpa de Neuer. Ao intervalo Pep Guardiola fez correções, mudou posicionamentos e o Bayern Munique voltou melhor, jogando os primeiros minutos no meio-campo adversário, não dando espaços para os ataques dos catalães. Mas só durou 15 minutos.
Os últimos 30 minutos do Barcelona foram de grande qualidade, com uma pressão muito forte à saída da área dos bávaros. O tridente ofensivo continuava a "água pela barba" a Boateng, Benatia, Rafinha e Bernat, assim como Xabi Alonso, o homem que recuava para ajudar a defesa.
Mas Guardiola sabia que a todo o instante poderia emergir o génio de Messi. Depois de Neymar, em duas ocasiões ameaçar o golo (remate por cima e saída de Neuer a antecipar-se), os culés vão chegar a vantagem aos 77. Dani Alves pressionou Bernat, ganhou a bola, deu para Messi que, de fora da área, rematou forte e colocado, batendo o quase intransponível Neuer. Explosão de alegria no Camp Nou, com o argentino a igualar Ronaldo na lista dos melhores marcadores de sempre da Champions.
Três minutos depois, o craque argentino, quatro vezes Melhor do Mundo, justificou a alcunha de extraterrestre e assinou um dos melhores momentos desta edição da Champions. Recebeu a bola, encarou Boateng, fez uma finta tão desconcertante que o central "perdeu" os rins e ficou por terra. Pela frente, a última das barreiras: Neuer. Um gigante num um-para-um. Com toda a calma do Mundo, La Pulga meteu o pé por baixo da bola, fazendo um chapéu monumental ao melhor guarda-redes do Mundo. O Bayern Munique tem Pep que conhece o Barcelona como ninguém. Mas não tem Messi. E isso faz uma grande diferença.
E já nos descontos, depois de Suárez ter falhado o 3-0 num remate para fora, o Barcelona deu a machadada final, num remate de Neymar que correu sozinho desde o meio-campo após passe de Messi para bater Neuer e deixar o Barcelona com um pé e meio na final de Berlim.
Em Munique Pep terá de montar uma estratégia para derrubar este gigante que ele próprio ajudou a construiur. Num dia bom, Messi é capaz de destruir qualquer estratégia.
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