O sempre feliz desfecho das célebres série televisiva e filmes que dão o título a esta análise torna o título das mesmas num paradoxo. O que 'parece' impossível acaba por se tornar possível com uma série de façanhas 'hollywoodescas', atos de bravura e uma boa dose de sorte. Para continuar vivo nesta Liga dos Campeões, e depois de uma noite tão negra (e branca) o FC Porto precisará de todos estes ingredientes e talvez mais alguns.

O jogo:

De início, tudo indicava que os adeptos que deixavam o Estádio do Dragão a 'rebentar pelas costuras' tinham razões para acreditar que era possível irem para casa com um sorriso no rosto. Com Rúben Neves a apoiar Danilo Pereira na destruição de jogo e transição a meio-campo, com 'aquele' Brahimi em modo 'Champions' em busca de espaços e com uma dupla de centrais sólida como tem sido hábito, os 'dragões' nem davam má réplica a esta temível 'Velha Senhora'. Bem pelo contrário.

Sem ousar dominar um adversário deste gabarito, a equipa de Nuno Espírito Santo conseguia, numa fase inicial, subir no terreno e criar reais ocasiões nas imediações da grande área de uma lenda chamada Gianluigi Buffon. O sonho de André Silva - marcar ao histórico guarda-redes italiano - parecia até ser, quem sabe, concretizável. É verdade que a Juventus também não se coibia de fazer uso do manancial de talento ao seu dispor, com Higuaín e Dybala a assustarem desde cedo, mas ora Marcano ia travando Higuaín (e que corte do central aos 18 minutos), ora Dybala falhava a baliza de Casillas. Não havia domínio portista, é verdade, mas havia margem para acreditar num resultado positivo.

Mas num espaço de dois minutos, tudo mudou, com Alex Telles a borrar a pintura. Primeiro, uma entrada por trás sobre Cuadrado, punida de pronto pelo alemão Felix Brych com um amarelo. Logo depois, uma entrada de carrinho sobre Lichtsteiner, a deixar os 'dragões' reduzidos a dez elementos. No Dragão muito se contestou a expulsão, mas a verdade é que arriscar tanto com um carrinho logo depois de ter visto um amarelo foi no mínimo imprudente. E se com 11 jogadores em campo era difícil, com 10 então...foi o que foi. Nuno viu a sua estratégia ir por água abaixo e tirou André Silva - lá se foi o sonho de marcar a Buffon - e colocou em campo Layún, com a esperança de conter minimamente uma Juventus que, já se esperava, ia procurar usar e abusar da vantagem numérica.

A partir desse ponto, e durante grande parte do que mais se jogou, o domínio foi 'bianconero'. Cuadrado fez a bola rasar o poste de Casillas, que pouco depois travou um remate de Higuaín desviado em Felipe com uma defesa heróica. Dybala acertou em cheio no poste da baliza portista, fazendo com que o intervalo chegasse como uma benesse para os 'azuis-e-brancos'. É impossível saber ao certo o que disse Nuno Espírito Santo no balneário, mas as palavras deverão ter sido intercaladas por alguns suspiros.

Já com a esperança seriamente afetada, os portistas regressaram ao relvado e quase de imediato viram a bola entrar nas redes defendidas por Casillas. Dybala rematou para o fundo da baliza 'azul-e-branca' mas viu a bandeirola ser levantada, num lance que deixa muitas dúvidas. Não foi então que o 'placard' começou a exibir a derrocada da fortaleza do Dragão, mas as ameaças continuariam até ao golo quase inevitável.

De cabeça, Herrera ainda fez a bola passar perto da baliza de Buffon, mas depois seguiram-se as muito sérias tentativas dos italianos. Khedira falhou o alvo aos 60' e Higuaín aos 67', mas em dois minutos, o tal período de tempo que já antes havia sido quase fatal para os 'dragões', dois suplentes resolveram o jogo a favor da Juventus. Primeiro foi Pjaca a aproveitar uma "assistência" indesejada de Layún. De seguida apareceu Dani Alves a aproveitar um cruzamento de Alex Sandro - os cruzamentos que os portistas tão bem ficaram a conhecer - para fazer o segundo. Dois golos de rajada marcados fora de portas e uma eliminatória bem encaminhada para a equipa italiana, que ainda podia ter ampliado o resultado se Khedira tivesse acertado no alvo aos 88'. Dois golos, no entanto, chegaram para deixar o FC Porto a precisar de uma noite perfeita em Turim.

O momento:

A expulsão de Alex Telles: Foi o ponto de viragem num encontro que até então era de equilíbrio, grande qualidade de jogo de ambos os lados e, para os portistas, de esperança. A partir daí, o FC Porto raramente conseguiu fazer mais do que segurar o adversário e, de quando em vez, tentar surpreender em lances ocasionais. Nuno mexeu na equipa, primeiro sendo conservador (Layún no lugar de André Silva) e depois arrojado (Corona por Rúben Neves), mas de nenhuma forma foi possível evitar o desfecho que se tornou provável.

Os melhores:

Dybala: Não é um ponta de lança, não é um médio, é o que for preciso ser para ajudar a sua equipa a criar perigo. E cria, vezes sem conta. Deixou o Dragão sem golos marcados - ainda introduziu a bola na baliza de Casillas, mas o árbitro anulou o lance - mas conseguiu acertar no poste e, além disso, fez jogar os colegas de equipa no ataque. Um craque, sem margem para dúvidas.

Pjanic: Se Dybala foi o cérebro nas zonas mais dianteiras, Pjanic foi o mesmo uns metros atrás. Exibiu a sua qualidade de passe inegável e o seu posicionamento incólume e permitiu à Juventus ganhar boa parte dos duelos num meio-campo que, do lado portista, tinha Danilo Pereira e Rúben Neves, dois futebolistas com qualidade muito acima da média na contenção de jogo.

Marcano: Fez tudo o que pôde, como tem sido hábito, agora no palco maior do futebol europeu. Travou Higuaín com um corte de mestre no primeiro tempo, fez mais um desarme de qualidade em cima do intervalo e transmitiu sempre a mesma segurança que transmite contra adversários de menor valia. Se há alguém que não teve culpa do desaire, esse alguém é Marcano.

O pior:

Alex Telles: Foi já tantas vezes elemento em destaque pela positiva nesta equipa de Nuno Espírito Santo que se torna difícil atribuir-lhe a culpa maior pelo desaire, mas as duas faltas consecutivas acabaram por transformar a noite do FC Porto para muito pior. A este nível competitivo, numa daquelas noites que faz sonhar o amante do futebol, arriscar dois amarelos de seguida, mesmo que estes tenham sido muito contestados a partir das bancadas, é irresponsável. A partir daí, o jogo mudou e o FC Porto pouco conseguiu fazer para o evitar.

As reações:

Nuno Espírito Santo: "A expulsão é determinante"

Nuno Espírito Santo: "Tudo é difícil, mas tudo é possível"

Allegri: "Conseguimos um bom resultado mas nada está decidido"

Felipe: "Complicado, mas nada é impossível"

Iván Marcano: "Uma equipa fica ferida"

Casillas vira atenções para o campeonato: "Pensar no Boavista como uma final"
Danilo: "Condicionámos a Juventus até àquele erro que mudou o jogo"
Pinto da Costa: "Este é o futebol que não compreendo"

Alex Sandro: "É sempre uma felicidade jogar no Dragão"

Daniel Alves: "Todos os grandes sofreram aqui no Dragão"

Curiosidades:

- O FC Porto não perdia em casa desde a derrota com o Sporting (1-3) em abril de 2016.
- Estiveram em campo os dois guarda-redes com mais jogos em competições europeias (Casillas com 172, Buffon com 145).
- Soares estreou-se nas competições europeias aos 26 anos.
- O Sporting é, até à data, a única equipa portuguesa que conseguiu virar uma eliminatória da UEFA depois de perder 0-2 na primeira mão em casa. Conseguiu-o na Liga Europa de 2010/11, frente ao Brondby.

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