O Atlético Madrid venceu o Real Madrid por 2-1, em jogo da segunda-mão das meias-finais da Liga dos Campeões. Apesar da derrota, são os merengues que vão defrontar a Juventus na final, fruto do 3-0 da primeira mão. Ñiguez e Griezmann marcaram para os de Simeone, Isco fez o tento dos merengues.

O mote foi dado pelos adeptos do Atlético Madrid, no dia seguinte ao 3-0 da primeira-mão. "Se tiverem de morrer, os meus morrem", podia-se ler numa tarja enorme colocado no centro de treinos da equipa. A frase foi retirada de uma declaração de Diego Simeone, numa entrevista que deu ao ´Canal+` em janeiro de 2015. "Sei que os meus jogadores jogam bem porque é a morrer. E a morrer, os meus morrem, não temem a morte”.

Acreditando que era possível a remontada, o Vicente Calderón ´vestiu-se` de gala e transformou-se no 12.º jogador da equipa de Simeone. Empurrado por um público entusiasta, o Atlético Madrid entrou a todo o gás, empurrando o rival para a sua área, criando muito perigo. Com uma pressão constante, uma agressividade até para lá do normal, os de Simeone, ´engoliram` os comandados de Zidane que não se viram nos primeiros 20 minutos.

E foi nesse período que a remontada ganhou alma, com dois golos. Primeiro por Saul Ñiguez aos 12 minutos, de cabeça, antecipando-se a Ronaldo num canto. Depois por Griezmann aos 16, na transformação de uma grande penalidade cometida de forma infantil por Varane sobre Torres. Na conversão, o francês escorregou, deu mal na bola, mas esta acabou por entrar. Entre estes dois lances, tinha-se pedido penálti sobre Sergio Ramos na área colchonera e sobre Ferreira-Carrasco na área merengue. Cuneyt Çakir, árbitro do encontro, mandou seguir.

Depois entrou em cena o árbitro do jogo, pelos piores motivos. O turco Cuneyt Çakir perdeu o controlo do jogo, deixando passar várias faltas duras que eram merecedoras de cartão amarelo. Por esta altura já o Real estava instalado no meio-campo contrário, tentando reagir aos 2-0. O Atlético Madrid ´descansou` um pouco, deixou de ser tão intenso com e sem bola, sabendo que estava apenas a um golo de igualar a eliminatória.

A insistência merengue foi compensada aos 42 minutos por Isco. Mas 90 por cento do golo é de Benzema. O francês tem um trabalho fantástico junto à linha de fundo, passa por três adversários e serve Kroos que remata para defesa apertada de Oblak. Na recarga, Isco empurrou para o 1-2. O Atlético ficava assim obrigado a marcar três golos e não sofrer nenhum para seguir em frente. A ´montanha` para escalar era agora monstruosa.

Vendo a sua equipa a perder intensidade e criatividade, Simeone mexeu aos 55, lançando Thomas e Kevin Gameiro para os lugares de Gimenez e Torres. No segundo tempo, os dois principais lances de perigo saíram de lances de bola parada por dois jogadores que estiveram na final do Euro2016. O primeiro foi Ronaldo a rematar, mas para defesa apertada de Oblak, aos 48. Respondeu Griezmann num livre direto por cima.

Com o passar do tempo, começou também a passar a crença na remontada. As pernas já falhavam mais, a intensidade com e sem bola era menor. O Real Madrid, fruto do golo, de Isco, estava mais estável, controlando o encontro, tentando chegar ao 2-2 que matasse logo a eliminatória. O 3-1 podia ter aparecido aos 66 minutos, não fosse uma dupla defesa espetacular de Keylor Navas, a negar o golo a Ferreira-Carrasco e a Gameiro. O lance nasce de uma asneira de Danilo que perde a bola para o belga.

Na parte final do jogo, fruto também de alguma frustração pelo resultado, os jogadores do Atlético Madrid recomeçaram a colocar agressividade a mais na disputa dos lances, com algumas entradas feias. Mais uma vez o árbitro turco, Cuneyt Çakir, perdeu o controle, deixando passar lances que seriam para amarelo.

O Vicente Calderon despede-se assim da Champions com uma derrota. Nas bancadas eram os adeptos merengues quem faziam a festa. O Real vai a final graças ao hat-trick de Ronaldo na primeria-mão. Desta vez o português ficou em branco.

O Real Madrid sofre assim a sua primeira derrota nesta edição da Liga dos Campeões (8 vitórias e três empates) e apura-se para a final de Cardiff onde vai medir forças com a Juventus. Já o Atlético volta a ver o sonho da Champions ser roubada pelo rival Real Madrid.

Esta é a segunda final seguida do Real, a terceira nas últimas quatro épocas. Desde 1960 que não atingia duas finais seguidas da prova. É também a 15.ª final dos merengues (11 títulos e três finais perdidas).

Será também a segunda final frente a Juventus, equipa que bateu em 1998 para levantar o troféu, com um golo de Mijatovic. Se os merengues vencerem a Vechia Signora, tornam-se na primeira equipa a vencer a Liga dos Campeões em duas edições seguidas, desde que a prova mudou de nome e formato.