O Benfica deixou de depender de si para se apurar para os oitavos de final da Liga dos Campeões. O empate em Camp Nou com o Barcelona, na 5.ª ronda, deixou tudo igual nas contas do Grupo E, com os Encarnados a terem de vencer o Dinamo Kiev no último jogo em casa e esperar que o Barça não derrote o já apurado Bayern Munique na Alemanha.
Os Culés somam sete pontos, contra cinco dos Encarnados que garantiram, para já, a passagem para a Liga Europa, com a confirmação do terceiro lugar no Grupo E. Se Seferovic não tivesse falhado a grande oportunidade aos 94 minutos, o Benfica só tinha de cumprir diante do Dinamo Kiev.
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Empate é um mal menor
Jesus chamou-lhe o maior falhando que já viu na sua carreira (deve ter-se esquecido de Bryan Ruiz naquele Sporting 0-1 Benfica quando era treinador dos Leões). Aquele falhanço de Seferovic aos 93 minutos, em zona frontal e já sem Ter Stegen na baliza, vai marcar a carreira do suíço no Benfica e poderá ter um impacto tremendo nas contas dos Encarnados no grupo.
É que a vitória deixaria nas mãos do Benfica a decisão de passar aos oitavos de final da Liga dos Campeões, na receção ao Dinam Kiev na derradeira ronda. Mais, seria o segundo triunfo dos Encarnados diante do poderoso Barcelona no mesmo ano, um deles em pleno Camp Nou. Algo tremendo e voltaria a colocar o Benfica nas bocas do Mundo.
Numa prova de prestígio como a Liga dos Campeões, marcar o golo da vitória em Camp Nou diante do Barcelona são daqueles momentos que ficam para sempre na memória de qualquer jogador. Agora Seferovic será lembrado pelos piores motivos.
O jogo serviu para ver um pouco o que Xavi pretende neste Barcelona. Foi apenas o seu segundo encontro à frente dos catalãs, após a vitória no fim de semana no dérbi da cidade frente ao Espanhol, com um golo de penálti de Depay.
Este novo Barcelona, ainda com Xavi a tentar 'semear' as suas ideias', está num processo de recuperação de identidade. É uma equipa mais segura a defender, que não se desmonta com facilidade, embora ainda lhe falte muita coisa. Continua a ter muita posse de bola, com aquele carrossel para a frente, com muita mobilidade dos jogadores, muito jogo interior, exploração da largura e profundidade pelos laterais e avançados a recuarem para participar na construção ofensiva da equipa.
Para explorar este processo de transição, Jesus montou um 3-4-3 que demorou meia hora a carburar. Foi preciso passar Cebolinha da esquerda para a direita para o Benfica somar os primeiros momentos ofensivos e mostrar qualidade perante os quase 50 mil que estiveram em Camp Nou.
Essa mesma qualidade viu-se no processo defensivo, com André Almeida a fazer de terceiro central, Weigl nas compensações, João Mário a ajudar a equipa a respirar com bola e um quinteto defensivo muito solidário e sólido, que pouco deu ao Barça.
Na bola parada, que Jesus gosta de chamar o quinto momento de jogo, o Benfica mostrou pergaminhos. Primeiro num cabeamento de Yaremchuk que Ter Stefen defendeu com os pés, aos 36. No mesmo lance, bola no fundo das redes, num remate fantástico de pé esquerdo de Otamendi, que o árbitro anulou. Mas já lá vamos a esse lance.
O crescimento do Barcelona nos primeiros minutos do segundo tempo levaram Jorge Jesus a pensar que um ponto seria sempre melhor que zero e começou a tirar a avançados e a meter médios e laterais. Chegou a ter Grimaldo, Darwin e Pizzi como homens mais avançados, antes de trocar o lateral espanhol pelo suíço Seferovic e ficar em 5-3-2.
No período de maior domínio dos culés, principalmente com a entrada de Dembelé, valeu ao Benfica um inspirado Vlachodimos, mais uma vez crucial a manter a baliza a zeros.
Os números finais dizem que o Barcelona foi melhor, com mais do dobro dos remates do Benfica (14-6) mas apenas três enquadrados, contra dois do Benfica.
Momento do jogo: 'O que é isto, oh meu?'
Corria o minuto quatro dos quatro de compensação dados pelo árbitro russo Sergey Karasaev. O Benfica recuperou a bola na defesa e saiu em contra-ataque de dois para um. Darwin conduziu e soltou no momento certo para isolar Seferovic. O suíço tirou Ter Stegen do caminho e, com tudo para marcar, atirou ao lado, para desespero dos seus colegas de equipa e do banco do Benfica. Jesus acabou de joelhos em Camp Nou, incrédulo com o falhanço do seu jogador.
Polémica: Karasaev 'une' benfiquistas e sportinguistas. Lembram-se dele?
Sergey Karasaev era 'persona no grata' para os sportinguistas e agora será também para os benfiquistas. Aos 36 minutos, anulou um golo a Otamendi num lance difícil de entender. Na sequência de um canto, Rafa colocou em Otamendi que rematou de pé esquerdo, para golo. O lance foi prontamente anulado pelo juiz russo, por indicação do árbitro auxiliar, de que a bola teria feito um arco de fora para dentro, no canto. Mas vendo a jogada em repetição na TV, não é possível confirmar que a bola tenha mesmo saído. O árbitro auxiliar só levanta a bandeirola depois do pedido de vários jogadores do Barcelona de que a bola teria saído.
Para contextualizar: Karasaev era o árbitro do Schalke04-Sporting, de 2014/2015, quando marcou um penálti inexistente a favor dos alemães e que ajudou a derrotar os Leões na Alemanha por 4-3. Num jogo onde já vinha a acumular vários erros grosseiros, transformou uma bola na cara de Jonathan Silva em penálti a favor do Schalke04 aos 89 minutos e que deu a vitória aos alemães.
Os Melhores: Otamendi imperial, Vlachodimos intransponível
Dois passes para finalização, um corte decisivo, três desarmes, cinco interceções, oito alívios, três bloqueios de remate e oito alívios: estes foram os números apresentados por Otamendi em Camp Nou, de acordo com dados do GoalPoint. Na retina ficou um corte fantástico perante Depay, quando este se preparava para fazer golo aos 58 minutos; e outro diante de Dembelé, quando o francês ia ficar na cara de Vlachodimos, aos 91 minutos.
Vlachodimos não brilhou tanto como noutras ocasiões mas mostrou segurança e ajudou o Benfica a segurar o resultado. Nego o golo ao Barcelona em várias ocasiões, nos remates de Demir aos 8, Jordi Alba aos 28 e De Jong aos 66.
Os Piores: Seferovic ficará na história do jogo
Seferovic podia sair em ombros de Camp Nou mas será recordado, para sempre, por aquele falhanço aos 94. No Benfica, Rafa e Everton Cebolinha estiveram muito apagados no ataque, tanto que foram substituídos por Jesus.
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