António Costa abordou esta tarde a polémica à volta da final da Liga dos Campeões no Porto e as imagens que se viram da 'Cidade Invicta', invadida por adeptos ingleses que não cumpriram as regras e que chegaram fora da bolha que o governo tinha inicialmente anunciado.

“Manifestamente não correu tudo bem”, afirmou António Costa, admitindo que “o que aconteceu este fim de semana não pode servir de exemplo” e terá que “servir de lição”.

"É evidente que temos sempre todos a aprender, o estado e o governo em particular, com a forma como as coisas correm", começou por dizer em declarações à imprensa no Parlamento.

O Primeiro-Ministro frisou que as regras definidas inicialmente, foram concebidas para uma situação de fronteiras encerradas, situação que depois foi alterada.

"Quando foram fixadas as regras não estavam ainda abertas as fronteiras para a circulação turística e aquilo que foi previsto foi que os 12 mil lugares reservados para as equipas teriam de vir e voltar em regime de bolha. As indicações que temos é que 9680 pessoas vieram nessas condições, 80 por cento", afirmou.

António Costa recordou que a lotação máxima permitida pela DGS foi de 16500 pessoas, sendo que pouco mais de 14 mil pessoas estiveram no Estádio do Dragão e todos com testes negativos.

"Todos vieram com um teste negativo, sempre que houve suspeitas foram repetidos os testes e na realização dos testes só encontraram dois positivos", disse.

"Não é pelo facto de haver incumprimento das regras, que as regras deixam de ser legítimas. Todos os dias, infelizmente, há pessoas que não respeitam as regras e não é isso que as torna ilegítimas. (...)O que ocorreu este fim de semana não pode servir de exemplo e tem de servir de lição.

António Costa admitiu mesmo que as coisas não correram na perfeição e que o que aconteceu no último fim de semana não pode servir de exemplo.

"Não é pelo facto de haver incumprimento das regras, que as regras deixam de ser legítimas. Todos os dias, infelizmente, há pessoas que não respeitam as regras e não é isso que as torna ilegítimas. (...) O que ocorreu este fim de semana não pode servir de exemplo e tem de servir de lição", notou.

No final das declarações que prestou aos jornalistas no parlamento, Costa ainda foi questionado sobre as consequências políticas dos acontecimentos, tanto nos festejos incontrolados no Porto, no sábado, como em Lisboa quanto adeptos do Sporting festejaram o campeonato.

“Há sempre lições a tirar”, disse apenas, sem responder diretamente à pergunta das consequências políticas, no parlamento, em Lisboa, depois de participar numa reunião da COSAC (Conferência dos Órgãos Especializados em Assuntos da União dos Parlamentos da União Europeia).

Sublinhou, igualmente, que, nos incidentes do Porto, a polícia registou um “número muito limitado de incidentes e pessoas detidas”.

Independentemente da polémica com o que se passou no Porto, Costa avisou que “não é pelo incumprimento das regras” que elas “deixam de ser legítimas”, em resposta a uma pergunta sobre o que vai ser feito, por exemplo, com os Santos Populares, em junho, que levam milhares de pessoas às ruas.

O primeiro-ministro também anunciou que vai ser reforçada e clarificada a informação aos turistas que chegam ao país, por avião, sobre as regras em vigor para conter a pandemia de covid-19.

A final da Liga dos Campeões, entre Manchester City e Chelsea, decorreu no Porto, no sábado, num jogo com a presença de adeptos ingleses, que durante os últimos dias estiveram aglomerados no centro da cidade, a maioria sem cumprir as regras ditadas pela pandemia de covid-19, como o uso de máscara e o distanciamento físico.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.543.125 mortos no mundo, resultantes de mais de 170,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 17.025 pessoas dos 849.093 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

*Artigo atualizado às 17h41