Coincidências das coincidências: Ruben Amorim perdeu por 5-1 em casa diante do Ajax na sua estreia europeia pelo Sporting. João Pereira perdeu por 5-1 em casa, mas para o Arsenal, no seu primeiro jogo europeu ao comando dos leões.

Este foi apenas o segundo encontro do jovem técnico de 40 anos à frente dos campeões nacionais mas, se se perguntar a um adepto leonino se gostaria de ver João Pereira repetir tudo o que Amorim fez em Alvalade, garantidamente que responderia que si. Mesmo que seja preciso começar com uma goleada sofrida em casa para a Europa.

O baptismo do jovem técnico foi pesado, mas não diminui a ambição leonina de seguir em frente na nova liga milionária. Até ao final da fase de liga, há deslocações à Bélgica e à Alemanha para os duelos com Club Brugge e RB Leipzig, respetivamente, antes de fechar esta fase em Alvalade diante do Bolonha. O apuramento está nas mãos dos campeões nacionais.

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O Jogo: rematar quando tem de ser

O calendário foi duro para com João Pereira já que colocou o Arsenal, equipa em crescendo na Premier League após má fase, como primeiro obstáculo do jovem técnico de 40 anos, na sua estreia em provas da UEFA. A goleada de 5-1 ficará marcado na história do treinador, mas pouco mais havia para lhe pedir, depois de poucos treinos à frente da equipa.

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João Pereira optou por uma ala esquerda renovada, formada por Maxi Araújo e Marcus Edwards, e por aí passou parte do descalabro leonino. Os dois raramente conseguiram travar Saka, Odegaard e Timber, o trio que espalhou terror na esquerda da defensiva leonina.

A falta de agressividade do Sporting no primeiro tempo também explica os números da goleada. O Arsenal conseguiu sempre ligar o jogo sem esforço, pelos corredores laterais mas também pelo meio, comandado por Martin Odegaard. O prodigioso criativo recebia quase sempre na meia direita, de frente para o jogo, e dali desenhava quase tudo o que era ataque dos londrinos.

Defensivamente, o Arsenal pouco ou nada permitiu ao Sporting. Isto porque quando o Sporting tentou colocar o jogo ofensivo na dimensão física, como faz em Portugal, encontrou um adversário à altura. Gyokeres pouco ou nada conseguiu perante Saliba e Gabriel Magalhães, centrais muito rápidos e fortes, muito difíceis de bater tanto pelo chão como pelo ar.

O Sporting começou por apresentar uma defesa muito subida, com uma linha de cinco e depois outra de quatro, mas rapidamente foi descendo no terreno, perante a pressão dos ingleses. Mesmo com tanta gente, os de Mikel Arteta conseguiam sempre encontrar espaço para colocar a bola, sempre no 'timing' certo, para derrubar a armadilha do fora de jogo. Foi assim que nasceram os primeiros dois golos, de Martinelli e Havertz, aos sete e aos 22 minutos.

Apesar dos números do primeiro tempo (3-0, após golo de cabeça de Gabriel Magalhães), a reação leonina é boa no início da segunda parte. Uma equipa mais agressiva na pressão, jogadores mais juntos e sem medo de ir nas divididas. O Sporting passou a recuperar cedo a bola, conseguiu ligar o seu jogo e acordou.

Quando Gonçalo Inácio deu esperanças, num desvio de cabeça logo no segundo minuto do segundo tempo, os sportinquistas acreditaram. Mas durou pouco. A genialidade de Odegaard e a impetuosidade de Ousmane Diomandé deram a machadada final  no 4-1 de penálti de Saka, fechada nos 5-1 de Trossard, quando não havia crença nos campeões nacionais.

Estatisticamente, o Arsenal rematou menos que o Sporting (13 remates contra 19), acertou os mesmos tiros na baliza (9), mas o Leão só marcou por uma vez. A diferença é que os remates do Arsenal foram sempre mais perigosos.

Esta foi apenas terceira derrota caseira nos últimos três anos no Sporting. A última tinha sido para a Liga Europa diante da Atalanta: foram 32 jogos sem perder em casa.

Momento-chave: Gabriel acaba com as dúvidas

Se o 2-0 já seria um resultado difícil de inverter, um 3-0, dadas as circunstâncias do jogo, seria quase impossível. Quando Gabriel Magalhães saltou mais alto que Diomandé e St. Juste para desviar o canto de Declan Rice para o terceiro dos 'gunners', muitos dos sportinguistas sabiam que o jogo estava perdido ali.

Os Melhores: Odegaard é classe

Não marcou nenhum dos golos, mas o cardápio apresentado por Martin Odegaard no relvado de Alvalade ajuda a perceber a má fase dos 'gunners' quando esteve ausente por lesão. Quase tudo o que foi ataque do Arsenal passou pelo pé esquerdo do pequeno viking, quase sempre descaído na meia direita do ataque.
Saka também esteve em bom plano, com um golo e uma assistência, ele que foi eleito Melhor em Campo pela UEFA. Maxi Araújo passou um mau bocado com ele na lateral/ala esquerda leonina.

Em noite 'não': Marcus Edwards desperdiça mais uma 'vida'

Voltou a titularidade na sexta-feira na goleada ao Amarante onde mostrou bons pormenores, mas quando a exigência subiu, voltou a não dizer 'presente'. Foi muito assobiado numa situação em que desistiu de lutar pela bola, acabou por ser substituído por Daniel Bragança. Jogo para esquecer do inglês que tinha neste duelo com o Arsenal uma oportunidade de se mostrar à Premier League.

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