São mais de 40 golos na Champions, 20 vitórias seguidas em todas as competições e um apetite voraz para alcançar a sexta orelhuda em Lisboa – na terceira final da década. Em Alvalade, o Bayern confirmou o favoritismo, mas o resultado transmite uma sensação de superioridade inquestionável que esteve longe de existir. De resto, as primeiras ocasiões da partida pertenceram ao Lyon, que caiu com a honra intacta.

Sabendo que os alemães têm problemas no controlo da profundidade (Tuchel, Neymar e Mbappé sorriem), Rudi Garcia fez Toko-Ekambi descair para a direita, atacando as costas de Alphonso Davies. As lacunas posicionais do canadiano são compensadas por uma velocidade brutal para fazer correcções, mas nem sempre chegou para evitar que o avançado camaronês chegasse à finalização. A bola no poste foi o segundo aviso, já depois de uma perda de Thiago ter permitido que Caqueret isolasse Memphis Depay.

Este cenário inicial, com muito perigo para a baliza de Neuer, demonstrava que o Lyon queria continuar a derrubar gigantes. Não pressionava muito alto, mas disparava assim que recuperava a bola. Na esquerda, era Maxwell Cornet (extremo adaptado a ala) quem tentava chegar-se à frente e aparecer nas costas de Kimmich – recorde-se que os dois golos do Barça surgiram com desmarcações em profundidade de Jordi Alba. Seria neste flanco que tudo se decidiria a favor dos bávaros.

Hansi Flick teve mérito na forma como confundiu o bloco médio do Lyon e isso percebe-se logo no primeiro golo. A presença de Kimmich como lateral baixo, oferecendo soluções à construção do Bayern, criou muitas dúvidas nos franceses, sobretudo em Cornet, que saía para pressionar e muitas vezes ficava “a meio caminho”. Assim, o inspirado Gnabry - um avançado que joga a partir da ala - recebia com espaço e acelerava na direcção da baliza. Marcou um golaço, recuperou a bola (perda proibida de Cornet) e foi encostar para o 2-0.

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Até ao intervalo, Toko-Ekambi ainda surgiu outra vez nas costas da defesa do Bayern, num lance em que Neuer se precipitou na saída. O campeão germânico continuava com dificuldades no controlo da profundidade, mas o 1-0 trouxe outra tranquilidade para gerir o jogo com bola, estendendo os ataques e diminuindo os erros. Além de Kimmich, a exibição monstruosa de Alaba (passes curtos e longos sempre a criar vantagens) e a dimensão associativa de Thiago permitiram que a turma de Flick se superiorizasse, finalmente.

Rudi Garcia foi capaz de identificar o principal problema da equipa e assumiu definitivamente o 5-4-1, com Aouar a proteger Cornet no lado esquerdo. O médio francês, que brilhou contra o Man City, teve mais protagonismo com bola nesta segunda metade e lançou Toko-Ekambi na melhor ocasião do Lyon (falhou novamente na finalização perante o gigante Neuer). É provável que tenha sido o último jogo do criativo com a camisola do OL, mas segue-se Maxence Caqueret: já deu uma demonstração do que pode valer nesta final-8: joga de cabeça levantada, solta-se da pressão e distribui com uma inteligência própria dos mais talentosos.

Perante a maior iniciativa dos franceses, o Bayern manteve as linhas subidas e tentou impor-se através da pressão alta. Neste sentido, sobressaíram as qualidades defensivas de Alaba para defender com espaço nas costas, garantindo coberturas e um controlo da profundidade eficaz. Além da clara ocasião de Perisic, o campeão alemão não foi tão afirmativo quanto na primeira parte (após o 1-0) e deixou o jogo em aberto até perto do final, quando Lewandowski marcou (antes houve um golo anulado a Coutinho). Não teve tanta participação como é habitual, mas marcou pela nona vez consecutiva na Champions. Já estava Rayan Cherki - prodígio do Lyon, de apenas 17 anos, que junta fantasia e qualidade técnica - em campo.

Rudi Garcia passou para o 4-2-3-1, tentou aproveitar a presença física de Dembelé entre centrais, mas os franceses perdoaram as ocasiões que tiveram e vão para casa. Depois do 8-2 ao Barça, fica uma exibição suficiente do Bayern para garantir o acesso à final. A poderosa máquina bávara terá de ser mesmo infalível, porque Neymar, Mbappé e Di María vêm aí.

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