É nos grandes palcos como a Liga dos Campeões que os jogadores costumam saltar para a ribalta. A prova milionária da UEFA, onde está a elite do futebol mundial, funciona como um barómetro da qualidade dos atletas. Quem se sobressai, acaba por estar entre os destaques da imprensa e estar mais perto de uma transferência e de um contrato milionário.
A contratação de Zaidu por parte do FC Porto já tinha colocado o lateral no radar dos principais clubes mas a sua exibição frente ao Marselha deverá chamar a si mais atenção nos próximos tempos. O homem que há dois anos jogava no Mirandela, na 3.ª divisão de Portugal, continua a dar nas vistas nesta primeira época de Dragão ao peito, após uma temporada no Santa Clara. Esta quarta-feira fez um golo e deixou o FC Porto a um ponto dos oitavos de final da Liga dos Campeões. Quando o jogo com o Marselha parecia complicado para os campeões nacionais, apareceu Zaidu a sossegar as hostes portistas. Não é um Alex Telles mas está a ganhar o seu espaço no Dragão.
Um novato a desapertar o colete de forças
O primeiro lance de perigo do FC Porto em todo o encontro frente ao Marselha, nesta 4.ª ronda do Grupo C, saiu dos pés de… Zaidu: incursão pela esquerda, tabelinha com Luis Diáz e centro tenso à procura de Marega. O maliano estava atrasado mas entendeu a intensão. Até lá, só dava Marselha, com o FC Porto a sentir inúmeras dificuldades para sair a jogar. O 4-3-3 de Sérgio Conceição tinha dificuldades em ter bola e não conseguia lançar Marega com passos longos porque também o Marselha jogava com uma defesa mais baixa, retirando a profundidade que o maliano tanto gosta.
Curiosamente, o primeiro lance de perigo do jogo nasceu de uma perda de bola de Zaidu. O lateral esquerdo foi pressionado, entregou mal a bola para um adversário. Valeu a pronta intervenção do capitão Sérgio Oliveira a estorvar o remate de Rongier.
As dificuldades do FC Porto em sair explicam-se pela agressividade que o Marselha colocava na disputa dos lances, sempre com entradas mais duras sobre os homens mais tecnicistas do FC Porto. Otávio, Corona e Luis Diáz quase que não respiraram no primeiro tempo. Os laterais estavam 'presos' atrás, e iam também acumulando um punhado de maus passes na saída. Apesar do sufoco, a equipa francesa só criou perigo num lance de bola parada.
No meio do aperto, emergiu Zaidu, o mais inexperiente dos Dragões em campo: aos 38 saiu disparado no seu corredor, a acompanhar um ataque do lado contrário, recebeu um passe longo e rematou, para defesa complicada de Mandanda. No lance seguinte marcou, no segundo remate do FC Porto enquadrado com a baliza. Os três lances de perigo do FC Porto durante toda a primeira parte tinham o selo de Zaidu Sanusi, o 'comboio' da Nigéria.
A reação do Marselha surgiu no segundo tempo, já com Payet, Benedetto e Cuisance em campo. E, mais uma vez, lá estava Zaidu para os travar: aos 60 minutos, o nigeriano de 23 anos fez um corte fantástico, num centro de Payet que tinha como destino final Thauvin, ao segundo poste.
As expulsões de Grujic e Baleri deixaram mais espaço para as equipas atacarem, embora o 2-0 de Sérgio Oliveira (sétimo golo na época, melhor marcador do FC Porto em 2020/21), de grande penalidade, tenha 'matado' as aspirações da equipa de André Villas-Boas. As derradeiras oportunidades do Marselha estiveram na cabeça e no pé esquerdo de Benedetto mas os remates do argentino foram ao poste e à malha lateral da baliza do seu conterrâneo Marchesin.
Zaidu mostrou que a noite era mesmo dele quando, os 80 minutos, ainda teve tempo para um sprint na lateral esquerda, depois de ganhar em velocidade ao seu marcador direto.
Terceiro jogo sem sofrer golos na Champions para o FC Porto, oitavos a apenas um ponto (ou nenhum, se o Olympiacos não vencer o Marselha) e o Dragão bem encaminhado para um dos principais objetivos da época. Os campeões nacionais até podem discutir o primeiro lugar do grupo, se vencerem o Manchester City na próxima ronda por dois golos ou mais de diferença. Neste momento o City, já apurado, soma 12 pontos, contra nove do FC Porto (já garantiu a Liga Europa) e três do Olympiacos.
Já o Marselha somou a quarta derrota seguida esta época na prova, a 13.ª consecutiva na Liga dos Campeões, batendo assim o recorde de jogos a perder que pertencia ao Anderlecht (12 derrotas seguidas). A equipa de André Villas-Boas ainda poderá lugar pela Liga Europa mas terá de vencer o Olympiacos, de preferência com dois golos ou mais de diferença. Neste momento é a única equipa sem qualquer golo na prova.
Momento-chave: Zaidu 'descansa' Dragão antes do intervalo
Corria o minuto 39 quando o FC Porto adiantou-se no marcador, fruto da boa reação de Zaidu, por duas vezes, a um ressalto na área, após cabeceamento de Grujic. O lateral nigeriano foi rápido a reagir e, a dois tempos, bateu Mandanda. No minuto anterior tinha feito o primeiro remate enquadrado do FC Porto com a baliza. Um golo que veio acalmar a forte pressão francesa.
Os Melhores: Incansável Zaidu e Oliveira goleador
Foi dos pés de Zaidu que surgiram os primeiros três lances de perigo do FC Porto. O nigeriano esteve bem a defender, embora com um ou outro erro no passe. Fez um corte fantástico, quando o jogo estava 1-0, golo esse que saiu seus pés. Aos 80 minutos ainda tinha 'pilhas' para fazer sprints até a área contrária. Uma locomotiva!
Sérgio Oliveira fez um grande jogo, não só pelo golo que marcou (o terceiro nesta edição da Liga dos Campeões) mas também pelos pormenores técnicos que evidenciou. Tentou acalmar o jogo no primeiro tempo face a pressão contrária e acelerou quando foi preciso, para colocar a equipa uns metros mais a frente.
Os Piores: Grujic ia borrando a pintura
Grujic respondeu a titularidade com um jogo de altos e baixos. Deixou a equipa a jogar com dez aos 65 minutos, ao ver o segundo amarelo numa entrada fora de tempo ainda perto da zona do grande círculo. Pedia-se mais contenção a quem já tinha amarelo.
O Marselha continua sem marcar qualquer golo nesta edição da Liga dos Campeões (é a única equipa sem golos na prova), tendo perdido todos os quatro jogos. A falta de experiência em provas da UEFA parece estar a pesar nos comandados de André Villas-Boas, assim como a falta de qualidade, tanto defensiva como ofensiva.
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