No adeus do FC Porto à Liga dos Campeões foram os adeptos que brilharam ao mais alto nível. Cerca de três mil marcaram presença em Anfield Road onde abafaram por completo os da casa com cânticos e incentivos à equipa do início ao fim. O empate frente ao Liverpool em Inglaterra acaba por ser um bónus, para uma equipa que tinha selado o seu destino quando perdeu na primeira-mão dos oitavos-de-final da Champions, em casa, por 5-0. Empate é grande 'vitamina' para atacar o que resta da Liga.
O jogo: morno no relvado, escaldante nas bancadas
A despedida do FC Porto da Liga dos Campeões ficou selada há 14 dias, com a maior goleada sofrida em casa para as provas da UEFA, pelo que o jogo da segunda-mão em Anfield Road foi apenas para cumprir calendário. Os próprios treinadores assim o entenderam, com Conceição a mudar sete elementos em relação ao onze que venceu o Sporting para a Liga na passada sexta-feira. Jurgen Klopp aproveitou para fazer descansar algumas 'peças' importantes da equipa, fazendo cinco alterações em relação ao onze que venceu o Newcastle no sábado.
E foi ao ritmo do resultado do primeiro jogo que se desenrolou a partida, com os 'reds' a não forçarem muito e o FC Porto a sair para o ataque com risco calculado, preferindo antes a posse de bola. Sérgio Conceição tinha alertado que era importante manter o equilíbrio, algo que não se verificou no encontro no Dragão e que resultou numa derrota histórica. A inclusão do miúdo Bruno Costa (estreia absoluta na equipa principal), num meio-campo a três, com Óliver e André André era o sinal de um técnico que queria ver a sua equipa com bola, sem precipitações. Os 'dragões' continuavam a sair com a bola controlada desde trás, com Óliver a baixar para receber e organizar jogo, apesar de alguns erros do espanhol no passe, logo na saída de bola.
Apesar de ter-se apresentado um meio-campo a três, a formação azul-e-branca ia perdendo no confronto físico. André André, Óliver e Bruno Costa iam tendo dificuldades contra Milner, Henderson e Emre Can, jogadores com outra pujança, habituados ao ritmo da Premier League. Pelo que a forma de chegar a área contrária passaria também por tentar explorar as costas da defensiva inglesa, tanto por Aboubakar como por Majeed Warris. O camaronês foi lançado por Corona em duas situações no primeiro tempo, mas Aboubakar não conseguiu encontrar o caminho do golo.
No Liverpool eram as estrelas quem criavam mais perigo, principalmente quando o FC Porto falhava em momentos defensivos. Sadió Mané enviou uma bola ao poste após erro de Dalot. Antes tinha desviado por cima um centro de Joe Gomez após perda de bola de Bruno Costa. No segundo tempo, num jogo sem muita história, Milner voltou a estar perto do golo logo a abrir e Ings obrigou Casillas a grande defesa quase a fechar o encontro.
Se no relvado o nulo persistia, nas bancadas os quase três mil adeptos portistas iam 'goleando' nos cânticos de apoio a equipa. Parecia que o jogo estava a decorrer no Estádio do Dragão, tal a força dos adeptos azuis-e-brancos, que nunca se cansaram de apoiar os jogadores e cantar 'Eu quero o Porto campeão'. No final, reforçaram ainda mais este pedido, depois de os 'dragões' confirmarem o primeiro empate em Anfield Road ao cabo de três visitas e também o adeus a Liga dos Campeões.
Ao 19.º jogo em Inglaterra, o FC Porto continua sem ganhar, mas desta vez consegue um empate, embora sem grande expressão na eliminatória. Os 'reds' seguem para os quartos-de-final da Liga dos Campeões, nove anos depois, os ‘dragões’ ficam-se pelos ‘oitavos’ pelo segundo ano seguido.
Momento-chave: Lovren negou momento histórico aos 'dragões'
Numa altura em que o FC Porto arriscava mais e o Liverpool já estava conformado com o resultado, Óliver teve nos pés a melhor oportunidade dos ‘dragões’, mas o seu remate, na pequena área, foi devolvido pelas pernas de Lovren. Um remate que podia dar a primeira vitória em solo inglês.
Os melhores: Serenidade de Casillas na afirmação de Filipe
Casillas foi dos melhores em campo. Fez a defesa da noite aos 88 minutos, negando o golo a Ings. Antes tinha travado alguns remates dos jogadores dos 'reds', sem dar muito nas vistas, mas sempre com boa posicionamento e eficácia.
O nulo também se deve a grande exibição de Filipe. O central ganhou quase todos os lances que disputou e esteve sempre bem posicionado. Uma exibição a 'piscar o olho' ao ‘Escrete’.
Os piores: Corona abusou do 'modo gestão' e voltou a desiludir
Corona tarda em convencer os adeptos esta época. Jogo após jogo, vai desperdiçando oportunidades: decide quase sempre mal, executa de forma desastrosa. O que lhe vale é que esta época não há assobios para nenhum jogador do FC Porto.
'Modo gestão': os 5-0 da primeira-mão retirou alguma intensidade que as duas equipas podiam colocar em campo. O Liverpool sabia que dificilmente ia perder a eliminatória, o FC Porto entrou, sobretudo, para não perder. E o jogo sofreu com isso, com duas equipas à espera do apito final sem arriscar muito.
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