As circunstâncias ao longo de uma partida vão-se alterando, e o domínio do embate e os momentos do jogo foram sendo repartidos entre Benfica e Feyenoord ao longo dos 90 minutos. No entanto, tanto na vertente defensiva, como ofensiva, os neerlandeses nunca perderam a identidade. O conjunto treinado por Brian Priske é uma equipa 'matreira', mas em teoria não seria dos adversários mais temidos nesta fase de liga da Champions. Na pré-época, o Benfica aplicou uma mão cheia de golos a este conjunto, ainda com Roger Schmidt no comando da equipa, e certamente o embate serviu de lição para o atual quarto classificado da Eredivisie, a já 11 pontos do líder PSV.

Mas o futebol tem esse grau de imprevisibilidade: Os neerlandeses surpreenderam pelo sentido coletivo, e pela leitura de jogo. Marcaram cedo, por Ueda, aos 12´, as circunstâncias foram favoráveis, mas os neerlandeses foram frios, na forma como geriram a vantagem e como tentaram sempre, com critério, chegar à frente de ataque. No segundo tempo, e já no período do desespero, quando o Benfica procurava de forma algo atabalhoada o empate, os neerlandeses foram mais argutos e souberam 'matar' as esperanças do Benfica já na parte final da partida.

A ação defensiva dos neerlandeses estancou o jogo pelos corredores do Benfica, e o Feyenoord, fruto dos processos simples, conseguiu criar quase sempre linhas de passe para explanar o que pretendia. Foi esta consistência do adversário que 'abanou' circunstancialmente a 'Lua de Mel' de Lage no Benfica, pelo menos a série de vitórias, que já ia em seis consecutivas.

LEIA A CRÓNICA E VEJA AQUI OS GOLOS DA PARTIDA

Os encarnados viveram uma autêntica noite de pesadelo. quando nada o fazia prever, num desempenho pejada de erros individuais e coletivos. Meio campo muito apagado, com Kokçu – a jogar contra a sua antiga equipa – em noite não e Aursnes muitos furos abaixo do habitual. No duelo de blocos, os neerlandeses levaram a melhor.

Claro que aquele minuto 12, momento do golo de Ueda, desmontou e abanou com o dono da casa, uma Luz cheia, em noite de calor, num ambiente digno de Champions e de estrelas. Sabendo-se que as circunstâncias de jogo condicionam, a bola ao poste de Bah ao ferro impediram que o Benfica chegasse ao empate de pronto. O Feyenoord atirou de novo para dentro da baliza, novamente por Ueda, num golo prontamente anulado pelo VAR. Mas o 2-0 chegou mesmo, num lance de grande categoria de Milambo, que tirou Otamendi da frente antes de bater Trubin.

Na segunda parte, o Benfica não apareceu de cara lavada, mas pelo menos com mais atitude. Defensivamente a 'pôr-se a jeito'. Os neerlandeses voltaram a ter um golo anulado, da autoria de Trauner. Seria o canto do cisne, mas esse revés para o adversário funcionou como balão de oxigénio para os homens de vermelho. Lage percebeu o momento. Lançou Beste e Andouni e o Benfica reduziu pelo inevitável Aktürkoglu, numa recarga, depois de um remate de Beste. O adversário meteu gelo, não desesperou e matou num tento de Milambo.

Momento

O embate foi feito de momentos, os golos anulados, as bolas no poste que até poderiam ter virado as contas do jogo - houvesse pontaria. Mas aquele tento de Ueda, aos 12 minutos, foi a prova cabal do que os neerlandeses pretendiam do embate na Luz. Uma equipa sem medo, com atitude, e serenidade de Champions.

Melhores

Milambo - Genial no capítulo do drible, a forma como passou por Otamendi e fuzilou Trubín. Acabou por fechar as contas ao minuto 92. Foi o jogador que melhor expressou a qualidade e o pragmatismo que o Feyenoord exibiu na Luz.

Igor Paixão - O extremo brasileiro esteve particularmente inspirado, sempre presente nos lances de maior perigo dos visitantes, sem que o ninguém encontrasse o antídoto para o travar.

Aktürkoğlu: Marcou o golo do Benfica, mas sentiu dificuldades para se impor ao velocíssimo lateral Jordan Lotomba. Na segunda parte subiu o rendimento, e voltou a fazer o 'gosto ao pé'.

Pior

Meio-campo do Benfica

Kokçu, Florentino e Aursnes viveram uma 'noite não' e foram completamente 'metidos no bolso' pelo miolo adversário. Excelente trabalho de marcação por parte dos neerlandeses, numa pressão homem a homem. Sem conseguiu fugir da marcação, a equipa encarnada sentiu sempre muita dificuldade para canalizar o jogo para os homens da frente.

Reações

Bruno Lage desiludido com os golos sofridos e Otamendi promete resposta contra o Rio Ave