Uma grande segunda parte do Benfica ia deixando a eliminatória em aberto mas depois apareceu Luis Diaz a dar a 'estocada' final e a 'apagar' a Luz, na 1.ª mão dos quartos de final da Liga dos Campeões. O Benfica voltou a ser bipolar, a somar erros técnicos na zona intermédia que lhe foram fatais diante de um Liverpool perdulário na Luz. O 3-1 deixa a eliminatória quase resolvida para os ingleses, que tem a vantagem de jogar em casa perante os seus adeptos na segunda-mão.
Ao contrário do que prometeu, Nélson Veríssimo não conseguiu que o seu Benfica dividisse o jogo. A equipa só se pode queixar de si mesma.
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O Jogo: ambição e risco
O duelo com o Liverpool pedia um Benfica de dimensão europeia, diferente da 'cara' da Águia na I Liga, como ficou patente na última derrota diante do SC Braga na sexta-feira passada. Pedia um Benfica eficaz no seu jogo, com acerto nas marcações e melhores decisões no último terço. Pedia, acima de tudo, um Benfica europeu para discutir a eliminatória com uma das melhores equipas do mundo.
A ambição mostrada por Nélson Veríssimo, a não fugir daquilo que tem sido a equipa, espelhada num 4-4-2, pedia um Benfica de sacrifício e isso viu-se nos homens da frente. Rafa não deixou que Alexander-Arnold subisse tanto como gosta, Everton fez o mesmo com Robertson no flanco oposto e os laterais Grimaldo e Gilberto estiveram em bom plano diante de Salah e Luis Diaz.
O plano tinha 'pernas para andar' mas pedia também cabeça no miolo, onde o Liverpool podia ganhar superioridade, com os três médios Fabinho, Keita e Thiago Alcântara. A linha defensiva um pouco subida, todos atrás da linha da bola e Darwin encostado em Fabinho ajudaram o Benfica a equilibrar o jogo mas sempre longe de a discutir: o Liverpool tinha bola, é certo, mas com dificuldades na criação já que o Benfica não pressionava na saída de bola dos 'reds', deixando assim a construção muitas vezes para os centrais.
O problema esteve nos recursos técnico-táticos do Liverpool, uma equipa que marca de todas as formas. Se no jogo corrido estava difícil, a bola parada desbloqueou, com o gigante Konaté a 'gelar' ainda mais a noite na Luz, aos 17 minutos. O 2-0 de Mané (passe de Luis Diaz, após ganhar as costas entre Gilberto e Otamendi) aos 34 minutos, após uma das muitas perdas de bola na saída para o ataque, deixava antever um jogo difícil para o Benfica.
Pairou no ar a ideia de goleada, até porque as oportunidades iam surgindo para os ingleses. Ia valendo ao Benfica Odysseas Vlachodimos, sempre presente nestas ocasiões.
Num raro erro defensivo (Konaté borrou a pintura) o Liverpool sofreu, o Benfica acordou e entrou na discussão do resultado. Alisson apareceu na hora certa e, a acabar, Luis Diaz 'matou' o jogo.
O Benfica cresceu quando conseguiu partir o jogo com os vários contra-ataques no segundo tempo e cresceu também nos erros que obrigou o Liverpool a cometer. Mas, tal como no 2-0, voltou a sofrer também em transição, após mais um mau passe no meio-campo, o que apanhou a equipa desequilibrada.
Fica a ideia que, com um melhor acerto na zona intermédia a nível do passe, os Encarnados podiam sair com outro resultado e ir a Anfield discutir a passagem às meias-finais. O 1-2 dava mais esperanças, o 1-3 deixa o Benfica a precisar de uma mão divina.
Momento-chave: Alisson trava empate
No melhor período do Benfica e já depois de Darwin ter reduzido e atirado ao lado uma boa oportunidade, Alisson Becker foi chamado a intervir para negar o 2-2 a Everton, aos 61 minutos. Contra-ataque do Benfica pela direita, bola metida no brasileiro que, à entrada da área, disparou forte para uma grande defesa do guardião canarinho. O Liverpool conseguia aguentar o ímpeto atacante do Benfica.
Os Melhores: Odysseas evitou goleada, Luis Diaz apagou reação benfiquista
Foram cinco defesas cruciais de Odysseas Vlachodimos em todo o jogo, a travar golos cantados do Liverpool. Na primeira parte, Luis Diaz e Salah apareceram-lhe pela frente, isolados, mas levou a melhor. No segundo tempo foi Diogo Jota e, novamente o grego a sair por cima. Ainda travou os tiros de Salah e Luis Diaz que levavam selo de golo.
Luis Diaz regressou à Portugal onde, até janeiro último, representava o FC Porto. Voltou a mostrar porque o Liverpool apressou-se na sua contratação: um golo, uma assistência e muitos lances de perigo a sairem dos seus pés. Foi o melhor dos da frente do Liverpool, entre Salah, Mané, Diogo Joga e Firmino (os últimos dois entraram nos lugares dos dois primeiros) e o melhor dos 'reds'.
Uma palavra para o ambiente fantástico no estádio da Luz, em mais uma grande noite de Champions. Quase 60 mil nas bancadas.
Em noite 'não': Taarabt perdido
Jogar com Taarabt ao lado de outro médio num 4-4-2 nuns quartos de final da Liga dos Campeões é um risco enorme. O marroquino formou-se como um 'dez' ou segundo avançado mas foi recuando no terreno e hoje em dia é um '8', que continua com as suas irreverências de um '10': acelera o jogo, rompe pelo meio em condução, queima metros, leva a equipa para a frente, arrisca. O problema é quando falha no passe ou no acelerar, deixando a equipa exposta. Foi dos pés do marroquino que nasceu o 2-0 do Liverpool, após mau passe. Aos 54 minutos já levava oito perdas de bola. Demasiado para uns 'quartos' de uma Champions.
Reações: Nélson Veríssimo ainda acredita
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