Inglório. O FC Porto lutou e muito em Londres, teve oportunidades para ser feliz, mas acabou eliminado nos oitavos de final da Liga dos Campeões ao sair derrotado no desempate por pontapés da marca de grande penalidade frente a um Arsenal, atual líder da Premier League inglesa, que se mostrou bem mais eficaz nesse momento que decidiu a eliminatória.

Mas se os gunners foram mais fortes nesse capítulo, não o foram ao longo dos 210 minutos de jogo do conjunto das duas mãos, ao longo dos quais o FC Porto mostrou estar à altura do adversário. Depois da vitória ao cair do pano no Estádio do Dragão, na primeira mão, em fevereiro, nesta segunda mão a equipa de Sérgio Conceição acabou por sofrer um golo já perto do final do intervalo que acabou por deixar tudo igualado.

Sofrer apenas um golo perante de um Arsenal que tem mostrado uma qualidade ofensiva e uma veia goleadora assinalável ao longo da temporada é, por si só, digno de registo e mostra como o FC Porto lutou até ao fim por outro desfecho que não o que acabou por ter na eliminatória. Mas, em Londres, o FC Porto nem se limitou a defender. Teve mesmo lances ofensivos em que ameaçou a baliza contrária, nos quais, com melhor definição, poderia ter sido feliz.

Só que não foi. E acabou mesmo por dizer adeus à Champions. O problema, agora reside em conseguir lá voltar na próxima época, o que não se adivinha nada fácil. Terminada a aventura europeia desta temporada, resta pois ao FC Porto tentar o tudo por tudo para chegar ainda a um dos dois primeiros lugares na Liga portuguesa para poder estar de novo, em 24/25, numa competição para a qual só não se apurou (pelo menos para as pré-eliminatórias) por três vezes desde 1992/93.

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O jogo: resistir até ao fim para cair nos penáltis

Com o FC Porto a atravessar um bom momento, fruto das moralizadoras vitórias sobre Benfica e Portimonense, Sérgio Conceição voltou a apostar na mesma equipa que havia entrado em campo nessas partidas e, apesar de ter visto o Arsenal criar perigo logo a abrir, a formação azul e branca conseguiu equilibrar a contenda até à meia hora, criando até alguns lances de perigo.

Porém os anfitriões voltaram a crescer na parte final do primeiro tempo e, quando já se penava que o nulo iria subsistir até ao intervalo e os dragões iriam recolher aos balneários ainda em vantagem na eliminatória, a equipa da casa marcou mesmo. Odegaard mostrou toda a sua qualidade e, com um passe genial, serviu Tossard que, dentro da área, com classe, rematou rasteiro e colocado para o 1-0.

A segunda parte começou, então, com a eliminatória empatada e só perto da hora de jogo o Arsenal conseguiu voltar a criar perigo, chegando mesmo a colocar a bola no fundo das redes, num lance invalidado por falta sobre Pepe. Sem sofrer muito, o FC Porto continuou a resistir, lançou alguns contra-ataques dos quais podia ter tirado melhor proveito e só já dentro dos dez minutos finais viu o Arsenal criar novamente perigo. Aí, brilhou Diogo Costa a negar o golo a Gabriel Jesus e a garantir que a decisão seguia para prolongamento.

Um prolongamento com pouca história, sendo notório o desgaste de ambos os lados, levou tudo para o desempate por pontapés da marca de grande penalidade. E aí, sim, o Arsenal foi melhor: Odegaard, Havertz, Saka e Rice converteram os seus penáltis de forma irrepreensível, sem hipóteses para Diogo Costa. Do lado do FC Porto, Pepê e Grujic marcaram, mas Wendell e Galeno permitiram a defesa de Raya.

O momento: Trossard leva tudo empatado para o intervalo

Decorria o minuto 41 quando muitos já pensavam que o intervalo ia seguir com o nulo no marcador, resultado que deixava o FC Porto a 45 minutos do apuramento para os quartos de final, fruto do triunfo por 1-0 na primeira mão. Mas não. O Arsenal iria marcar e o intervalo chegaria com a eliminatória empatada. Com um passe fantástico, Odegaard assistiu Trossard, que se desmarcou nas costas de João Mário. A posição nem parecia fácil, mas com um remate pleno de categoria, o belga fez a bola entrar para o fundo das redes.

A figura: Pepe incansável aos 41 anos no possível adeus à Liga dos Campeões

Poderá ter sido o último jogo de Pepe na Liga dos Campeões. Aos 41 anos, e com o FC Porto em dificuldades para lá voltar, talvez o defesa central internacional português não volte mais a jogar numa competição que conquistou por três vezes ao longo da carreira. Mas se este que foi o seu 120.º jogo na Champions foi mesmo o seu último na prova, então Pepe despediu-se de pé e com a cabeça bem erguida. Cortou inúmeros lances, pelo chão e pelo ar (na retina fica um desvio subtil mas providencial, de cabeça, ao segundo poste, a meio da primeira parte, quando Havertz surgia nas suas costas, pronto para marcar) e até quando parecia que tinha falhado (no lance do golo anulado ao Arsenal), só falhou porque foi puxado pela camisola.

As reações

- Sérgio Conceição: "Foi inglório perder o apuramento desta forma. Nos dois jogos fomos superiores"

- Pepe agradece aos adeptos e elogia os colegas de equipa: "Foram verdadeiros dragões"

- Arteta feliz com o apuramento e diz que não se passou "absolutamente nada" entre ele e Conceição