Um Silva, dois Silvas, três Silvas, ou melhor, André Silva, Rafa Silva e Bernardo Silva. Foi este o trio que ajudou Portugal a quebrar a resistência polaca e trazer para Lisboa os três pontos depois da vitória por 3-2 frente à Polónia. Num jogo que voltou a não contar com o capitão Cristiano Ronaldo, a equipa lusa voltou a mostrar bom pormenores num sistema de 4x3x3. Mas não precisava de ter suado para conquistar a vitória.
Em Chorzow, no sul da Polónia, Portugal deu um passo de gigante para atingir as meias-finais da Liga das Nações de futebol num jogo em que até começou a perder, mas partiu, depois, para uma grande exibição.
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O Jogo: Começo com o pé esquerdo, mas com exibição muito positiva que terminou em sufoco
Rafa Silva foi a novidade em Portugal em relação ao jogo com a Itália no Estádio da Luz face à baixa de última hora de Bruma, com um problema intestinal. O extremo do Benfica, que foi titular pela primeira vez num jogo oficial da seleção nacional, surpreendeu durante o encontro e teve uma ação decisiva no segundo golo, a meias com o polaco Glik.
A equipa portuguesa até começou bem a partida, com Fernando Santos a apostar novamente num sistema de 4x3x3 com William Carvalho a segundo médio ao lado de Pizzi e que contou com a inteligência e capacidade de construção do '6' Rúben Neves, mas foi a Polónia a primeira a marcar. Piatek cumpria a segunda internacionalização com a camisola polaca, mas isso não o intimidou e foi capaz de saltar mais alto que os adversários e cabecear para o primeiro golo dos polacos aos 18 minutos. Rui Patrício saiu em falso e ficou a queixar-se de falta de Lewandowski, mas o árbitro espanhol Carlos del Cerro nada assinalou.
Os campeões europeus reagiram bem a esta entrada em falso e com a ajuda do futebol 'rendilhado' de William Carvalho, Pizzi e Bernardo Silva conseguiram criar mais perigo na área adversária. A simplicidade de processos e a troca constante entre o jogo interior e exterior ajudou a desmontar a defesa da Polónia e a encontrar mais espaço para rematar e claro marcar golos que foi o que aconteceu aos 31 minutos. João Cancelo, um dos melhores na partida, lançou Pizzi na direita que cruzou de primeira para o primeiro Silva, o André, empatar o encontro.
E num jogo em que os Silvas estiveram em destaque, outro também quis ajudar na 'festa'. Tudo começou com um passe fenomenal - não encontro outra palavra - de Rúben Neves para o segundo Silva, o Rafa. Contrariando a habitual saída para ataque a três jogadores, o médio do Wolverhampton decidiu tirar uma assistência do livro e isolar o extremo do Benfica que a meias com o polaco Glik, que ao tentar o corte introduziu a bola na própria baliza.
Na segunda parte, a Polónia repetiu um comportamento que já havia demonstrado na primeira parte e que repetiu várias vezes durante o encontro: recuperar passiva e lentamente à perda da bola. Portugal aproveitou esse desleixo dos polacos e aos 52 minutos conseguiu chegar ao 3-1. O terceiro Silva, o Bernardo, recuperou a bola ainda algo distante da área adversária, e num movimento característico, de fora para dentro, foi galgando metros e ultrapassado vários adversários até finalizar de pé esquerdo, à entrada da área. Fabianski ainda se esticou e conseguiu tocar no esférico, mas este acabaria por entrar. Excelente golo do médio do Manchester City.
Depois de ter uma vantagem de dois golos, a equipa portuguesa resguardou-se um pouco, talvez um pouco cedo, e os polacos começaram a assumir a iniciativa de jogo e a conseguir ter posse no meio campo português, recuperando várias bolas em zonas ofensivas. Portugal perdeu o controlo da partida e a Polónia acabou mesmo por conseguir reduzir para 2-3. Jakub Blaszczykowski atirou de primeira para o golo dos polacos e relançou-os no jogo quando ainda faltavam 13 minutos para os descontos do segundo tempo.
Quando se esperava que a Polónia partisse para cima de Portugal para tentar marcar o golo do empate, verificou-se precisamente o contrário. Fernando Santos refrescou primeiro o meio-campo, com Renato Sanches (ainda antes do segundo da Polónia), e depois reforçou-o, com Danilo Pereira.
A entrada do médio do FC Porto fez com que os lusos retomassem o controlo do jogo e até criassem várias oportunidades para 'matar' a partida. Renato Sanches esteve perto do golo aos 84 minutos ao isolar-se e rematar para o tiro certeiro, mas Kedziora, em cima da linha de baliza, impediu o golo ao médio do Bayern Munique que, aos 90, atirou para grande defesa de Fabianski. Depois foi a vez de Bruno Fernandes desperdiçar uma soberana oportunidade ao 90+2', após assistência de André Silva.
O próximo jogo de Portugal nesta prova é a 17 de novembro, em Itália, no Estádio de San Siro, em Milão, recebendo três dias depois, em Guimarães, a Polónia, seleção que recebe já no domingo a equipa transalpina. Se der empate, Portugal está nas 'meias'.
O Momento: Abram alas ao mago Rúben Neves e à magia de Bernardo Silva
Aos 43 minutos, Rúben Neves abriu o livro e tirou de lá uma assistência portentosa que atingiu uns incríveis 50 metros e chegou a Rafa Silva que com um toque de classe ultrapassou Fabianski. Quando o internacional português se prestava a marcar, o defesa Glik tentou o desarme e colocou a bola na própria baliza.
Bernardo Silva também não quis ficar para trás e 'sacou' da cartola uma jogada individual extraordinária que terminou num golo não menos espetacular. O médio-ofensivo recebeu a bola de William Carvalho e foi por aí fora no recinto de jogo, ultrapassando vários adversários e rematando depois colocado em zona frontal sem hipóteses para o guardião polaco.
A Polémica: João Cancelo caiu na área adversária
Aos 16 minutos, após uma boa jogada coletiva de Portugal, João Cancelo foi à linha de fundo, fez uma finda e caiu na grande área da Polónia. Os jogadores portugueses ficaram a pedir grande penalidade, mas o árbitro Carlos Del Cerro estava em cima do lance e mandou seguir.
A figura: Bernardo Silva
O médio do Manchester City espalhou perfume pelos relvados polacos e não só esteve muito bem a definir jogo, como também ajudou João Cancelo nas subidas no lateral pelo corredor direito. Bernardo levou a equipa para a frente quando esta estava a perder, participou no golo do empate e marcou um terceiro num golo sensacional.
Os melhores:
André Silva
O avançado continua de pé quente neste início de temporada e já soma 9 golos em 15 encontro já realizados entre o Sevilha e a Seleção Nacional. Além de ter marcado o golo do empate, o avançado trabalhou muito e criou duas ocasiões flagrantes de golo.
João Cancelo
A transferência esta temporada para a Juventus está a fazer bem ao jovem lateral-direito formado nas escolas do Benfica, que tem melhorado significativamente nas tarefas defensivas. Foi muito importante nas incursões ofensivas e esteve presente nos lances de maior perigo da equipa lusa.
Rúben Neves
Está a tornar-se um senhor jogador. Depois de se afirmar como uma pedra fundamental do Wolverhampton, da Premier League, o médio formado no FC Porto vem cimentando a sua posição no onze de Portugal. O passe que fez para Rafa Silva no lance do segundo golo é uma coisa do outro mundo.
Rafa Silva
Escolha de última hora de Fernando Santos para o onze inicial devido a um problema intestinal de Bruma, o extremo fez questão de mostrar serviço ao selecionador. Esteve bem no encontro, principalmente na primeira parte. Na retina ficou o toque de classe com que ultrapassou o guarda-redes polaco no auto-golo do Glik - após assistência de Rúben Neves.
Os Piores:
Fabianski
Sczesny é o melhor guarda-redes da Polónia e o dono da baliza da Juventus, mas o selecionador Jerzy Brzeczek prefere apostar na experiência de Fabianski. O guardião de 33 anos ficou mal na fotografia segundo golo, ao permitir que Rafa Silva o ultrapassasse, e no lance do golo de Bernardo Silva, com a bola a passar entre as suas mãos.
Reações dos protagonistas:
Fernando Santos: "Foi um resultado justo para Portugal"
Jerzy Brzeczek: "Fomos abaixo com os golos de Portugal"
João Cancelo: "Cristiano ajuda-me a ser melhor jogador"
André Silva: "Não é renascimento nenhum"
Bernardo Silva: "Objetivo é ficar em primeiro neste grupo"
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