A Iniciativa Liberal pediu hoje ao governo para esclarecer que medidas foram tomadas antes dos distúrbios causados por adeptos de futebol na terça-feira em Guimarães e se as “óbvias insuficiências” das forças de segurança são pontuais ou estruturais.

Numa pergunta endereçada ao ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, e à ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, que tutela o Desporto, Ana Catarina Mendes, os liberais pedem um “cabal esclarecimento” perante “a gravidade dos factos”.

“Foram tomadas medidas adicionais e, em caso afirmativo, quais, para prevenir episódios como os que, infelizmente, vieram, de facto, a verificar-se?”, questiona a Iniciativa Liberal (IL).

O partido liderado por João Cotrim de Figueiredo pergunta também se “as óbvias insuficiências da abordagem das forças da ordem” aos desacatos “resultam de uma situação pontual ou de insuficiências estruturais da organização dos meios”.

Os liberais questionam ainda como é que duas centenas de adeptos organizados em autocarros chegaram a Guimarães “sem qualquer monitorização e/ou acompanhamento” e como é que percorreram o centro histórico de Guimarães “sem qualquer controlo, deixando um rasto de destruição”.

Na pergunta ao governo, a IL procura saber se existe fundamento nas “várias notícias” que apontam que “o Comando da PSP de Braga estava incontactável” e qual a veracidade da notícia que divulga que este comando disse ter-se tratado “apenas de um pequeno incidente”.

A IL questiona ainda se as unidades especiais da PSP que acompanham eventos desportivos ou a unidade de informações desportivas não estavam ativadas, se não existiu partilha de informações entre comandos e se existiram contactos e colaboração com a polícia croata.

Para os liberais, a situação ocorrida em Guimarães era “absolutamente expectável” pela presença de “conjuntos de adeptos considerados dos mais violentos da Europa, com um longo histórico de incidentes muito graves ao longo de vários anos, tendo a própria PSP alertado para o elevado risco associado a este evento”

Também o líder do CDS-PP, Nuno Melo, lamentou as “cenas de violência” que ocorreram em Guimarães, e questionou a atuação do governo, em concreto do Ministério da Administração Interna, exigindo “com urgência” um esclarecimento da tutela sobre o que falhou “na preparação e combate à violência”.

“Perante a mais do que previsível violência, o Estado demitiu-se de exercer a função soberana de proteger as pessoas e o património. Até agora não se ouviu uma palavra sobre o sucedido nem do senhor ministro da Administração Interna, nem do senhor primeiro-ministro. Mais grave, tudo se conjuga para que o governo tente agora encontrar 'bodes expiatórios', junto de quem terá menos culpa no sucedido, ou seja, as forças de segurança”, realça Nuno Melo.

O caso dos distúrbios causados na terça-feira em Guimarães por adeptos de futebol vai ser remetido para o Ministério Público por indícios da prática de crime de participação em motim, anunciou hoje o Governo.

Numa nota à comunicação social, o Ministério da Administração Interna (MAI) refere que "a identificação dos adeptos que na terça-feira causaram distúrbios na cidade de Guimarães vai ser remetida ao Ministério Público por indícios da prática de crime de participação em motim".

A PSP identificou 154 adeptos na sequência de queixas de distúrbios na noite de terça-feira no centro histórico de Guimarães, incluindo "arremesso de mobiliário de esplanadas e deflagração de artefactos pirotécnicos".

Segundo a nota do MAI, dos 154 adeptos identificados, 122 são croatas, 23 são portugueses e os restantes são de outras quatro nacionalidades.

De acordo com o MAI, que cita "diligências preliminares" da PSP, "há indícios de que os adeptos da equipa do Hajduk Split", apesar de terem sido acompanhados pela polícia croata, "organizaram a sua chegada" a Portugal "de forma a não serem detetados pelas autoridades", tendo os incidentes ocorridos em Guimarães sido "organizados com elevado grau de premeditação, com participação de membros de pelo menos um grupo organizado de adeptos nacional".

Os incidentes ocorreram na véspera do jogo entre o Vitória de Guimarães e o clube croata Hajduk Split para a segunda mão da terceira pré-eliminatória da Liga Conferência Europa.

O Vitória de Guimarães venceu hoje os croatas do Hajduk Split, por 1-0, mas foram eliminados da competição após a derrota na Croácia (3-1).

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