Segundo a direção demissionária, a medida foi tomada devido ao cancelamento de uma Assembleia Geral [AG], decretado pelo presidente do órgão, onde iria ser apresentado e votado o projeto de criação de uma SAD que iria gerir o futebol profissional.
“A direção [demissionária] do Varzim não aceita que, sem qualquer justificação válida e de uma forma prepotente, que, na sua opinião, configura uma clara situação de abuso de poder, tenha sido retirado aos sócios o direito soberano de decidir sobre o futuro do clube”, pode ler-se num comunicado publicado nas redes sociais do histórico emblema da Póvoa de Varzim.
Além da "demissão em bloco”, que foi hoje comunicada ao presidente da mesa da AG, os diretores cessantes lembraram que, desde 21 de dezembro de 2023, suspenderam o apoio financeiro ao clube que vinham a dar desde de que foram eleitos “com recurso ao seu património pessoal”.
A direção demissionária considerou, ainda, que a impossibilidade dos sócios manifestarem, nessa AG cancelada, a sua opinião sobre o futuro do Varzim "atira o clube para uma situação muito complexa”, desejando aos futuros responsáveis “as maiores felicidades” e prestando-se a dar apoio no período de transição.
O cancelamento da AG onde seria discutida e votada a criação de uma SAD, com entrada de investidores externos, foi tomada, em 08 de dezembro de 2023, depois de o presidente do órgão, Moura Gonçalves, apontar que não estava reunida toda informação sobre o processo.
“A direção não disponibilizou a totalidade da documentação relativa à sua proposta de transformação da Varzim SDUQ em SAD, ao mesmo tempo que subsistem fundadas dúvidas acerca da aptidão de documentos para evidenciar algumas das condições no negócio, designadamente no que se refere aos beneficiários efetivos e garantias”, salientou, na altura, em comunicado, o líder da AG do Varzim.
O dirigente considerou que “a falta de documentação instrutora da proposta (...) não permite que os associados do Varzim fiquem habilitados a decidir de modo suficientemente informado, esclarecido e ponderado, relativamente a uma matéria da maior relevância para a vida do clube”.
Antes, o Conselho Varzinista, órgão consultivo do Varzim, formado por antigos dirigentes, autarcas e outros sócios com participação na vida do clube, tinha dado, também, um parecer desfavorável aos contornos do negócio.
No comunicado de hoje, a direção demissionária disse não concordar com “os argumentos de falta de documentos e das dúvidas da aptidão de documentos para evidenciar algumas das condições do negócio”, garantindo que tinha, inclusive, adicionado um “parecer independente” de uma sociedade de advogados.
Os diretores cessantes criticaram ainda “o clima de desconfiança criado à volta da operação, tentando condicionar a opinião”, e falaram em "irresponsabilidade de quem não leu os documentos”, para classificarem de ilegal a decisão de cancelamento da AG.
O investidor interessado em adquirir a maioria do capital social de uma futura SAD do Varzim era o empresário brasileiro Ulisses Jorge, agente de jogadores, que gere a carreira, entre outros, do defesa central Éder Militão, que alinha no Real de Madrid.
Ulisses Jorge, que entretanto desistiu do negócio, comprometeu-se em pagar 4,2 milhões de euros para, até 2026, ficar com 53% do capital social da futura SAD.
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