A UEFA está a acompanhar o caso Negreira em Espanha e poderá tomar uma decisão muito em breve. O organismo europeu já tinha avisado a 23 de março que iria abrir uma investigação por "possível violação" dos seus regulamentos cometida pelo Barcelona, clube indiciado pela justiça espanhola por corrupção envolvendo o setor da arbitragem.
Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, falou do caso pela primeira vez. Numa entrevista esta segunda-feira do jornal esloveno 'Ekipa', o líder da UEFA disse que a situação é "uma das mais graves que já vi no futebol".
"É claro que não posso fazer comentários diretos a isto, por duas razões. Em primeiro lugar, porque temos um comité disciplinar independente. E, em segundo, porque não lidei com este assunto em detalhe. No entanto, posso dizer algo. Tanto quanto estou informado, a situação é extremamente grave. De tal maneira que, na minha opinião, é uma das mais graves que já vi no futebol, desde que estou envolvido", atirou.
Se em Espanha já nada poderá acontecer ao Barcelona a nível desportivo já que o caso prescreveu, o mesmo não de pode dizer a nível europeu.
"Ao nível do campeonato espanhol, é claro, o assunto já prescreveu, pelo que não pode ter consequências desportivas. No entanto, os procedimentos estão em curso, ao nível do trabalho do procurador civil espanhol. O mesmo se aplica à UEFA. Aqui, nada prescreveu", acrescentou Ceferin.
O Barcelona, líder destacado da Liga espanhola, vários antigos dirigentes e o ex-responsável da arbitragem José Negreira foram indiciados em 10 de março por corrupção, abuso de confiança e falsificação de registos comerciais, num caso que envolveu pagamentos avultados ao antigo árbitro.
O Ministério Público espanhol apresentou uma denúncia formal no Tribunal de Instrução número 1 de Barcelona contra o clube, enquanto pessoa jurídica, bem como contra os seus antigos presidentes Sandro Rosell (entre 2010 e 2014) e Josep Maria Bartomeu (entre 2014 e 2020).
O atual presidente dos catalães, Joan Laporta, disse que as acusações de corrupção que recaem sobre o clube vão ter uma resposta forte da atual direção, alegando que os catalães estão a ser “vítimas” de uma campanha de desestabilização.
O caso surge na sequência de investigações que o Ministério Público de Barcelona iniciou há cerca de um ano e que dão conta de que o antigo responsável da arbitragem espanhola recebeu, através de uma empresa, quase sete milhões de euros por alegada assessoria ao clube, entre 2001 e 2018.
Este caso, no qual o clube catalão é indiciado do crime de corrupção em negócios na forma continuada, vai ser apenso a um outro, resultado de uma denúncia apresentada nas últimas semanas pelo antigo árbitro e atual videoárbitro Estrada Fernández contra Negreira e a empresa Dasnil 95, por corrupção desportiva.
Alegadas irregularidades fiscais cometidas pela empresa de Negreira expuseram, em maio de 2022, os pagamentos recebidos pelo antigo vice-presidente da Comissão Técnica de Árbitros.
De acordo com a justiça espanhola, o Barcelona “manteve um acordo verbal estritamente confidencial” com José Negreira, de forma que este, “a troco de dinheiro, realizasse ações tendentes a favorecer o Barcelona na tomada de decisões dos árbitros” nos seus jogos.
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