O presidente da Liga espanhola de futebol, Javier Tebas, criticou hoje a ideia de uma Superliga Europeia, projeto que diz ter nascido “às cinco da manhã, num balcão de um bar, entre os clubes mais ricos”.
A posição de Javier Tebas, partilhada durante um debate sobre os Desafios das Ligas Europeias, em Vila Nova de Gaia, encontra eco no homólogo português, Pedro Proença, que considera que esta prova favorece “uma pequena elite e retira valor às ligas nacionais”.
Os presidentes das ligas ibéricas, numa parceria estabelecida já desde 2015, consideram que o investimento deve ser feito nos campeonatos nacionais, numa altura em que o paradigma do futebol está em mudança, e um dos caminhos apontados é a centralização das receitas televisivas.
Pedro Proença considera que uma maior equidade na repartição das receitas televisivas iria permitir aos clubes mais ricos continuar igualmente ricos, mas aos médios e pequenos a possibilidade de receber um pouco mais, diminuindo o fosso financeiro.
Só com uma liga forte e agregada, na negociação dos direitos televisivos, é que a marca Liga pode ser apetecível para investimento ao nível internacional, uma vez que, segundo Pedro Proença, as receitas nacionais já se encontram no limite da sua capacidade.
Os dirigentes criticaram o modelo de distribuição de dinheiros da UEFA, para os triénios 2018/19-2020/21 e 2021/22-2023/24, apelando a que seja “mais solidário” e considerando que o organismo não pode colocar em causa a sustentabilidade das ligas nacionais.
As ligas nacionais são as bases de sustentação das competições europeias (Liga dos Campeões e Liga Europa) e da própria UEFA, pelo que a tomada de qualquer decisão, refere Javier Tebas, “tem de ser ponderada, refletida e os seus efeitos estudados.
Em relação à concentração dos direitos televisivos na Liga Portuguesa de Futebol Profissional, a exemplo do que aconteceu em Espanha, questão que os clubes portugueses terão de analisar mais cedo ou mais tarde, Javier Tebas assegura que só será benéfico.
Tebas refere que o paradigma do futebol mudou, já não é o mesmo de há 15 anos, e a exemplo do que se verificou em Espanha, em que a Liga chamou a si a negociação dos contratos, Portugal também tem de seguir o mesmo caminho e tirar partido das sinergias ibéricas.
Numa liga forte, como a espanhola, com dois dos clubes mais ricos do mundo, Real Madrid e FC Barcelona, a renegociação dos direitos televisivos (pela La Liga) e a entrada em novos mercados, como o asiático, possibilitou um encaixe de mais de 60% de receitas.
Pedro Proença defende que, a exemplo da última renegociação individual das receitas televisivas, há dois anos, em que os valores duplicaram, uma negociação coletiva centralizada na Liga iria permitir otimizar ainda mais as receitas.
Para o dirigente, “o caminho está traçado e o futebol português tem de seguir a prática internacional”, neste caso “queimando etapas à custa das sinergias criadas com a experiência espanhola. Não é inventar a roda, é apenas seguir o que já está a ser feito”.
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