José Mourinho admitiu a culpa no diferendo que mantinha com o Fisco Espanhol e vai pagar 800 mil euros, evitando assim um julgamento. Escreve o diário 'El Mundo' na sua edição desta terça-feira que o técnico português vai pagar 800 mil euros de multa, depois da admissão do delito. Segundo o diário espanhol, que cita fontes próximas do fisco, o acordo já está fechado e falta apenas ser formalizado, permitindo ao atual técnico do Manchester United evitar uma eventual pena de prisão e resolver o caso, relacionado com a tributação dos direitos de imagem quando treinou o Real Madrid.
Com esta decisão, o técnico do Manchester United 'foge' à pena de prisão de 12 meses pedida pelas autoridades fiscais de Espanha. Os 800 mil euros dizem respeito aos impostos que devia pagar pelos valores recebidos em dois anos: 225 mil euros de impostos em 2011 e 236 mil euros em 2012.
O técnico incorria numa pena de prisão de um ano por defraudar o fisco espanhol em 3,3 milhões de euros. O valor diz respeito aos impostos de direitos de imagem que cobrou quando foi treinador do Real Madrid, entre 2010 e 2013.
Mourinho já tinha sido investigado pelas autoriudades tributárias espanholas por não ter declarado os valores da exploração dos seus direitos de imagem. Em 2015, o técnico chegou a um acordo com o fisco espanhol e pagou 4,4 milhões por via administrativa mas uma investigação do 'Football Leaks' encontrou novas irregularidades nos contratos de exploração dos direitos de Mourinho, que terá apresentado deliberadamente as declarações de 2011 e 2012 sem tributar os direitos de imagem.
Em novembro de 2017, Mourinho foi ouvido na justiça espanhola, que lhe comunicou que o seu procesos da alegada fuga ao fisco ia continuar aberto. Na altura o técnico defendia o fecho do processo, por entender que já tinha pago o dinheiro em falta.
Já “paguei” o que tinha de pagar” e agora “acabou”, defendeu Mourinho à saída da audiência, em declarações à agência Lusa.
Em 2013, “quando saí do Real Madrid fui informado de que a minha situação fiscal estava toda regularizada”, explicou Mourinho, acrescentando que dois anos depois foi “informado” do contrário e que “para a regularizar, tinha de pagar uma determinada quantia”.
“Foi o que fiz” em 2015, insistiu o treinador português, garantindo que agora “o processo está fechado”.
Esse não foi o entendimento da justiça espanhola, que manteve o processo de alegada fuga em aberto. A queixa foi apresentada em junho passado pelo Ministério Público espanhol, que calcula os montantes em falta em 3.304.670 euros, dos quais 1.611.537 relativos a 2011 e 1.693.133 referentes a 2012.
Escreve o 'El Mundo' que o fisco espanhol entendeu que "Mourinho, por forma a obter um benefício ilícito", apresentou as duas declarações de 2011 e 2012 sem mencionar os seus direitos de imagem. O técnico teria cedido esses mesmos direitos a sociedade Koper Services, S.A., com sede nas Ilhas Virgens britânicas, que, por sua vez,os cedeu a Multisports & Image Management Limited, uma entidade irlandesa. Foi graças a uma investigação do 'Football Leaks' que o fisco espanhol descobriu que Mourinho é o dono da Koper Services, S.A., através de uma sociedade instrumental da Nova Zelândia, a Kaitaia Trust, proprietária de Mourinho e da sua família: filhos e mulher.
Em julho de 2015, Mourinho reconheceu a falta da declaração de direitos de imagem e aceitou pagar uma coima de 1,14 milhões de euros, mas, para o fisco espanhol, o caso não ficou na altura totalmente resolvido.
*Artigo atualizado às 11h00
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