Futebol, futebol, e algum exercício. E sem tempo para séries na Netflix. É assim o confinamento de Julen Lopetegui, treinador do Sevilha. Em entrevista ao jornal 'Marca', o antigo técnico do FC Porto falou sobre as incertezas que rodeiam um possível regresso do futebol, assim que a pandemia de COVID-19 estiver controlada.
O ex-selecionador espanhol pede, no mínimo, cinco semanas de preparação antes de se voltar a jogar. O treinador espanhol deu o exemplo da NFL de 2011 para lembrar que um regresso precipitado pode colocar em causa a saúde dos jogadores.
"Todos os jogadores sentem vontade de voltar a jogar futebol mas há a preocupação sobre como vamos voltar. Creio que precisámos de, no mínimo, cinco semanas de preparação para podermos jogar de três em três dias, num cenário emocional difícil de entender e que nunca ninguém viveu. Não só por irmos jogar à porta fechada. Há um precedente: em 2011, a NFL [ndr liga de futebol norte-americano], esteve parada três meses devido a um problema laboral e quando voltaram a jogar, tiveram 12 jogadores com roturas do tendão de Aquiles no primeiro mês de competição, quando a média era de cinco por temporada", lembrou.
Julen Lopetegui recordou que quando os jogadores voltarem a jogar, "não será como o regresso após férias" e que "nem a mente nem a forma do jogador vão estar a 20 por cento de um regresso normal". Outro problema será a adaptação dos jogadores a um possível cenário de jogar sem público nas bancadas.
Na entrevista ao jornal 'Marca', o técnico do Sevilha sublinhou que foi possível ver, durante esta pandemia, que "os futebolistas não são os heróis desta sociedade, mas sim aqueles que arriscam as suas vidas diariamente como técnicos de saúde, enfermeiros, médicos, bombeiros, polícias, farmacêuticos,... pessoas que nos permitiram viver como se nada tivesse acontecido".
"A escala de valores da sociedade terá de se reajustar, a prioridade sobre as questões sociais devem ser diferentes. Oxalá encontremos uma sociedade melhor, mais solidária, mais sensível, capaz de valorizar mais o que temos, como dar um abraço, reunirmos com amigos e família", completou.
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