No meio de um furacão de especulação e rumores, Ronald Koeman tomou uma posição esta manhã, na habitual conferência de imprensa de antevisão ao encontro frente ao Cádiz, na próxima quinta-feira.

Contudo, em vez de responder às perguntas dos jornalistas, o neerlandês leu um comunicado onde aborda a situação atual do clube, abordando o impacto que as contas do clube têm na performance desportiva da equipa e pedindo paciência.

"O clube está, comigo como treinador, numa situação de reconstrução. A situação financeira do clube está ligada às prestações desportivas e vice-versa. Isso significa que nós, como plantel, temos de reconstruir a equipa de futebol sem puder fazer grandes investimentos financeiros. Isso precisa de tempo. Os jovens talentos de hoje podem chegar a ser as novas estrelas mundiais num par de anos. O bom de voltar a reconstruir a equipa é que os jovens jogadores terão oportunidades como um dia as tiveram Xavi e Iniesta. Mas pede-se paciência", disse.

Koeman voltou a abordar a derrota com o Bayern de Munique, afirmando que o resultado tem de ser visto com este processo de reconstrução em mente, admitindo até que "Ficar num lugar elevado da La Liga seria um êxito".

"O futebol europeu é uma boa escola para estes grandes talentos e na Liga dos Campeões não se podem esperar milagres. A derrota contra o Bayern de Munique da semana passada tem de ser vista nessa perspetiva", acrescentou.

O técnico mostrou-se contente pelo apoio dos adeptos no encontro com o Granada, mas pediu apoio incondicional ao projeto e ao processo que está a decorrer na equipa.

"O processo em que nós e a equipa nos encontramos merece apoio incondicional em palavras e ações. Apoiar a política técnica e o processo que estamos a realizar. Eu sei que a imprensa reconhece este processo. Não é a primeira vez na história do Barcelona que isto acontece. Contamos com o vosso apoio nestes tempos difíceis. Nós, como técnicos e como jogadores estamos muito felizes pelo grande apoio dos adeptos que tivemos no jogo em casa contra o Granada. 'Visca el Barça', obrigado por terem vindo", concluiu, abandonando a sala.

De acordo com o 'Mundo Deportivo', o comunicado é da autoria do próprio Koeman, que comunicou a intenção de o realizar aos capitães de equipa no treino desta manhã, antes de informar o departamento de comunicação do clube.

Já hoje, numa entrevista publicada numa revista dos Países Baixos, Koeman considerou que a saída do argentino Lionel Messi acabou por destapar os problemas que já existiam na equipa de futebol e no clube.

“Lionel Messi escondeu tudo. Ele fazia a diferença. Graças a eles, todos os jogadores pareciam melhores. São bons jogadores, mas com Messi pareciam melhores. A sua saída acabou por destapar os problemas da equipa. Esta não é uma crítica, é uma observação”, afirmou Ronald Koeman, em declarações à Voetbal International.

Após duas décadas no clube catalão, Messi não renovou contrato e, como jogador livre, rumou no início da temporada até ao Paris Saint-Germain.

Sem o avançado argentino, o FC Barcelona, próximo adversário do Benfica na Liga dos Campeões, está a ter um início de época bastante conturbado, ocupando o oitavo lugar do campeonato espanhol e tendo sofrido uma derrota caseira por 3-0 com o Bayern Munique no arranque da ‘Champions’.

“Não leio as críticas. Claro que também acho que perder contra o Bayern daquela forma não é muito bom. Mas, é preciso olhar para a realidade de uma forma sóbria. Sabia que a situação financeira do clube não era boa, mas não sabia que era tão má. O novo presidente, Joan Laporta, ficou tão surpreendido quanto eu”, disse o técnico holandês.

Mesmo assim, Koeman negou que esteja arrependido de ter deixado o comando da seleção dos Países Baixos antes do Euro2020 para ingressar no FC Barcelona e classificou de “normal” os rumores que apontam a sua saída do clube.

“Quando se está no FC Barcelona, é obrigatório ganhar. Não temos ganho muitos jogos, por isso é normal. Estou cá para ganhar, é só isso que tenho que fazer”, concluiu o antigo defesa central.

*Artigo atualizado às 14h03