A Justiça espanhola anunciou esta quinta-feira (30) que abriu uma investigação a Gerard Piqué por "possíveis ilegalidades" no contrato para levar a Supertaça de Espanha para a Arábia Saudita, que pode ter rendido uma comissão milionária à empresa do ex-central do Barcelona.

"Os fatos investigados (...) têm origem nas possíveis ilegalidades com transcendência penal na contratação de acordos" entre a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e a Arábia Saudita para a realização da Supertaça no país, informou um tribunal de Madrid, num auto ao qual a AFP teve acesso.

Nesses contratos foi incluída uma cláusula para "garantir o pagamento de uma comissão de 4 milhões de euros anuais à Kosmos", a empresa de Piqué, que mediou a operação entre RFEF e Arábia Saudita.

A investigação sobre Piqué decorre de um processo contra o ex-presidente da RFEF Luis Rubiales por suposta corrupção e supostos contratos irregulares durante o seu mandato, durante o qual foi assinado o acordo para transferir a Supertaça para a Arábia Saudita.

A magistrada de um tribunal de Majadahonda, perto de Madrid, que está à frente do processo, investiga Rubiales pela "suposta prática de um crime de administração desleal e outro crime de corrupção empresarial", segundo fontes judiciais.

Rubiales, que renunciou em setembro do ano passado após o escândalo do beijo forçado na jogadora Jenni Hermoso, negou qualquer irregularidade ao comparecer perante a juíza no final de abril.

Além do contrato da Supertaça, que rendeu cerca de 40 milhões de euros anuais para a RFEF, também estão sob suspeita as obras para reformar o estádio La Cartuja, em Sevilha, onde a seleção espanhola tem disputado muitos dos seus jogos.

Segundo Rubiales, a mudança da Supercopa da Espanha para a Arábia Saudita se deu porque era "a melhor oferta". O ex-presidente da RFEF também negou ter recebido comissões por isso e a possibilidade de Piqué ter recebido através da Kosmos.

Rubiales terá que comparecer ao tribunal mensalmente e deverá pedir autorização se quiser viajar para fora de Espanha, informaram fontes judiciais. O seu sucessor à frente da RFEF, Pedro Rocha, também está a ser investigado neste caso.