Mouctar Diakhaby recorreu às redes sociais para falar pela primeira vez sobre a acusação de racismo que fez a Juan Cala no decorrer do jogo do Valência frente ao Cádiz. O francês deu, através de um vídeo, a sua versão dos factos e lamentou a atitude de Cala.
“Em Cádiz, no domingo, há uma jogada em que um jogador me insulta e as suas palavras são ‘preto de m...’. Isso é intolerável e não posso consentir. Todos vocês viram a minha reação. Isso não pode acontecer na vida normal, nem no futebol, que é um desporto de respeito”, referiu Diakhaby, nas redes sociais.
O defesa francês adiantou ainda que, depois da equipa do Valência ter abandonado o jogo, um jogador do Cádiz lhes perguntou se regressavam ao relvado se Cala pedisse desculpa.
“Dissemos que não, que as coisas não são assim, que não se pode fazer algo e se desculpar e continuar tudo na mesma”, refere ainda Diakhaby, considerando que o insulto o magoou muito.
"Hoje sinto-me bem, mas doeu-me muito. É a vida, mas espero que a Liga espanhola consiga ter provas para que tudo fique claro e possa tomar ações. E quero agradecer ao Valência, aos meus companheiros, aos meus treinadores e aos adeptos pelo carinho e apoio que me deram. E quero dizer que estou bem. Obrigado", concluiu.
O jogador francês espera que a Liga espanhola esclareça a situação e agradeceu a solidariedade demonstrada pelos colegas e treinadores, bem como o apoio dos adeptos do seu clube, no qual alinham os portugueses Thierry Correia, Ferro e Gonçalo Guedes.
O Valência também já reagiu à conferência de imprensa de hoje, “lamentando profundamente as declarações” de Cala, considerando que o jogador do Cádiz “perdeu uma grande oportunidade de assumir o seu erro e pedir desculpa”.
“Após as ameaças de Juan Cala, o clube, o seu presidente, Anil Murthy, e o jogador Mouctar Diakhaby mantêm intacta a profunda convicção de lutar até onde for preciso pelo bem do futebol. O Valência não parará de lutar contra o racismo no futebol e na sociedade”, refere o clube.
O incidente ocorreu ao minuto 29 do encontro no Estádio Ramón Carranza, quando, na sequência de um livre a favor do Cádiz, Cala e Diakhaby trocaram argumentos dentro da área valenciana, levando, posteriormente, o central francês a percorrer meio-campo para interpelar o adversário.
Depois de os jogadores das duas equipas terem separado Cala e Diakhaby, o francês foi admoestado com um cartão amarelo e esteve alguns segundos a explicar ao árbitro o que tinha acontecido, antes de se retirar de campo, acompanhado por todos os jogadores ‘che’, entre os quais Thierry Correia e Gonçalo Guedes.
O encontro foi reatado após um interregno de cerca de 20 minutos, durante o qual o Valência alega que o árbitro David Medié Jiménez deu conta aos seus jogadores das implicações que um abandono acarretaria, mas a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) veio já hoje negar essa versão.
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