Em 1920, na cidade espanhola de Pamplona, nascia o Osasuna. 100 anos depois, o clube continua a identificar-se como um clube da terra e, apesar de nadar atualmente entre os tubarões da La Liga, mantém a ideia romântica de que o clube deve pertencer aos adeptos.

Na sequência do centenário do clube espanhol, o presidente do Osasuna, Luis Sabalza falou à comunicação social através de uma videoconferência da qual o SAPO Desporto fez parte e abordou os desejos para o clube, as dificuldades da pandemia e a gestão da SAD.

"Quando cheguei a presidente, em 2014, perguntaram-me qual seria o meu maior desejo para o Osasuna. Na altura disse que gostava que celebrássemos o 100º aniversário do clube na primeira divisão e que eu continuasse a ser o presidente. Os dois desejos concretizaram-se", começa por lembrar o dirigente do Osasuna.

Apesar da felicidade pelo centenário do clube, Sabalza recorda que o caminho não tem sido fácil. "Já passámos por momentos muito difíceis e nem sempre estivemos tão estáveis como agora, mas quando as raízes de um clube estão todas ligadas ao futebol a estabilidade é maior. Nunca quisemos e espero que nunca venhamos a querer ser apenas uma SAD porque somos muito ligados às pessoas e às raízes do clube e somos como um clube local", explica.

No seguimento desta ideia, o presidente do Osasuna esclarece ainda o modelo que rege atualmente o clube de Pamplona, um dos poucos a nível europeu que não é gerido por uma SAD. "Temos 20 mil membros que são donos do clube e são essas pessoas que decidem o que é preciso fazer. Não diretamente, mas através de uma assembleia geral, uma espécie de parlamento que conta com 4 mil desses membros. Além disso temos ainda um comité com cinco membros que gere as finanças do Osasuna", salienta Sabalza.

Mesmo assim, o dirigente admite que é complicado manter os valores do clube. "É difícil por estes dias, porque o futebol é um negócio, mas nós tentamos manter a essência do clube e dos adeptos. Desde o início que estamos a tentar sobreviver a esta situação", confessa.

Festejo dos jogadores do Osasuna
Festejo dos jogadores do Osasuna créditos: AFP OR LICENSORS

A ausência dos adeptos

Numa altura em que a pandemia continua a manter os adeptos longe dos estádios, Luis Sabalza diz que essa é mesmo a maior dificuldade da COVID-19.

"A principal repercussão da pandemia é o facto de os adeptos terem sido afastados do estádio. Para nós a presença dos adeptos é o mais importante e não necessariamente do ponto de vista financeiro, apesar de essa parte ser obviamente importante também. Mas sim pela parte de motivar os jogadores. Estamos a seguir o protocolo da La Liga, de forma bastante restrita, e ainda não tivemos jogadores infetados. O que só mostra que estamos a seguir o protocolo a 100%. Temos lutado com todos os nossos recursos para tentar colocar um ponto final nesta pandemia que tanto nos tem afetado", respondeu o dirigente, quando questionado pelo SAPO Desporto.

A ausência dos adeptos é ainda mais sentida nesta altura de aniversário. "Gostávamos de abrir o estádio para o 100º aniversário, mas um estádio é quase inútil sem os nossos adeptos. Toda a gente me diz que não há um estádio como o El Sadar quando se fala em aproveitar o futebol. Os nossos adeptos sentem o futebol e dão muita motivação aos jogadores. A pandemia tirou-nos isso, o que tem provocado um impacto negativo em alguns jogos. Estamos a tentar lidar e ultrapassar esta pandemia que nos tem afetado a todos, mas esperamos que os adeptos possam regressar em breve", refere.

Luis Sabalza destaca ainda que, 100 anos depois do nascimento, o Osasuna procura evoluir e ganhar reconhecimento fora de Espanha. Mas admite que o modelo do clube faz com que esta seja uma batalha de "David contra Golias como diz na bíblia."

Apesar de tudo, o presidente dos 'rojillos' lembra que o mais importante é a vontade dos donos do clube. "Nós temos uma ideia muito romântica em torno do nosso clube. Queremos que o nosso clube seja aquilo que os membros querem. Não é tudo sobre ganhar jogos, apesar de ganhar ser muito importante e de nós querermos regressar às vitórias o mais rapidamente possível", remata Luis Sabalza.

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