A direção presidida por Josep Maria Bartomeu incorreu em “condutas criminosas gravíssimas”, que podem ter lesado o FC Barcelona em 30 milhões de euros, indica a auditoria forense apresentada hoje por Joan Laporta, atual presidente do clube espanhol.

A investigação interna à situação económica dos catalães detetou “pagamentos desproporcionados, injustificados ou com justificação falsa”, assinalando que a direção anterior terá incorrido em crimes de falsificação, administração danosa e apropriação ilegítima, entre outros.

Laporta informou que a auditoria forense “não exclui a possibilidade de enriquecimento ilícito dos autores materiais das condutas criminosas” e que os atuais responsáveis do FC Barcelona já deram conhecimento das suas descobertas à justiça espanhola.

“Fizemos isto porque os sócios têm o direito de conhecer as condutas das pessoas que conduziram o clube a uma situação de ruína económica e porque não queremos ser cúmplices com tudo o que se passou”, explicou Laporta.

A auditoria forense, mais exaustiva, foi encomendada pela direção do ‘Barça’ depois de uma auditoria inicial ter detetado “a existência de operações de duvidosa racionalidade económica”, que evidenciaram “uma conduta desleal relativamente à administração do património do clube”.

“Não se trata de julgar ninguém, mas de remeter às autoridades judiciais uma série de condutas criminosas gravíssimas, que não têm sustentação sob nenhum ponto de vista jurídico ou económico. Estamos a falar de valores milionários”, reforçou Jaume Campaner, advogado do clube, especialista em direito penal.

Campaner disse que a investigação detetou “o pagamento de comissões até 33%, quando a prática do mercado se situava em cerca de 5%” e a existência de empresas “que foram criadas praticamente para faturar em exclusivo ao FC Barcelona”.

“Há um caso em que se pagaram comissões de 10 milhões de euros [ME] a terceiros, com um contrato celebrado muito depois da data da transferência”, adiantou Campaner, revelando ainda o pagamento de 1,7 ME a um escritório de advogados por uma operação sem complexidade.

A auditoria apresentada hoje em Camp Nou demonstrou também que o FC Barcelona perdeu mais de 600 ME nas últimas duas épocas, mas que apenas 135 ME podem ser atribuídos aos efeitos da pandemia de covid-19.

Laporta, que já tinha presidido o clube espanhol entre 2003 e 2010, foi de novo eleito presidente do FC Barcelona em março de 2021, sucedendo a Bartomeu, que se demitiu em outubro de 2020, na sequência da contestação motivada pelo processo ‘Barçagate’, uma campanha difamatória contra opositores da sua direção.